PMDB saiu, como a Bolsa queria. Mas e agora, quais os próximos “upsides” do Ibovespa?

O primeiro pode ser mais partidos deixando a base aliada, o que, apesar de não ter um impacto tão forte quanto o PMDB, vai reforçar ainda mais a falta de apoio que Dilma tem

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após algumas semanas de expectativa, nesta terça-feira (29) o PMDB finalmente confirmou sua saída da base aliada do governo. Este foi um tema que mexeu muito com o mercado, sendo considerado mais um bom motivo para os movimentos de alta recentes da Bolsa. Mas agora que foi oficializado que o partido não faz mais parte da base de Dilma, quais serão os próximos “gatilhos” para altas do Ibovespa?

O primeiro passo pode ser a notícia de mais partidos deixando a base aliada, o que, apesar de não ter um impacto tão forte quanto a saída do PMDB, vai reforçar cada vez mais a falta de apoio que Dilma tem, deixando-a mais próxima do impeachment. Segundo um gestor que não quis se identificar, cada apoio que a presidente perder, cada situação que se complicar mais (saída de ministros ou novas notícias da Lava Jato) devem animar o mercado.

Já Cassiano Leme, gestor da Constância Asset, destaca que o impeachment ainda não está inteiramente no preço do mercado. “O que pode causar uma reação mais forte nos preços é como vai se constituir o governo Temer. Se for um governo mais enxuto, ágil e capaz de atacar questões de fundo estrutural podemos ter uma reação bastante positiva”, afirma.

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Outro ponto que alguns analistas destacaram é ver qual seria a equipe que um possível governo de Michel Temer teria. Um dos nomes que mais tem sido citado e que, de cara, já empolga os investidores é o de Henrique Meirelles, que poderia ser o novo ministro da Fazenda em uma possível troca de governo. Tudo isso precisaria levar a um choque de expectativas na economia, que poderia levar o País a começar a mudar.

Leme destaca o bom cenário visto pelo mercado diante do Plano Ponte para o Futuro, que é mais liberal e que seria a base de um governo Temer. “Se ele não conseguir apoio suficiente, seja pela Lava Jato ou por falta de apoio dos partidos, podemos voltar a um clima ruim”, afirma. “Há uma melhora em uma mudança de governo porque as manifestações do Temer foram positivas. O risco é o marasmo”, completa o gestor.

Neste cenário, é importante ficar atento ao apoio político que o peemedebista teria. “Há um certo consenso entre os bons economistas do que precisa ser feito, o que não existe é um consenso político de como viabilizar determinados tipos de mudança. Se ele conseguir formar um governo de união nacional, isso vai ser muito bom”, afirma Leme.

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Em geral, não existem muito mais pontos para acontecer antes de um eventual impeachment: Dilma segue perdendo apoio e a chance do processo andar da Câmara e Senado é cada vez maior. Porém, após uma euforia inicial, o mercado passaria a analisar como se daria o governo de Temer, que precisa mostrar as mudanças necessárias e ter apoio suficiente.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.