Petrobras: a boa notícia do governo a acionista; vem 100% de dividendo extra por aí? 

Governo acha ‘provável’ distribuição de 100% de dividendos extraordinários, o que trouxe uma sinalização positiva sobre a distribuição de proventos

Lara Rizério

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O governo brasileiro precisa de mais dinheiro, ele virá da Petrobras (PETR3;PETR4)? A União publicou na véspera a sua revisão bimestral do orçamento de 2024, com uma mudança que chamou a atenção dos analistas de mercado. Trata-se de uma revisão positiva de cerca de R$ 14 bilhões referente às receitas provenientes de dividendos, sendo que R$ 13 bilhões previstos dizem respeito a pagamentos que seriam feitos pela Petrobras.

“Nós consideramos como cenário provável a distribuição dos 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras”, disse o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao divulgar o novo relatório bimestral na última quarta-feira (22).

A previsão do recolhimento integral de dividendos extraordinários se dá a despeito da troca recente de CEO da estatal em meio a pressão do governo por maiores investimentos por parte da empresa e após polêmica em torno da distribuição de dividendos extraordinários.

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Ceron rejeitou, contudo, a avaliação de que a previsão da equipe econômica de receber sua parcela de 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras neste ano se trate de uma pressão do governo sobre a companhia.

“Tanto a ata do Conselho de Administração quanto a assembleia citam ao longo do exercício de 2024. E isso no nosso entendimento é suficiente para considerar o cenário de distribuição de 100% como provável. Não se trata de nenhum tipo de pressão. A equipe econômica tem sido muito cuidadosa com todos os assuntos, é simplesmente um cenário considerado provável. Se houver fato relevante ou nova indicação que indique novo cenário… Mas hoje a indicação é de que a distribuição é provável”, respondeu Ceron.

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Para o Bradesco BBI, a sinalização é uma boa notícia para a Petrobras e que apoia a atraente história de retorno total da empresa ao acionista. “Se os dividendos forem efetivamente pagos (o que parece provável), prevemos um rendimento de dividendos (ou dividend yield, dividendo em relação ao valor da ação) de 10,2% para o segundo semestre de 2024, dos quais 2,8% já foram anunciados (já são ex-dividendos)”, apontam os analistas do banco, que mantêm recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para os ativos PETR4.

O Itaú BBA avalia que o relatório do governo reflete as suas estimativas relativamente ao pagamentos de dividendos por empresas estatais, mas estas não são obrigações que as empresas precisam conhecer.

“Contudo, entendemos que a revisão destas estimativas sinaliza um alinhamento entre os acionistas controladores e minoritários em relação às decisões de alocação do excesso de caixa da empresa”, apontam os analistas do banco.

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O principal motivo para a Petrobras eventualmente decidir não pagar a totalidade da reserva de capital como dividendos extraordinários ao longo do ano seria, na visão do BBA, uma revisão significativa para cima do desembolso de investimento previsto para os próximos anos.

“No entanto, temos dificuldade de atribuir uma alta probabilidade a este cenário de aumento significativo do capex para os próximos anos, dada a governança rigorosa e bem estabelecida da empresa para projetos de capital e aquisições”, Assim, para o ano, estima um dividendo ordinário de R$ 45 bilhões (dividend yield de 9,5%), com um dividendo extraordinário adicional de R$ 22 bilhões (dividend yield de 4,6%) referente a 50% do reservas de capital, totalizando rentabilidade de 14,0%. Caso a Petrobras decida pagar os 50% restantes do reservas (como o governo parece esperar), o rendimento de dividendos poderá atingir 18,6% em 2024″ (regime contábil de competência), avalia o BBA, que tem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para o BBA.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.