PIB dos EUA supera ambiente de incertezas, mas não é definitivo

Apesar do avanço na economia norte-americana, analistas apontam fragilidade no consumo das famílias

Edilaine Felix

Publicidade

SÃO PAULO – O Departamento de Comércio dos EUA divulgou nesta quinta-feira (27) que a economia norte-americana avançou 2,5% no terceiro trimestre de 2011, surpreendendo positivamente as expectativas do mercado. No entanto, para os economistas do Bank of America Merrill Lynch, Michelle Meyer e Ethans S. Harris, ainda há razões para cautela sobre o crescimento no próximo ano, uma vez que o rendimento disponível caiu no terceiro trimestre.

Além disso, eles apontam que a economia provavelmente será atingida por um aperto fiscal causando incertezas políticas no próximo ano, “o que acreditamos que irá minar o crescimento”.

Ambiente de incertezas
Os consultores da LCA também avaliam que apesar da economia norte-americana estar superando o ambiente de incertezas, os resultados do PIB não alteram a perspectiva da consultoria de que a maior economia do mundo seguirá um “crescimento limitado e irregular neste quarto trimestre de 2011, e provavelmente, também no trimestre inicial de 2012”.

Continua depois da publicidade

De acordo com a LCA, a aceleração mostrou fragilidade, sobretudo no que se refere ao consumo das famílias, devido ao cenário político do país, que tende a colocar a confiança de consumidores e empresários em cheque. Vale mencionar que os indicadores de confiança recuaram no mês de outubro, atingindo níveis próximos ao da crise financeira de 2008.

O aumento no consumo das famílias norte-americanas também foi surpreendente para o economista-chefe da Fator Corretora, José Francisco Gonçalves. Segundo ele, o grande destaque do PIB foi a alta dos gastos com consumo pessoal, que avançou 2,4%, porém lembra que a renda americana não avançou da mesma forma no período e o desemprego continua como uma das maiores preocupações das autoridades, “o que pode trazer riscos para a evolução do consumo nos próximos meses”.

Recuperação
Na visão do analista da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, a dependência do crescimento americano ao consumo (mais de 70% do PIB) faz com que a recuperação do mercado de trabalho seja um dos eventos de maior relevância dos efeitos da crise. “Deste modo, a melhora na criação de postos de trabalho é um adendo importante para o terceiro trimestre deste ano”.

Continua depois da publicidade

Por fim, os consultores da LCA, avaliam que o crescimento do PIB dos EUA tornará a recuar para um ritmo anualizado inferior a 2% nos próximos trimestres. No entanto, enfatizam que a evolução em investimentos não residenciais poderá demandar algum ajuste para cima em suas projeções.