Petróleo dispara 5% e Ibovespa fecha em forte alta puxado por Petrobras; dólar cai a R$ 3,95

Bolsa sobe mais de 1% puxada por Petrobras e outras ações ligadas a commodities; BC sinaliza alta de juros em 2016

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em forte alta nesta quarta-feira (23), véspera de feriado prolongado de Natal, com o mercado brasileiro acompanhando o movimento das bolsas internacionais. Quem ajudou a alta dos índices foram as commodities, principalmente o petróleo que disparou 5% em meio a perspectivas de estímulos na China e após relatório do Goldman Sachs revelar que banco vê mais cortes de produção nas commodities. Neste cenário, as bolsas dos Estados Unidos operam com expressivas altas. Por aqui, o Relatório Trimestral de Inflação mostrou uma possibilidade de 41% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) superar o teto da meta em 2016, contra 20% no relatório anterior. 

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O benchmark da Bolsa brasileira subiu 1,25%, a 44.014 pontos. Com isso, o índice zerou perdas na semana e acabou com leve valorização de 0,24%. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 3,919 bilhões.

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Já o dólar comercial teve queda de 0,91% a R$ 3,9523 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro opera em baixa de 1,14% a R$ 3,9516 na compra e a R$ 3,953. No mercado de juros futuros, apesar das sinalizações do Relatório de Inflação, o DI para janeiro de 2017 volta a cair 7 pontos-base a 15,80%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 10 pontos-base a 16,43%. 

Banco Central
Entre os indicadores, saiu às 8h30 o Relatório de Inflação do Banco Central, que mostrou uma piora das expectativas da autoridade monetária para a economia brasileira. O PIB (Produto Interno Bruto), deve mostrar uma retração de 3,6%, segundo o documento, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve terminar 2015 com um crescimento de 10,8%, contra 9,5% na projeção anterior. 

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, reconheceu nesta que a inflação está elevada, mas disse que o BC possui instrumentos para atuar, destacando que eles serão utilizados quando e se a autoridade monetária julgar necessário. “O ponto fundamental de tudo isso é que o BC tem determinação, tem autonomia e tem instrumentos para cumprir com essa estratégia (de assegurar o poder de compra da moeda)”, disse ele, ao fazer uma apresentação sobre o Relatório de Inflação, divulgado nesta manhã.

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Cenário político
No cenário político, a tomada de consciência da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de que apenas discursos não irão fazer com que o mercado deixe de lado a desconfiança em relação à política econômica, fará com que eles levem ao Congresso um pacote efetivo de medidas de ajuste das contas públicas que inclui a criação de uma idade mínima de aposentadoria e a flexibilização das leis trabalhistas. O pacote ainda inclui menores exigências e maiores retornos para os leilões de concessão de infraestrutura e a simplificação tributária, que terá como um de seus pontos principais a unificação do ICMS estadual já em discussão. 

Além disso, no último dia do ano legislativo, um relatório preliminar na CMO (Comissão Mista do Orçamento) contrariou a decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) e sugeriu a aprovação com ressalvas das contas do governo Dilma em 2014. De acordo com o relator, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), as pedaladas não contrariam a Lei de Responsabilidade Fiscal por não se caracterizarem como crédito.

Dados econômicos
Saiu também a Confiança do Consumidor apurada pela FGV, que recuou 2% em dezembro ante novembro, indo de 76,7 pontos para 75,2 pontos, renovando a mínima histórica da série iniciada em 2005. Segundo a coordenadora da sondagem, a queda foi influenciada pela piora da percepção da situação financeira familiar, reflexo da aceleração da inflação de alimentos, piora do sentimento em torno do mercado de trabalho e dificuldades para reduzir o nível de endividamento. Na comparação anual a queda é de 21,3%, o índice de situação atual recuou 4% e o de expectativas teve queda de 0,8%.

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Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,92, +4,45%; PETR4, R$ 6,98, +2,80%) subiram. Diante da forte queda dos preços do petróleo, que nesta semana perdeu os US$ 40 por barril em seu menor nível em 11 anos, a estatal pode realizar uma redução no preço da gasolina e do óleo diesel no início do próximo ano, afirmou o jornal O Globo citando uma fonte próxima da estatal. De acordo com a publicação, será feita uma avaliação do comportamento das cotações internacionais do petróleo e das demais variáveis que compõem a fórmula dos preços de combustíveis no mercado interno, como o câmbio, até o fim deste mês.

