Petróleo avança e ignora queima de reservas liderada pelos EUA; Petrobras dispara

Mercado teme que medida liderada pelos EUA seja insuficiente para controlar preço da commodity e que Opep retalie iniciativa

Vitor Azevedo

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SÃO PAULO – O preço dos barris de petróleo registram forte alta nesta terça-feira (23), no mesmo dia em que a Casa Branca anunciou, pela manhã, a queima de cerca de 50 milhões de barris que estão em reservas para baixar o valor da commodity. O barril Brent, às 15h50, avança 3,32%, negociado a US$ 82,46, e o WTI tem alta de 2,55%, a US$ 78,72.

Da mesma forma, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) também disparam, respectivamente, 5,18% e 6,07%.

Em fala à imprensa, assessores do presidente Joe Biden explicaram que a iniciativa busca remediar o problema de oferta, que vem aumentado com a retomada pós-pandemia, e de demanda, ainda prejudicada pelos problemas de logística gerados pelas restrições para conter a doença.

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Os representantes afirmaram que o país liderou uma iniciativa que conta com vários outros grandes consumidores de petróleo. “O presidente Joe Biden tem trabalhado com países ao redor do mundo para enfrentar os desafios de abastecimento à medida que o mundo sai da pandemia”, disse o assessor.

Além dos Estados Unidos, a Índia já confirmou que liberará cerca de cinco milhões de barris. O Reino Unido deve disponibilizar 1,5 milhão. Grandes consumidores como Japão, Coréia do Sul e China já atestaram que participarão da movimentação, mas ainda não divulgaram as quantidades que liberarão ao mercado.

Os países consumidores de petróleo repetem uma movimentação que não era vista há cerca de dez anos: em 2011, Estados Unidos e mais de 20 países membros da Agência Internacional de Energia concordaram em vender 60 milhões de barris de reserva para conter a alta da commodity em meio à guerra da Líbia.

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Mesmo com iniciativa, petróleo continua avançando

Pela tarde, porém o petróleo acelerou alta após falas de Mohammed Barkindo, secretário-geral da Organização dos Países exportadores de petróleo (Opep).

Em videoconferência, Barkindo afirmou que a organização continuará a monitorar o preço do petróleo e que, no momento, um acréscimo de produção poderia desvalorizar o preço dos barris de forma desinteressante para o cartel, uma vez que o surgimento da quarta onda de covid-19 na Europa se consolidar, deve haver uma queda forte na demanda.

Além da sinalização de que a Opep manterá, ao menos momentaneamente, sua posição de não acelerar a produção, a despeito da pressão dos países consumidores, os barris sobem, segundo analistas, por conta de uma interpretação negativa do mercado da iniciativa americana.

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“É um movimento contraditório liberar as reservas, aumentando oferta, e o produto estar subindo. Os comentários são que se trata de uma medida temporal, que não irá alterar o problema estrutural das altas do preço do petróleo”, explicou Henrique Esteter, especialistas de mercados do InfoMoney.

Em 2019, o consumo global de petróleo em estava em torno de 100 milhões de barris por dia. O número contrasta com a quantidade liberada pelos EUA, que poderia apenas suprir meio dia da demanda global.

Além disso, Esteter aponta que o mercado também espera para ver como a Opep reagirá à iniciativa dos países consumidores. “A Opep poderia retirar o ritmo de crescimento mensal por conta desse movimento pontual. Lá na frente, se isso acontecer, a demanda permaneceria elevada e os países teriam estoque ainda menor de petróleo”, completou.

Apesar de os Estados Unidos defenderem que estão dispostos a continuar mantendo óleo e gás “acessíveis”, contesta-se ainda como o país, que já vem apresentando problemas com gastos públicos, conseguirá bancar essa batalha.

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