Analista defende tese sobre “O Fim do Brasil” em evento que reunirá time de peso na 2ª

Em entrevista ao portal InfoMoney, o analista da Empiricus Felipe Miranda fala sobre a sua tese; evento realizado na 2ª feira contará com nomes como Eduardo Giannetti, Mansueto Almeida e Marcos Lisboa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “O fim do Brasil”. Esta é a tese polêmica que o analista da Empiricus, Felipe Miranda, realizou, declarando que o crescimento econômico nacional está seriamente ameaçado pelo atual modelo de governo. E, em evento a ser realizado na próxima segunda-feira (18) e que contará com a presença dos economistas Eduardo Giannetti da Fonseca, Mansueto Almeida e Marcos Lisboa para comentar o atual cenário econômico e quais as perspectivas para o País. 

Vale ressaltar que Eduardo Giannetti da Fonseca é um dos nomes que estava assessorando economicamente a equipe de Eduardo Campos para a candidatura à presidência. Campos faleceu na última quarta-feira (13) em decorrência de um desastre aéreo.

Já Mansueto Almeida é um dos nomes de destaque da equipe de Aécio Neves. Um dos grandes especialistas em política fiscal do Brasil, Mansueto Almeida é formado em economia pela Universidade Federal do Ceará, mestre em economia pela USP (Universidade de São Paulo)  e doutorando em Políticas Públicas pelo MIT (Massachussets Institute of Technology). “Da nova geração de economistas proeminentes, Mansueto é talvez exemplo mais destacado. Representa possivelmente uma das pessoas mais competentes para entender e endereçar o gravíssimo problema das contas públicas brasileiras. Ouvi-lo no momento  parece bastante oportuno”, afirma Miranda.

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Já Marcos Lisboa é visto por Miranda como uma figura que falta ao governo, de forma a realizar as grandes reformas microeconômicas que o Brasil tanto necessita. Lisboa é doutor em Economia pela Universidade da Pensilvânia (EUA) e concluiu o mestrado e a graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O economista Nelson Barbosa, ligado à candidatura de Dilma Rousseff, também foi convidado para o evento, mas não poderá participar por motivos de agenda. 

“O evento representará uma troca de ideias entre os economistas Eduardo Giannetti, Mansueto de Almeida e Marcos Lisboa. É mesmo um timaço”, ressalta Miranda. Além disso, afirma o analista, ele fará uma breve exposição de 15 minutos sobre a tese associada ao Fim do Brasil, com intuito de esclarecer certos pontos e apresentar novas ideias. 

O Fim do Brasil
Vale ressaltar que a publicação do estudo “O Fim do Brasil”, em que mostra dez erros da política econômica atual e que estão acabando com o “tripé econômico”, baseado em taxa de câmbio flutuante, política fiscal austera e metas de inflação, foi alvo de uma representação do PT no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A representação levou à retirada da divulgação das propagandas da Empiricus no Google, mas não determinou a retirada da divulgação do relatório “O Fim do Brasil”: “não podem censurar a minha cabeça”, afirmou. 

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Segundo Miranda, a atuação do governo tanto nos casos da Empiricus como do Santander deve ter consequências bastante graves sobre análise dos bancos sobre a economia brasileira. Neste sentido, aponta, a casa de research pode levar vantagem, uma vez que sempre foi uma casa de análise independente e sem conflito de interesses e que suas análises não devem ser abaladas pelo episódio. 

O analista ressalta o pessimismo com o Brasil exemplicando a situação brasileira em três fases. A primeira, antes de 1994, seria a pré-história da economia, com uma inflação que superava os 80% ao mês, o que corroía fortemente o poder de compra do consumidor. Para dirimir esse movimento, havia um novo plano econômico por ano, o que levava a uma mudança de regras do jogo a todo momento.

Após 1994, com o Plano Real, nasceu um novo Brasil, destaca Miranda, levando à estabilização da inflação, o aumento da confiança no modelo econômico brasileiro e assim propiciou um ambiente de mais investimentos. O movimento continuou em 1999, com a criação do tripé econômico, composto por regime de metas fiscais, de inflação e pelo câmbio flutuante.

