Petrobras e bancos saltam, enquanto Suzano cai 4% com “efeito Alckmin”; mudança de CEO ofusca balanço e TIM tem baixa

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (20) Petrobras e bancos disparam com candidatura de Alckmin ganhando força; Multiplus despenca com parceria em xeque

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O noticiário político, com Geraldo Alckmin fechando acordo para levar apoio do Centrão, é o grande destaque do mercado, levando o Ibovespa a seguir a alta já esboçada na véspera e o dólar a ter forte queda (veja mais clicando aqui).

Com a candidatura de Alckmin, reconhecidamente um candidato reformista visto com mais viabilidade pelo mercado, ganhando força, as estatais disparam, com Petrobras (PETR3;PETR4) avançando até 5% e Eletrobras (ELET3;ELET6) chegando a subir 4%. Bancos também disparam, com destaque para o estatal Banco do Brasil (BBAS3), enquanto Santander Brasil (SANB11), Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) também registram alta forte. 

Já em meio à queda do dólar de mais de 1%, exportadoras como Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3) caem forte, enquanto a TIM (TIMP3) tem baixa com a mudança de CEO ofuscando o resultado positivo. Fora do Ibovespa, a Multiplus (MPLU3) chegou a despencar com a parceria com a Latam em xeque, mas amenizou a baixa ao longo do pregão. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (20):

Petrobras (PETR4;PETR4)

Além do noticiário político, a alta do petróleo e a decisão da ANP contribuem para o dia positivo da Petrobras. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis decidiu não interferir na periodicidade do ajuste do preço da gasolina e do diesel no Brasil, depois de ter tomado a iniciada de propor o debate sobre o assunto lançando em junho uma inédita Tomada Pública de Contribuições (TPC), que recebeu 146 sugestões.

Segundo o diretor-geral da agência, Décio Oddone, com base nessas sugestões e em estudos da ANP, foi descartado estipular um prazo para o ajuste dos combustíveis. “O ajuste do preço tem que ser livre, mas não pode ser divulgado antecipadamente porque pode levar a ações que prejudiquem o consumidor”, disse Oddone em coletiva não programada. Ele explicou que como a decisão de não interferir na periodicidade já foi tomada, achou mais adequado divulgar o mais rápido possível para a sociedade. A iniciativa da ANP de chamar uma TPC foi encarada pelo mercado como uma intervenção na política de preços da Petrobras, monopolista do refino brasileiro.

Continua depois da publicidade

“Tudo o que a ANP faz é intervenção, mas é legítima”, argumentou, explicando que se fosse considerado necessário a agência teria estipulado prazo para os ajustes. Oddone afirmou que para não desperdiçar as contribuições da TPC, vai encaminhar aos órgãos competentes para que sejam avaliadas.

“Vamos informar ao Cade a necessidade da avaliação da estrutura de refino no País, para estimular a entrada de novos agentes”, informou. Outras sugestões, como as relativas à adoção de mecanismos tributários para reduzir a volatilidade dos preços, serão encaminhadas aos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia. A ANP decidiu ainda fazer uma Resolução para aumentar a transparência e a competitividade do mercado de combustíveis, que terá determinações como proibir a antecipação da divulgação dos ajustes e o estabelecimento de um prazo para que ocorram, como é feito hoje pela Petrobras.

Também não será mais permitida a divulgação de um preço médio de venda no País, como a estatal também pratica, e sim o preço efetivo. Segundo Oddone, a nova resolução deve entrar em vigor em 45 a 60 dias. “Hoje a Petrobras tem 35 pontos de entrega de combustíveis, quando a gente olha o preço médio da gasolina todo dia, aquilo é preço médio em todos os pontos de entrega no Brasil”, afirmou. “É mais transparente que sejam os preços efetivamente praticados”, explicou.

