Governo já tem um “ingrato” plano B para caso de fracasso de MPs do ajuste

O governo está fazendo "todo o possível", cedendo aos apelos dos parlamentares, mas quer se preparar para o que considera o pior cenário

Estadão Conteúdo

Publicidade

O assunto é negado no Palácio do Planalto e na equipe econômica, mas o governo Dilma Rousseff já começa a preparar um ingrato plano B caso as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que fazem parte do ajuste fiscal, não sejam aprovadas nesta semana pelo Senado Federal. Faltam 8 dias para essas MPs perderem a validade.

Com as medidas provisórias, o governo espera poupar quase R$ 14 bilhões em gastos públicos com programas como seguro-desemprego e pensões por morte neste ano. Sem elas, o governo terá que buscar alternativas para encontrar os mesmos R$ 14 bilhões e se aproximar da meta fiscal.

O plano B ainda não foi tratado em nenhuma reunião de negociação política envolvendo o vice-presidente Michel Temer e líderes no Congresso Nacional. O objetivo é justamente, segundo um auxiliar presidencial, não passar a impressão de que o governo deixou de contar com a aprovação das MPs no Senado.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O governo está fazendo “todo o possível”, cedendo aos apelos dos parlamentares, mas quer se preparar para o que considera o pior cenário.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, prepara mais elevações de impostos. A pasta estuda aumentar outras modalidades do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o PIS/Cofins (que incide sobre o faturamento das empresas) e, como revelou a coluna “Direto da Fonte” de Sônia Racy, a extinção do benefício fiscal Juros sobre Capital Próprio (JCP), criado em 1995 para reduzir a carga de tributos sobre empresas e bancos de capital aberto. O governo estima perder R$ 14 bilhões por ano com a JCP e sua extinção ajudaria as contas públicas.

A lógica de Levy é que um corte maior de gastos serviria para complementar as perdas com atenuações nas restrições aos programas trabalhistas e previdenciários previstas nas medidas provisórias. Levy também entende que uma retenção maior dos gastos seria uma alternativa melhor ao aumento de impostos, que retiram recursos do setor produtivo privado.

Continua depois da publicidade

A frustração das medidas provisórias no Congresso vai provocar aumentos de gastos neste ano e o governo deixou isso claro na programação orçamentária anunciada na sexta-feira.

O governo reduziu em R$ 5 bilhões a previsão de gastos com os programas seguro-desemprego e abono salarial. Essa redução está baseada na aprovação da MP 665 pelo Senado Federal. Se os senadores não seguirem a torcida do Planalto, a MP perderá validade e, como os programas constituem gastos obrigatórios, a volta das regras antigas forçará uma indesejada “judicialização” nos Tribunais Regionais de Trabalho, além do aumento de gastos decorrente do retorno automático para as regras mais “benevolentes”.

No governo, a visão é a de que as MPs têm um “peso simbólico” para o ajuste fiscal por representarem a menor parte. Mas o peso simbólico delas se explica pelo fato de o governo mexer com sua própria base social e política, ao restringir benefícios trabalhistas e previdenciários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.