Petróleo: qual o impacto dos ataques com drones a fábrica no Irã para a commodity?

Analistas do Goldman Sachs veem impacto limitado, mas fazem alertas para possíveis desdobramentos

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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O mercado de petróleo foi abalado neste fim de semana e início de segunda-feira (30) com as notícias de que locais no noroeste do Irã foram atingidos por ataques de drones na noite de sábado (28). Uma forte explosão atingiu uma fábrica da indústria militar perto da cidade de Isfahan, no centro do Irã, durante a noite, no que Teerã disse no domingo ter sido um ataque de drones.

O Wall Street Journal informou que os ataques foram supostamente executados por Israel, “de acordo com autoridades dos EUA e pessoas familiarizadas com a operação”.

Os ataques parecem principalmente direcionados a locais militares (como fábricas de armas, instalações de Veículos Aéreos Não Tripulados, ou UAV) em vez de instalações relacionadas a armas nucleares que foram alvo de ataques anteriores. Separadamente, ocorreu um incêndio (extinto) em uma refinaria de petróleo, mas não está claro se estava relacionado aos ataques antes mencionados, visto que também houve um terremoto na região.

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Uma declaração do Ministério da Defesa do Irã disse que o ataque na cidade de Isfahan causou “danos menores”, enquanto a Axios relatou que o ataque às instalações do Ministério da Defesa do Irã em Isfahan foi “específico, cirúrgico e bem-sucedido”.

Neste cenário, os analistas de mercado destacaram quais seriam os possíveis impactos no mercado de petróleo.

Em relatório no fim de semana, o Goldman Sachs destacou que os preços do petróleo deveriam abrir em alta na sessão desta segunda (o que aconteceu), mas o risco para a oferta global parece relativamente limitado no momento.

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As instalações de produção de petróleo do Irã estão localizadas principalmente no sudoeste do país e não foram alvo dos ataques. Além disso, os analistas opinam que o forte foco político do Ocidente em evitar os altos preços da energia provavelmente torna ataques nesse sentido altamente improváveis.

“Além disso, o Irã é um exportador global marginal de petróleo no momento e qualquer interrupção significativa pode ser compensada pela recém-criada capacidade ociosa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) após seu recente corte de cota de produção de 2 milhões de barris por dia (mb/d) em novembro.

“Assim, o foco para os investidores é, em vez disso, o risco de uma escalada adicional e quaisquer possíveis interrupções no Estreito de Ormuz, entre o golfo de Omã ao sudeste e o golfo Pérsico ao sudoeste, e um importante ponto de trânsito no mercado de petróleo, através do qual cerca de 20 mb/d de petróleo flui”, apontam os analistas.

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Eles também veem tais interrupções como altamente improváveis no momento. No entanto, em um cenário hipotético de uma interrupção em grande escala, acham improvável que o mercado se normalize tão rapidamente como ocorreu após os ataques de Abqaiq (cidade saudita onde houve um ataque de drones que atingiu as fábricas de petróleo da Saudi Aramco) em 2019.

“Na época, o mercado mostrou notável resiliência a uma queda de produção de cerca de 0,6 mb/d em seu pico devido a uma combinação de alta capacidade ociosa, estoques abundantes, reservas estratégicas de petróleo disponíveis significativas e elasticidades de oferta/demanda mais altas. Todos esses ‘amortecedores’ se deterioraram desde então e, em nossa opinião, o mercado está mal posicionado para lidar com uma disrupção tão grande sem preços significativamente mais altos na curva”, avaliam.

Os analistas ainda não veem nenhuma possibilidade de retorno a um acordo no estilo Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), que trata sobre o acordo nuclear com o Irã, no futuro previsível.

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A sessão para o petróleo

Cabe destacar que o petróleo abriu em alta nesta segunda-feira, mas virou para queda,  à medida que os aumentos iminentes das taxas de juros pelos principais bancos centrais e os sinais de exportações russas mais fortes compensaram as crescentes tensões no Oriente Médio por causa do ataque de drones no Irã e as esperanças de um impulso no demanda chinesa.

Às 10h35, os contratos para março do brent e do WTI caíam 0,65%, na casa dos US$ 86 e US$ 79 o barril, respectivamente.

Os investidores esperam que o Federal Reserve suba as taxas de juro em 25 pontos base na quarta-feira, seguindo-se no dia seguinte um aumento de meio ponto do Banco de Inglaterra e do Banco Central Europeu, e qualquer desvio deste cenário seria um choque.

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Além das reuniões do banco central, a reunião de quarta-feira dos principais ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados liderados pela Rússia, conhecida como OPEP +, também será um foco.

É improvável que a reunião do comitê da Opep+ na quarta-feira leve a um ajuste na política de produção de petróleo – embora a corretora PVM tenha dito que poderia surpreender com um pequeno corte.

“A próxima onda de estímulo de preços está preparando o cenário para oscilações significativas nos preços do petróleo nesta semana”, disse Stephen Brennock, da PVM. “No entanto, é improvável que o preço caia abaixo de US$ 80 e você terá dificuldade para chegar perto de US$ 100.”

Sobre a ataque de drones no Irã, Stefano Grasso, gerente sênior de portfólio da 8VantEdge em Cingapura, disse que, embora ainda não esteja claro o que está acontecendo no Irã, qualquer escalada provavelmente interromperá o fluxo de petróleo.

(com Reuters)