Piora da crise hídrica tende a pesar sobre Cesp e Energisa; Alupar e Omega estão entre nomes mais resilientes, diz Credit Suisse

O banco destaca ainda que setores que fazem uso intenso de eletricidade também podem ser impactados pelos altos custos de energia

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Em meio à piora das condições hídricas no país, investidores têm demonstrado maior preocupação com o setor de energia na Bolsa. Isso porque as fontes hídricas têm uma participação relevante no sistema elétrico brasileiro, de quase 70%.

Com a deterioração do cenário, investidores viram suas atenções para a relação de oferta e demanda para 2022, que pode ser comprometida caso não haja uma melhora na situação hidrológica na próxima estação chuvosa (de outubro a abril), de forma a garantir um equilíbrio e suportar o maior consumo esperado para o verão no país.

Neste cenário, o Credit Suisse vê a Cesp (CESP6) como a companhia mais afetada pela crise, dada sua alta exposição às fontes hídricas.

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Outras empresas que possuem um portfólio mais diversificado, contudo, tendem a ser mais resilientes no período de seca.

É o caso da Omega Geração (OMGE3), que tende a não ser impactada e pode até se beneficiar, na avaliação do banco, de uma maior produção eólica com preços à vista mais elevados.

Com relação ao segmento de distribuição de energia, as medidas para reduzir o consumo, como um programa de racionamento, resultaria em uma redução dos volumes totais, como uma resposta às tarifas mais altas, escrevem os analistas.

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Neste cenário, apesar de companhias como Energisa (ENGI11) serem afetadas, dada sua alta exposição ao segmento de distribuição – cerca de 97% do seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) –, o banco vê possíveis revisões tarifárias e o ambiente regulatório como importantes “colhões” para o fluxo de caixa no longo prazo.

Já Equatorial (EQTL3) e Alupar (ALUP11) devem se beneficiar da exposição ao segmento de transmissão (que não é afetado), reduzindo a elasticidade ao consumo de energia, destaca o Credit Suisse.

Segundo o banco, caso um racionamento seja anunciado, o impacto do GSF (medida de risco hidrológico) pode ser limitado, com níveis de contratos mais baixos e maiores vendas à vista; e as distribuidoras poderiam ter um reequilíbrio nas tarifas.

Ainda segundo o Credit, não são apenas as empresas do setor de energia que devem ser impactadas negativamente pela falta de chuvas, como também, aquelas que fazem uso intenso de eletricidade, mas não são autossuficientes em energia, e podem ser prejudicadas pelos altos custos de energia.

Contas de luz mais caras

Cabe ressaltar que, em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,89% ante julho – acima da alta de 0,82% esperada por economistas consultados pela Refinitiv e o maior resultado para um mês de agosto desde 2002.

A grande vilã do resultado foi justamente a energia elétrica, que teve aumento de 5% e foi responsável por 0,23 ponto percentual no índice do mês.

Em meio à crise hídrica, a bandeira 2 na conta de energia da população brasileira já é uma realidade. Em julho, a Aneel aprovou um aumento de 52% na taxa da bandeira vermelha 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh.

Agora, contudo, o mercado espera um novo aumento na taxa extra da conta de luz em setembro, de forma a bancar medidas contra o racionamento de energia elétrica.

Para a XP, a elevação deve ser dos atuais R$ 9,49 para R$ 11,50, em setembro, o que resultaria em um aumento de 12 pontos-base no IPCA.

Se o reajuste for entre R$ 15 e R$ 20, como estimado pela mídia, o impacto resultante ficaria entre 36 bps e 70 bps. Já no caso limite, que é tido como improvável, o impacto seria de 100 bps para R$ 25 a cada 100 kWh.

O reajuste oficial da taxa extra deve ser divulgado pela Aneel na próxima terça-feira (31).

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou um decreto que determina a redução do consumo de energia elétrica nos meses de setembro de 2021 a abril de 2022, por parte da administração direta, autárquica e fundacional.

Segundo o texto, os órgãos públicos terão que reduzir o consumo de 10% a 20%; a medida não vale para as estatais.

Na avaliação da XP, ainda que o impacto seja pequeno, a medida sinaliza uma preocupação ainda maior diante do cenário de crise hídrica, apesar de o ministro de Minas e Energia negar o risco de racionamento.

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