Petróleo sobe 3% e Ibovespa volta a renovar máxima histórica

Formação do governo Bolsonaro também está no radar do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O dia é de volatilidade na bolsa brasileira e, depois de alternar entre os patamares positivo e negativo, o Ibovespa renovou sua máxima histórica pela segunda vez no pregão ao alcançar 89.909 pontos. A forte alta do petróleo no mercado internacional dá base ao otimismo dos investidores. 

Às 14h50 (de Brasília), o benchmark da bolsa registrava alta de 0,68%, a 89.857 pontos. O movimento ocorre após a notícia de que Rússia aceitou cortes de produção, segundo a Reuters. A commodity, que registrava baixa, com o WTI negociando abaixo dos US$ 50 o barril, virou para alta de quase 3%. 

Até o começo da manhã desta quinta-feira (29), o petróleo tinha baixa com o temor de que a Opep não vá agir decisivamente para limpar excedente da oferta global da commodity, enquanto as atenções ficam voltadas para encontro entre Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita, que deverão discutir como coordenar política de petróleo. Putin disse que os preços atuais se adequam “bem” à Rússia.

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Na véspera, o presidente do Fed, Jerome Powell, apontou que a taxa de juro atual dos EUA está próxima da neutra, o que impulsiona os mercados também nesta sessão, mas de forma mais discreta. Na abertura, o Ibovespa caiu até 0,87% em um movimento de realização após a forte alta da véspera repercutindo o Federal Reserve e também de olho no impasse da cessão onerosa. 

No mercado de câmbio, a disputa pela formação da Ptax na sexta-feira (30) também traz volatilidade. O dólar comercial tinha alta de 0,18%, cotado a R$ 3,856 na venda, e o contrato futuro do dólar com vencimento em dezembro subia 0,10%, para R$ 3,853. Vale ressaltar que o Banco Central anunciou dois leilões de linha de até US$ 1,25 bilhão em 29 de novembro, após dólar somar queda de 2% nas duas últimas sessões com leilões de linha de US$ 2 bilhões na terça e de US$ 1 bilhão nesta quarta.

Destaques corporativos

Além dos preços do petróleo, mais uma notícia impacta a Petrobras. A votação do projeto de lei (PLC 78/18) que autoriza a estatal a transferir a petroleiras privadas até 70% de seus direitos de exploração de petróleo na área do pré-sal, a cessão onerosa, foi adiada novamente. A matéria, que esteve na pauta do Senado não foi apreciada por falta de um entendimento em torno da partilha de royalties da cessão onerosa do pré-sal com estados e municípios. 

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Nesta manhã, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR) confirmou pelo Twitter de que o projeto deverá ser votado somente a partir de terça feira (4). “Até lá, continuamos construindo uma solução técnica para o repasse dos recursos aos Estados e municípios”, afirmou.

Além da cessão onerosa, outra notícia ganha destaque no radar da Petrobras, que concluiu o reinício de unidade da Replan em 25 de novembro.

Entre os destaques de alta, as ações da CCR saltam até 8% após a notícia, publicada pelo Estadão e depois confirmada pela empresa, de que a companhia e o Ministério Público de São Paulo fecharam acordo de leniência. Segundo o jornal, no acordo é revelado caixa 2 de pelo menos R$ 30 milhões para campanhas eleitorais de ex-governadores e deputados de São Paulo. Pelo menos 15 políticos são citados no termo, denominado Auto Composição para Ato de Improbidade, aponta a publicação. 

A concessionária informou que se dispõe a pagar multa de R$ 81 milhões – parte desse valor, R$ 17 milhões, será destinada, na forma de doação, à Biblioteca da Faculdade de Direito da USP, nas Arcadas do Largo São Francisco. A notícia também impulsiona as ações da Ecorodovias, que recentemente também foi alvo de investigações da Polícia Federal. 

Entre as recomendações, o HSBC fez um corte de recomendações no setor de varejo, com Renner e B2W rebaixadas para “manutenção”, enquanto Magazine Luiza foi rebaixada a “reduzir”. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 12,42 +8,38 -18,87 155,17M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,41 +5,61 -17,51 40,60M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 38,31 +4,27 +105,97 125,46M
 JBSS3 JBS ON 11,94 +3,74 +22,37 46,20M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,00 +3,57 -0,67 113,13M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 38,43 -2,21 +87,46 52,42M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 166,88 -1,86 +108,60 175,51M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 84,94 -1,80 +9,16 61,95M
 CYRE3 CYRELA REALTON 13,93 -1,69 +9,62 23,77M
 IGTA3 IGUATEMI ON 38,77 -1,60 +0,28 27,76M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Indicações para o governo

O mercado também fica de olho nas indicações de Jair Bolsonaro para os ministérios. O presidente eleito já admite que pode iniciar o governo com mais de 20 ministérios. Inicialmente, a expectativa da equipe do presidente eleito era ter no máximo 15 pastas.

A medida fez parte da campanha eleitoral como promessa para reduzir o número de ministérios pela metade – atualmente são 29. Segundo o Estadão, a indicação ontem de Osmar Terra para a Cidadania irritou bancada evangélica, que tem 180 deputados e ameaça se rebelar caso não tenha cargos na Esplanada.

Enquanto isso, destaca-se no mercado que a proposta da Previdência de Armínio Fraga e Paulo Tafner ganharia força com possível presença no futuro governo de Leonardo Rolim, assessor da Câmara e um dos autores do projeto.

Vale ressaltar ainda a decisão do Brasil de não sediar a Conferência do Clima (COP-25) em 2019, que foi tomada por Bolsonaro e gerou um mal estar diplomático. “Houve participação minha”, afirmou ele. Bolsonaro disse que existe a possibilidade de o País sair do Acordo do Paris e não quer “anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil”. Outro fator mencionado foi o custo para a realização do evento – R$ 400 milhões, segundo estimativas -, que considerou “exagerado” diante da situação das contas públicas.

Segundo disse um membro do alto escalão da entidade ao Estadão, a decisão é um sinal do que deverá ser a política de meio ambiente do novo governo brasileiro. Ele destacou que o Brasil é reconhecido por manter os compromissos assumidos e que a medida é uma quebra dessa postura.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.