Conforme aponta análise da XP Investimentos, a notícia é positiva para a Petrobras por reduzir preocupações relacionadas à intervenção em sua política de preços, além de ser uma leitura positiva para outros setores como o de distribuição de combustíveis. “Apesar do alívio de curto prazo, ainda vemos riscos para a sustentabilidade da política de preços da Petrobras no futuro, principalmente tendo em vista a proximidade das eleições no Brasil”, destaca a equipe de análise. 

Quer investir em ações pagando só R$ 0,80 de corretagem? Clique aqui e abra sua conta na Clear

TIM Participações (TIMP3)

A TIM registrou crescimento de 53,2% no lucro líquido no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2017, de R$ 335 milhões, contra R$ 219 milhões em igual intervalo de 2017.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no critério normalizado – pela venda de torres e custos temporários de RH e despesas gerais e administrativas – teve alta de 12,7%, chegando a R$ 1,567 bilhão, enquanto a margem Ebitda normalizada ficou em 37,6%, maior que a de 35,3% no mesmo intervalo do ano passado. Na mesma base de comparação, os custos com operação aumentaram 2,1%, para R$ 2,604 bilhões.

A receita líquida chegou a R$ 4,171 bilhões, alta de 5,8% em relação ao segundo trimestre de 2017, com avanço de 5,7% na receita com serviços, R$ 3,964 bilhões – sendo R$ 3,758 bilhões em serviço móvel e R$ 206 milhões fixo.

Entre abril e junho, o resultado financeiro líquido da TIM ficou negativo em R$ 181 milhões, 42,6% maior em relação a um ano antes, impactado principalmente, por efeito de ajustes contábeis, assim como pela capitalização dos juros gerado pela aquisição da licença 700Mhz e limpeza de espectro e pelo incremento de PIS/COFINS relacionado ao aumento do volume de distribuição de juros sobre capital próprio.

Em mensagem da administração, a TIM explica que os efeitos negativos foram parcialmente compensados por um melhor resultado financeiro de tesouraria devido um menor volume e custo nominal da dívida. 

A dívida líquida da companhia caiu 26,6% no segundo trimestre em relação a um ano antes, para R$ 3,231 bilhões. Com isso, a relação dívida/Ebitda (alavancagem) caiu de 0,80 vezes para 0,51 vezes. Já os investimentos cresceram 25,8%, para R$ 1,018 bilhão.

No geral, os resultados foram sólidos e alinhados às expectativas do mercado. As análises da XP Investimentos e do banco BTG Pactual pontuaram a boa expansão da margem Ebitda, que atingiu 36,7%, e também ganhou destaque o crescimento do serviço de banda larga Tim Live, superando o segundo trimestre de 2017 em 22%.

Os números fortes inspiram otimismo e a recomendação que fica dos analistas é de compra da ação, indicada pela XP, pelo BTG e pelo Bradesco BBI – a preços-alvo de R$ 17,00, R$ 16,00 e R$ 16,50, respectivamente.

Em meio às notas positivas, entretanto, o CEO da Tim, Stefano de Angelis, renunciou do cargo ao fim de seu contrato de expatriado de dois anos. O executivo continua no Conselho de Administração, e tomará o seu lugar na chefia Sami Foguel, que já trabalhou em cargos importantes na Azul, TAP Air Portugal, HSBC e McKinsey & Company.

Na visão do Bradesco BBI, já era previsto que de Angelis não renovaria o seu contrato como presidente, mas a escolha de Foguel na linha sucessória vem como surpresa, o que pode trazer volatilidade ao case no curto prazo. Ainda assim, a equipe de análise não espera alterações significativas nas estratégias da companhia tão cedo, e pontua que o histórico de Foguel trabalhando com serviços ao consumidor pode ser benéfico, uma vez que este é um setor que vem ganhando importância.

Embraer (EMBR3)

Em 30 de junho, a carteira de pedidos firmes a entregar (backlog) da Embraer totalizava US$ 17,4 bilhões ante US$ 19,5 bilhões no primeiro trimestre de 2018,
segundo comunicado. No segmento de Aviação Comercial, das 28 aeronaves entregues no segundo trimestre de 2018, 20 são E175, 3 são E190-E2, 2 são E190, 2 são E195 e 1 é E170. O segmento acumula 42 jatos entregues em 2018.

