E o escárnio venceu o cinismo: as frases que marcaram uma semana histórica para o Brasil

Uma delação involuntária e nada premiada, Moro e Levy pregando no deserto e um cenário desolador compuseram a semana brasileira em que o "imponderável" predominou mais uma vez

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Quem esperava que esta semana seria de calmaria para a Bovespa, enganou-se (e muito). O “imponderável” voltou a agir, com a deflagração da 21ª fase da Operação Lava Jato, chamada “Passe Livre”. 

Para quem pensou que o ápice da semana foi a prisão de José Carlos Bumlai, mais conhecido como o “empresário amigo de Lula”, a semana foi de enganos também. Na quarta-feira, o sócio e então presidente do BTG Pactual André Esteves e o senador Delcídio do Amaral foram presos. Foi a primeira vez que um senador em exercício foi preso no Brasil. 

Assim como a semana foi bastante agitada, as frases também foram bem marcantes. Confira abaixo as declarações que marcaram a semana:

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Uma delação involuntária (e nada premiada)

“Ele [André Esteves] disse não Delcídio, não tem problema nenhum, oh, eu tô interessado, eu preciso resolver isso, oh, o meu banco é enorme se eu tiver problema com o meu banco eu tô fudido, só para (distoriar) vai que você não conhece essa estória, oh eu quero ajudar, quero atender o advogado, quero atender a família, ajudo, sou companheiro, pá pá”

Agora, agora, Edson e Bernardo, é eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada , e eu vou conversar com o Gilmar também”

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“Apenas dei essa palavra de conforto vendo o desespero do filho de um dos presos. Ele (Bernardo) se apresentou a mim pedindo ajuda. Eu disse que ia ajudar e tentar interceder, mas isso foi apenas uma questão humanitária, para confortar o familiar do réu preso da Lava Jato”

Delcídio Amaral (PT-MS), que foi preso na última quarta-feira no âmbito da Operação Lava Jato, negando  ter tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e afirmando que falou que iria ajudar o ex-diretor da Petrobras a fugir “apenas por uma questão humanitária”

 “O PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”
Rui Falcão, presidente do PT, em nota em que se disse  “perplexo” com os fatos que levaram à prisão do senador Delcídio.  Segundo ele, as ações do senador não têm relação com o partido.

“Foi uma grande burrada, ou alguma palavra parecida”
Um dos participantes de almoço da CUT, ao falar sobre o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria dito sobre a tentativa de Delcídio de barrar as investigações da Lava Jato  

 “Prenderam um senador da República e o senador disse o que disse, uma coisa muito louca”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, sobre a prisão de Delcídio do Amaral 

“Não conversamos nada sobre a decisão do Senado. Minha preocupação é com o estado de saúde do senador, que tem problemas digestivos que podem ficar acentuados pela tensão pela qual ele passa. Levei comida, café, roupas de cama e o livro A Origem do Estado Islâmico, do jornalista [irlandês] Patrick Cockburn”
Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, em entrevista à Agência Brasil 

Enquanto isso, no BTG…

“Estamos tristes com a prisão de André Esteves”

“Continuamos executando o BTG como sempre fizemos”

Pérsio Arida, presidente interino do BTG após a prisão de Esteves, em dois momentos. A primeira frase foi dita em um seminário do banco e a segunda, em carta a clientes da instituição

Outras vozes

“Quando jogava na Europa, tive conta no BSI, só não sei o ano”
Romário, ex-jogador e senador pelo PSB-RJ, em entrevista ao jornal O Globo 

“Novembro ainda não acabou, quem sabe segunda-feira? Não estou ainda inadimplente, você pode cobrar a partir de segunda”
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, ao ser lembrado que ele prometeu despachar os pedidos até o final de novembro

Pregando no deserto 

 “Operação (Lava Jato) é uma voz pregando no deserto”
Sérgio Moro, juiz federal responsável pela Lava Jato. Segundo ele, a Operação, que ainda está em andamento, mostrou “indícios de corrupção sistêmica, profunda e penetrante no âmbito da administração pública” do país e, apesar disso, de acordo com Sérgio Moro, não houve respostas “institucionais” diante da insatisfação popular contra a corrupção.

“Vejo com preocupação a postergação de ações indispensáveis para a política econômica, senão teremos mais um ano difícil à frente. Meu compromisso é com a retomada do crescimento, com a política econômica. O folhetim não me interessa muito”
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele defendeu o ajuste fiscal, mas disse que um de seus maiores arrependimentos é não ter dado ênfase suficiente às políticas voltadas ao crescimento.  

Decisão histórica

“Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil” 
Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao votar ela validação da decisão do ministro Teori Zavascki, que decretou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e do controlador do Banco BTG, André Esteves

“Quem transgride tais mandamentos, não importando sua posição estamental, se patrícios ou plebeus, governantes ou governados, expõem-se à severidade das leis penais e, por tais atos, devem ser punidos exemplarmente na forma da lei. Imunidade parlamentar não constitui manto protetor de supostos comportamentos criminosos”
Celso de Mello, ministro mais antigo do STF, ao declarar que ninguém está acima de lei 

E a economia?

“O governo tem tentado construir uma democracia social europeia no terceiro mundo. Os números não batem”

“Terá que haver uma crise mais profunda antes da população aceitar cortes em gastos sociais”

Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset, para o New York Times, em que mostrou pessimismo com o Brasil e destacou maior foco para o exterior

Diferentes visões

“Antes de criticar Dilma, se coloquem no lugar dela”
Lula, ex-presidente, em Valente, sertão da Bahia

“Economia do Brasil está sendo assassinada por causa do PT”
revista Forbes, afirmando que o Brasil tem gerado apenas notícias negativas e Dilma precisa fazer com que a economia volte a crescer se quiser salvar sua vida política e a do seu partido

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.