Os analistas da LCA Consultores explicam que desde setembro, quando ocorreram os últimos reajustes, as defasagens da companhia estão um pouco abaixo de 20% para a gasolina e em torno de 25% para o diesel. “O grande obstáculo para a redução é a necessidade de geração de caixa por parte da empresa para reduzir o seu elevado endividamento”, disseram em relatório.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 CSNA3 SID NACIONAL ON 4,33 +7,71 -16,22
 SBSP3 SABESP ON 19,30 +7,04 +15,74
 GOAU4 GERDAU MET PN 1,66 +5,73 -85,07
 BRAP4 BRADESPAR PN 5,22 +5,45 -59,60
 VALE3 VALE ON 13,22 +5,34 -36,41

Também registraram ganhos os papéis da Vale (VALE3, R$ 13,25, +5,58%; VALE5, R$ 10,56, +5,07%), que registram ganhos apesar do minério de ferro ter fechado estável. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve leve variação positiva de 0,05% a US$ 40,82.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 OIBR4 OI PN 1,92 -8,13 -77,70
 SMLE3 SMILES ON EJ 33,41 -2,88 -24,60
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 41,19 -1,93 -57,63
 GOLL4 GOL PN N2 2,46 -1,20 -83,79
 BBAS3 BRASIL ON EJ 14,85 -1,00 -30,73

Entre as quedas ficaram as ações de empresas exportadoras de papel e celulose. Tirando Fibria, (FIBR3, R$ 51,59, +1,32%) que virou para alta no meio do pregão, as outras do setor, como Suzano (SUZB5, R$ 18,31, -0,22%) e Klabin (KLBN11, R$ 22,60, -0,04%) caem. Com suas receitas predominantemente denominadas em dólar – menos a Klabin, que é a menos exposta ao mercado externo – e seus custos em real, sofrendo quando o dólar cai. 

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Também vale mencionar que Oi (OIBR4, R$ 1,92, -8,13%) teve a maior queda entre as ações que compõem o Ibovespa. As ações da empresa estão entre as piores do Ibovespa, com perdas de 73,64% no ano. No fim da última semana a Oi anunciou um financiamento de longo prazo com o China Development Bank (CDB) no valor de US$ 1,2 bilhão. Apesar dos ganhos, no noticiário da empresa hoje as informações não são muito positivas.

O TCU (Tribunal de Contas da União) cobra da Anatel e da Oi explicações sobre uma redução de R$ 10,5 bilhões no valor dos bens e equipamentos usados na telefonia fixa (voz), serviço público prestado em regime de concessão, segundo a Folha de S. Paulo. A Oi é a maior concessionária do país em cobertura e foi a única a registrar queda no valor desses bens entre 2010 e 2013 – período que compreende o processo de consolidação da Telemar e da Brasil Telecom em uma única companhia, a Oi.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 26,50 -0,38 315,43M
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 18,20 +1,39 314,05M
 PETR4 PETROBRAS PN 6,93 +2,06 269,72M
 VALE5 VALE PNA 10,52 +4,68 175,65M
 BBDC4 BRADESCO PN EJS 19,40 +0,78 132,70M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 14,85 -1,00 128,24M
 PETR3 PETROBRAS ON 8,88 +3,98 98,11M
 VALE3 VALE ON 13,22 +5,34 95,57M
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 24,83 +1,51 94,41M
 BRFS3 BRF SA ON 59,11 +0,15 90,86M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Cenário externo
As bolsas internacionais têm altas expressivas acompanhando o desempenho de Wall Street na sessão anterior. Na Europa, os índices registraram ganhos de 1,88% a 2,6% junto com as bolsas americanas e as bolsas asiáticas têm altas moderadas, com a liquidez comprometida por já ser feriado no Japão. A alta do petróleo hoje ajuda as ações de empresas ligadas a commodities. O barril do WTI (West Texas Intermediate) tem alta de 5,15% a US$ 38, ao mesmo tempo em que o barril do Brent sobe 3,72% a US$ 37,93. 

Segundo relatório do Goldman Sachs, haverá mais cortes na produção de níquel e outras commodities. Isso está impulsionando estes produtos hoje.