Petrobras (PETR4) quer que bancos chineses financiem exploração em águas profundas, afirma CFO

Sergio Caetano Leite diz que a estatal se reuniu recentemente com instituições chinesas para negociar financiamentos

Bloomberg

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - MAY 12: A person walks by The Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) headquarters on May 12, 2023 in Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian President Lula Da Silva said on Thursday that his administration is working to reduce the price of gas in Petrobras and that the government will keep its stake at the company. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)

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Bloomberg — A Petrobras (PETR3; PETR4) pediu a bancos chineses para financiar o avanço de sua exploração de petróleo em águas profundas, em um sinal de laços crescentes entre a petrolífera brasileira e a segunda maior economia do mundo.

A estatal reuniu-se recentemente com instituições financeiras chinesas para negociar financiamentos para si mesma, e principalmente para sua cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços, disse o diretor executivo financeiro Sergio Caetano Leite em uma entrevista à Bloomberg News.

A ideia é garantir que haja capital suficiente e acessível para projetos de petróleo em águas profundas no Brasil.

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A iniciativa da Petrobras ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca investimentos chineses para concretizar seus ambiciosos planos de reindustrialização da economia brasileira.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e compra quase um terço de todas as exportações do país.

“A Petrobras tem crescido em um ritmo acelerado e quer garantir que seus fornecedores possam acompanhar esse crescimento”, disse o executivo em entrevista na sede da Petrobras.

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Muitas das plataformas flutuantes, de produção, armazenamento e transferência que a Petrobras compra ou aluga são montadas em estaleiros chineses. Isso torna mais fácil para os construtores das chamadas FPSOs obterem empréstimos chineses para as embarcações, que podem custar até US$ 3,5 bilhões cada.

Os bancos chineses também ajudarão a Petrobras a financiar seus projetos de energia renovável, disse Leite.

As instituições financeiras chinesas já respondem por mais de 25% dos empréstimos da Petrobras, e Leite vê essa participação crescendo, embora a empresa pretenda manter seu endividamento total abaixo de US$ 65 bilhões.

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A Petrobras assinou memorandos com prazo de cinco anos com o China Development Bank e o Bank of China durante uma viagem de negócios ao país no mês passado. A diretoria da estatal se reuniu ainda com outras instituições financeiras, incluindo Sinosure, CITIC Bank, ICBC e fundos soberanos chineses.

A Petrobras está estudando a abertura de uma subsidiária chinesa no próximo ano para se concentrar em finanças e compras, disse ele.

A Petrobras tem a maior frota de FPSOs e a que mais cresce no mundo. A empresa acrescentará mais 14 até o final de 2027 e, se seus fornecedores tiverem melhor acesso ao crédito, isso reduzirá os custos gerais, disse Leite.

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As transações financeiras em yuan também são um tópico que os bancos chineses gostariam de discutir com a Petrobras, disse ele.

Atualmente, a Petrobras não tem nenhuma operação em andamento na moeda chinesa. A Petrobras também está trabalhando para se aproximar dos países do Oriente Médio. Após uma viagem à China no mês passado, os executivos da empresa pararam em Abu Dhabi para reuniões com empresas como Adnoc e Mubadala Capital.

A estatal também planeja uma visita à Arábia Saudita em breve, disse Leite. Leite vê os países do Golfo como atores importantes na transição energética, pois “buscam reverter sua imagem de vilões do petróleo” e estão dispostos a gastar muito na descarbonização da economia.

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A própria Petrobras está planejando destinar até 15% de seus investimentos totais a projetos de energia renovável e está procurando parceiros para compartilhar os custos de investimento.

“Quem vai bancar a transição energética é o setor financeiro e a indústria de petróleo e gás”, disse o executivo.

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