Petrobras reverte lucro e tem prejuízo de R$ 48,5 bilhões no 1º trimestre de 2020

Segundo a estatal, este prejuízo se deu por um impairment de R$ 65,3 bilhões feito por conta das premissas de longo prazo para o Brent

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3; PETR4) registrou um prejuízo líquido de R$ 48,523 bilhões no primeiro trimestre de 2020, revertendo o lucro de R$ 4,031 bilhões apresentados no mesmo período do ano passado.

Em release, a estatal disse que este prejuízo se deu pelo “impairment proveniente da revisão das premissas de longo prazo para o Brent frente ao novo cenário mundial”, no valor de R$ 65,3 bilhões.

“Nossos resultados também foram impactados pela queda do Brent e pelas perdas com variação cambial decorrentes da forte desvalorização do real frente ao dólar. Estes fatores foram atenuados por maiores volumes de exportação, maiores margens nos derivados, menores despesas, incluindo gastos gerais e administrativos, exploratórios e tributários, bem como ganhos com hedge”, explicou a Petrobras.

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Desconsiderando os efeitos deste impairment e de um ágio com a recompra de bonds, a Petrobras teve um prejuízo de R$ 4,6 bilhões nos três primeiros meses de 2020.

Por conta dessa provisão, as despesas operacionais da petrolífera dispararam 569% em um ano, passando de R$ 11,302 bilhões no início de 2019 para R$ 75,616 bilhões entre janeiro e março deste ano.

Já a receita com vendas da estatal teve leve alta de 6,5% em um ano, passando de R$ 70,856 bilhões para R$ 75,469 bilhões nos três primeiros meses deste ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2019, por sua vez, a receita recuou 7,7%.

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Segundo a companhia esta queda trimestral ocorreu por conta do recuo do preço do petróleo tipo brent e pelo menor volume de venda de derivados no mercado interno, com destaque para diesel, gasolina e QAV.

“Estes produtos foram os mais afetados pelos impactos das medidas de isolamento social implementadas devido à COVID-19 a partir do mês de março. O diesel, a gasolina e o GLP também sofrem efeitos sazonais no período, já que o quarto trimestre apresenta maior atividade industrial e temperaturas menores. As receitas com gás natural caíram 13% devido à queda na demanda e no preço”, disse a empresa.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, avançou 36,4%, encerrando o primeiro trimestre em R$ 37,504 bilhões.

Segundo Roberto Castello Branco, CEO da companhia, “o prejuízo contábil em nada afeta a saúde e sustentabilidade da Petrobras. Trata-se de situação bastante distinta da vivenciada em 2014-2015 quando a companhia enfrentava duas crises, uma financeira e outra moral, e a baixa de ativos refletia a vulnerabilidade da companhia”.

Além disso, o executivo afirmou que a companhia seguirá em frente com um balanço mais aderente à realidade dos mercados e foco na geração de valor, perseguindo continuamente a obtenção de retornos sobre o capital empregado superiores ao custo do capital.

Impairment de R$ 65,3 bilhões

No primeiro trimestre, a Petrobras avaliou a recuperabilidade econômica de seus ativos e foram reconhecidas perdas por desvalorização (impairments) no montante de R$ 65,3 bilhões.

Este valor está dividido basicamente entre dois fatores: (i) efeito de um novo conjunto de premissas de planejamento sobre o valor recuperável de diversos campos do E&P (R$ 57,619 bilhões milhões), principalmente em Roncador, Marlim Sul, Polo Norte, Albacora Leste, Polo Berbigão-Sururu, Polo CVIT e Mexilhão; e (ii) hibernação de campos e plataformas em águas rasas (R$ 6,625 bilhões), afetando os Polos Norte, Ceará-Mar e Ubarana e os campos de Caioba, Guaricema e Camorim.

O impairment dos campos de águas rasas corresponde a 100% no valor de livro desses ativos, os quais tinham a uma produção média de 23Mbpd, disse a empresa.

A estatal destacou que dois grandes eventos tiveram efeitos adversos no mercado: a pandemia da Covid-19, que derrubou a demanda, e também o fracasso nas negociações dos membros da Opep+ sobre cortes de produção.

Esses eventos levaram a companhia a adotar uma série de medidas visando à preservação da geração de caixa, a fim de reforçar sua solidez financeira e resiliência dos seus negócios.

Além disso a empresa foi levada a revisar e aprovar em sua Diretoria Executiva algumas premissas-chave de seu Planejamento Estratégico, tais como preço do Brent, taxa de câmbio, dentre outras, sendo a mais relevante a projeção do petróleo, que mudou de US$ 65/bbl para US$ 25 este ano, com expectativa de alta de US$ 5 por ano até 2024.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.