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Em entrevista à Folha de S. Paulo, a presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Magda Chambriard, destacou a intenção da estatal de ampliar seu poder de decisão sobre as operações da Braskem (BRKM5). A medida visa explorar melhor as sinergias entre as duas empresas, especialmente após a saída da Novonor (ex-Odebrecht) do controle da Braskem, que passará para um fundo assessorado pela gestora IG4.
“A Petrobras quer mais poder sobre a operação dessa companhia”, afirmou Magda, ressaltando que a integração entre Petrobras e Braskem ainda não foi plenamente explorada pela administração anterior. Ela citou como exemplo o Complexo de Energias Boaventura, no Rio de Janeiro, onde uma nova petroquímica será abastecida por gás do pré-sal, criando uma oportunidade estratégica para ampliar a eficiência e a competitividade.
Sobre o futuro da empresa, Magda reafirmou o compromisso da Petrobras com a transição para energias limpas, alinhada ao compromisso do governo brasileiro de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. No entanto, a presidente ressaltou que essa mudança será gradual e compatível com a realidade econômica do país. “Não damos um cavalo de pau em transatlântico”, disse, referindo-se à necessidade de avançar no ritmo adequado para o Brasil e para o bolso do consumidor.
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Nos próximos dez anos, a estatal terá foco na produção de combustíveis com maior teor renovável, como etanol, diesel coprocessado, combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e para embarcações. Além disso, a Petrobras investirá mais de um terço do orçamento de pesquisa e desenvolvimento em fontes renováveis, como solar, eólica e hidrogênio, além de tecnologias de captura de carbono.
Magda também comentou sobre o interesse da Petrobras em oportunidades no setor de etanol, incluindo possíveis aquisições de ativos da Cosan (CSAN3), respeitando cláusulas de não competição vigentes até 2029.
“Considero todas as oportunidades que se apresentam no Brasil. Por que não? Esse é o nosso mercado”, afirma.
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No que diz respeito ao uso do gás natural na indústria, a presidente explicou que a Petrobras tem interesse em vender o máximo possível de gás, pois reinjetar gás desnecessariamente gera prejuízo para a empresa. Ela destacou que limitações de infraestrutura, e não legislação, são o principal entrave para ampliar a oferta.
Sobre a retomada de projetos, Magda afirmou que a perfuração na Margem Equatorial está dentro do cronograma, com expectativa de resultados em março de 2026, e que a estatal tem adotado medidas para ampliar a concorrência e garantir maior transparência nas licitações, dividindo grandes obras em mais partes para aumentar o número de participantes e evitar erros do passado.
Em relação à pressão para redução dos preços dos combustíveis em ano eleitoral, a presidente negou a existência de tal pressão real, afirmando que distribuidoras e revendedoras acabam aumentando suas margens, anulando qualquer queda para o consumidor final. Ela ressaltou que, ajustados pela inflação, os preços atuais do diesel e da gasolina estão significativamente mais baixos do que em dezembro de 2022.
Por fim, Magda defendeu a manutenção da Petrobras como empresa estatal, destacando sua importância para o país. “Seria um crime de lesa-pátria vender uma empresa que é a melhor do país”, afirmou, comparando a venda da estatal à venda da melhor vaca leiteira de uma fazenda — algo que ninguém faria.
