PetroReconcavo cai quase 7% e puxa 3R para baixo, mas por que analistas seguem otimistas?

Analistas veem 2024 melhor e ainda apontam que atenções ficarão voltadas para desdobramento das operações para junção de ativos onshore com 3R

Lara Rizério

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A reação do mercado ao resultado de uma das primeiras empresas “junior oil” do quarto trimestre de 2023 (4T23) não foi positiva. As ações da PetroReconcavo (RECV3) caíram 6,91%, a R$ 21,43, após a petroleira divulgar números abaixo do esperado. Contudo, analistas também veem a companhia como um período de transição.

A XP ressalta que a companhia reportou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ex-hedge de R$ 313 milhões, 20% abaixo das suas projeções e 17% menor do que o consenso, além de baixa de 30% frente o 3T23.

De acordo com a empresa, os problemas de escoamento e restrição de produção no Rio Grande do Norte resultaram em um efeito total estimado de R$ 171 milhões de perda de Ebitda.

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O fluxo de caixa livre foi negativo em cerca de R$ 100 milhões; contudo, se excluído o valor a pagar por aquisições, seria próximo de zero.

O Bradesco BBI também destaca o Ebitda abaixo do esperado, com a redução sequencial relacionada, principalmente, às paradas de manutenção no ativo Polo Potiguar (controlado pela 3R), que incluíram uma parada de 25 dias na unidade de processamento de gás UPGN Guamaré que processa o gás natural produzido pela Petroreconcavo em seu ativo Potiguar e uma parada de 14 dias no Refinaria Clara Camarão, que é o principal comprador da produção de petróleo bruto da empresa do ativo Potiguar. Cabe destacar que a ação da 3R (RRRP3) também teve queda na sessão, com baixa de cerca de 4,50% (R$ 26,98).

Em termos de produção, a paralisação causou impacto para a Petroreconcavo de R$ 171 milhões no Ebitda que inclui R$ 128 milhões em receitas perdidas e R$ 43 milhões em custos extraordinários.

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“Assim, sem o impacto das paralisações, o Ebitda estaria mais próximo de R$ 418 milhões. Enquanto isso, em termos de resultados, a empresa reportou lucro líquido de cerca de R$ 190 milhões, significativamente superior à nossa estimativa de R$ 89 milhões, devido principalmente a R$ 96 milhões em imposto de renda diferido e um resultado financeiro de R$ 35 milhões, que foi impulsionado pela variação cambial”, aponta.

Houve maior geração de caixa, novamente impulsionada por menores investimentos trimestrais. O fluxo de caixa pré-dividendos da Petroreconcavo foi novamente positivo, chegando a R$ 49 milhões, contra R$ 15 milhões no trimestre anterior. A melhoria está relacionada principalmente à redução de 23% nos investimentos no trimestre, para R$ 200 milhões, bem como à liberação de capital de giro de R$ 36 milhões, contra um consumo de R$ 81 milhões no 3T23.

“Acreditamos que o 4T23 foi um trimestre de transição, fortemente impactado pelas limitações em Guamaré, que impactaram fortemente a drenagem da produção potiguar. Dado que as limitações de Guamaré foram resolvidas durante o 4T23, esperamos que o Ebitda volte para cerca de R$ 400 milhões no 1T24, com a produção melhorando gradualmente durante o 1T24 à medida que os fluxos em Potiguar voltam ao normal”, avalia o banco.

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Para o restante do ano, o bbi espera um crescimento gradual da produção causado pelas campanhas de perfuração e workover (operações que permitam retomar ou melhorar as condições de produção/injeção esperadas) em Outguard e também no Polo Bahia. No entanto, o BBI projeta um corte na estimativa de produção da curva de certificação para 2024.

Além disso, espera que as ações da Petroreconcavo negociem mais em função do fluxo de notícias sobre a potencial fusão dos ativos onshore com a 3R. “Nesse sentido, a decisão de avançar ou não a operação dos Conselhos de Administração de ambas as empresas, prevista para o final de abril/início de maio, deverá ser um gatilho importante”, avalia. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para RECV3, com preço-alvo de R$ 34.

A XP também segue com recomendação de compra e cita que, com o levantamento das restrições de produção em janeiro, vê que a PetroReconcavo está agora pronta para capitalizar totalmente seus ativos em 2024.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.