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Porém, a partir de 2009, com a justificativa de se recuperar da crise de 2008, que culminou com a quebra do Lehman Brothers nos EUA, o governo acabou por criar uma nova matriz econômica. Segundo Miranda, essa medida acabou levando ao aumento dos gastos públicos, maior intervenção do Estado na economia, controle de preços, aumento da participação do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), além de atuações pesadas no mercado de câmbio. Com isso, “os três pontos do tripé estão sendo violados”, afirma, o que leva a esse “movimento de crescimento baixo da economia associado a uma inflação resiliente”, o chamado 7 a 1. 

Em meio a esses desafios, aponta Miranda, o Brasil está no movimento contrário do Plano Real, passando por um processo de “argentinização”. E, em 2015, o processo pode ser ainda mais tenso, uma vez que o Brasil terá que aumentar as suas tarifas reguladas e ainda ter que lidar com o aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve, o que torna a situação econômica ainda mais complicada. 

Para mudar esse quadro, Miranda aponta que muitas coisas devem ser feitas. Em primeiro lugar, resgatar a confiança na moeda brasileira, através de um aumento da taxa de juros, que levaria a inflação para baixo. “Isso sinalizaria que acabou essa bobagem de controlar as taxas de retorno dos investimentos, o que levaria a uma recuperação do investimento e poderia levar a queda das taxas de juros longas, mesmo com uma alta dos vencimentos mais curtos”. Ao mesmo tempo, uma ideia auxiliar é a independência do Banco Central, que traria maior segurança sobre a atuação do Banco Central. Fazer as reformas vistas como tradicionais e se aproximar do setor privado seria um ponto positivo para o governo. 

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Alguma coisa muda em caso de 2º mandato?
Miranda reforça não acreditar em uma virada nas políticas econômicas caso Dilma se reeleja, uma vez que ela e o PT acreditam muito na nova matriz econômica. “Ela pode ser ainda mais radical em um segundo mandato”, avalia, ressaltando que o Brasil passa por um processo de “argentinização”.

“A Dilma pode ser ainda mais radical já que ela acha que o governo é muito mais apto para captar recursos do que o setor privado. Porém, o governo é menos eficiente. A remuneração do capital tem que acontecer através do risco que os investidores tomam em um negócio”, mexendo com o espírito animal do investidor. E reforça que as medidas tomadas pelo governo para ajudar a economia e determinados setores não deram certo: “o Brasil Maior, programa para aumentar a produtividade da indústria, não atingiu nenhuma de suas metas”. 

E nem mesmo novos nomes da área econômica podem mudar isso. No caso de Dilma, que conta entre os seus nomes Nelson Barbosa. Ele deixou o cargo de secretário executivo da fazenda em junho de 2013, em meio a um possível atrito com Guido Mantega – apesar do comunicado oficial destacar que foram por motivos pessoais. Ele seria um dos nomes para resgatar a confiança do governo. 

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“Barbosa é um nome mais competente que Mantega, mas acho que não terá forças para fazer uma virada, uma vez que o governo acredita em sua matriz econômica”, afirma. 

E, com ou sem oposição vencendo, o ano de 2015 não será nada brilhante mas, dependendo de quem ganhar, poderá levar a instituição de uma nova agenda de reformas, de forma a recuperar a confiança. Mesmo que haja um quadro de ainda mais deterioração caso ocorra um reajuste dos preços administrados e uma queda nos gastos, “é necessário dar um passo para trás para dar outras dois para frente”. 

Atualmente, o cenário é de deterioração, ainda mais levando em conta que a crença do PT de que é possível conviver com um pouco de inflação. Na verdade, avalia Miranda, a inflação é a que mais prejudica a classe mais baixa. E até mesmo o emprego, uma das bandeiras da atual presidente, está se deteriorando, como mostra os últimos dois dados do Caged. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.