Petrobras (PETR4): Com consenso sobre resultado, destaque do balanço fica para dividendos

Baixa do preço do petróleo Bret deve impactar resultados na base trimestral, mas foco fica para proventos, em contexto de mudança de gestão da estatal

Vitor Azevedo

Photo by Wagner Meier/Getty Images

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A Petrobras (PETR3;PETR4) é uma das primeiras companhia de exploração e produção de petróleo a publicar, nesta quarta-feira (1), seu resultado do quarto trimestre de 2022, em um intervalo que deve gerar números mais fracos do que nos períodos de três meses imediatamente anteriores – mas já esperados e ainda fortes. O destaque, segundo analistas, ficará distribuição de proventos.

Isso em um contexto de pregões bastante agitados para a companhia, com anúncio de reoneração de combustíveis, impostos sobre exportação de petróleo e novos rumores sobre mudanças na política de pagamento de proventos da estatal. 

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“Os preços do petróleo caíram durante o quarto trimestre. O petróleo tipo Brent teve média de preço de US$89 no período, contra US$ 101 no terceiro, queda de 12%. Apesar disso, permanecem, historicamente, em patamares elevados e devem permitir mais um trimestre de bons resultados para as empresas do setor, na nossa visão”, dizem os analistas da XP Investimentos Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig.

A commodity sofreu de outubro a dezembro com novos lockdowns na China, em meio à política de Covid Zero, bem como com o crescimento da perspectiva de que os Estados Unidos enfrentarão uma recessão, por conta das taxas de juros mais altas.

“Não é um ótimo trimestre para o setor de exploração e produção. Os preços do petróleo caíram 10% na base trimestral, o que ajuda a explicar por que estimamos uma queda trimestral do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] para todas as empresas que cobrimos”, destaca a equipe de analistas do BTG Pactual, chefiada por Pedro Soares. “Mas também acreditamos que os números do quarto trimestre dizem mais sobre o passado do que sobre o futuro e reiteramos nossa posição positiva este ano no setor, que ainda oferece uma dinâmica de lucros decentes e crescimento de receita devido à maior produção de petróleo”.

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Petrobras: de olho nos dividendos

Com tudo isso, o destaque do quarto trimestre de 2022 no caso da estatal não fica para a operação, que se manteve estável. Os especialistas querem saber mais se a companhia irá reportar dividendos sobre o lucro do período.

A Petrobras registrou uma produção total em média de óleo de 2,65 milhões de barris de óleo ou equivalente por dia (boed), em linha com o terceiro trimestre.

“Esperamos mais um trimestre sólido para a empresa. Embora tenha ocorrido uma queda nos preços médios do Brent, ela foi parcialmente compensada por um real mais desvalorizado, média de R$ 5,32 por dólar,  alta de 2% no trimestre”, diz a XP. “No primeiro dia de março, provavelmente, o primeiro número que os investidores procurarão serão os dividendos anunciados”, complementam.

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O BTG, por sua vez, afirma que decretar que a Petrobras pagará dividendos neste trimestre não é algo trivial, “pois o novo governo e o diretor executivo mostraram uma inclinação para cortar pagamentos”.

“O fato de já ter pagado o suficiente para cumprir sua política de pagamento (60% do fluxo de caixa menos capex) com base nos resultados de 2022 também pode reduzir sua disposição de pagar mais”, diz Soares.

O Itaú BBA, por fim, diz que, seguindo a atual política de dividendos, a companhia deve anunciar um provento de R$ 2 a R$ 2,5 por ação – mas destaca também que a estatal pode optar por não remunerar mais seus acionistas.

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“No segmento de exploração e produção, esperamos que a Petrobras reporte um Ebitda de cerca de R$ 57 bilhões (contra R$ 73 bilhões no terceiro trimestre. A produção doméstica de petróleo de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia no quarto trimestre ficou estável, mas os  resultados devem ser afetados pela queda do preço do petróleo”, contextualizam. “No segmento de refino, esperamos resultados robustos, com margens de refino e volumes de vendas sustentados parcialmente compensados pelos efeitos do giro de estoque devido à queda nos preços do Brent”.

O consenso Refinitiv, que traça uma média entre as projeções de várias casas de análise e bancos, é que a estatal trará uma receita de R$ 155,4 bilhões, um Ebitda de R$ 76 bilhões e um lucro líquido de R$ 43,4 bilhões.