Na Aviação Executiva, dos 20 jatos entregues no 2T18, 15 são leves e 5 são grandes. O segmento acumula 31 entregas em 2018. 

Multiplus (MPLU3)

Segundo informa matéria do Estadão, a parceria entre a companhia aérea Latam e a empresa de fidelidade Multiplus pode estar perto do fim, o que fez a ação cair até 7% na mínima do dia. Conforme aponta a matéria, desde o fim de maio, analistas do mercado financeiro têm colocado em dúvida a renovação do contrato entre as duas, que vence em 2024. O fim do acordo poderia fazer o valor de mercado da Multiplus cair 66%, segundo o banco suíço UBS. Hoje, a empresa é avaliada em R$ 4,5 bilhões.

Entre os motivos que levam os bancos a apostar no fim da parceria estão a relevância relativamente pequena da Multiplus dentro da Latam (11% do valor de mercado do grupo), ineficiências fiscais e o fato de a Latam ter seu próprio programa de fidelidade no Chile.

“Presumimos que o contrato Multiplus-Latam não será renovado”, afirmaram os analistas Henrique Navarro e Olavo Arthuzo, do Santander. “Achamos que a renovação do contrato é muito improvável”, escreveram Lucas Barbosa e Rogério Araujo, do UBS.

Pioneira no setor de fidelidade no País, a Multiplus começou a ser questionada por não ser um programa criado pela chilena LAN, que comprou a TAM em 2010, formando a Latam. O grupo tem outro programa de fidelidade no Chile e, segundo analistas, uma marca única fortaleceria o serviço.

A questão de ineficiência fiscal, entretanto, é apontada como preponderante para o fim da parceria. Com resultados voláteis, as companhias aéreas, não raramente, são isentas de impostos de renda por apresentarem prejuízos. O mesmo não vale para as empresas de fidelidade, que apresentam resultados mais sólidos. Incluir o programa de fidelidade dentro da própria aérea acabaria, portanto, reduzindo pagamento de tributos.

Segundo cálculos do Santander, essa ineficiência fiscal seria de R$ 771 milhões para a Latam e de R$ 892 milhões para a Gol. No caso da última, porém, o banco dá uma probabilidade de 50% para o fim de contrato. O fato de o acordo entre Smiles e Gol ter vigência maior – até 2032 – e a situação financeira menos sólida da Gol pesam a favor de uma renovação. Como a Smiles compra passagens da Gol com antecedência, essa parceria acaba sendo mais importante para a aérea.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas recomendou ao ministro de Minas e Energia e ao superintendente da área de Desestatização e Estruturação de Projetos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para que suspendam o leilão da Amazonas Energia. 

Para o MPF, o leilão da Amazonas Energia deve ser suspenso até a conclusão das discussões no Congresso Nacional sobre o projeto de Lei 10.332/2018; a conclusão do procedimento de desverticalização da empresa; e a deliberação, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), sobre novo estudo fundamentado a respeito do impacto das deliberações e de eventual alteração dos contornos jurídicos, econômicos e financeiros da desestatização da Amazonas Energia.

O leilão estava marcado para o dia 26 de julho, de acordo com informações disponíveis no site da Eletrobras, porém, no caso específico da Amazonas Energia, a venda da distribuidora depende da conclusão da desverticalização da empresa, com a cisão entre as atividades de geração/transmissão e distribuição. A desverticalização, que deveria ter ocorrido até 2 de março, não foi concluída em razão da necessidade de negociações de dívidas com a Petrobras.

O Ministério das Minas e Energia e o BNDES têm até 23 de julho para responder sobre o acatamento da recomendação.

Randon (RAPT4)

A receita líquida consolidada da Randon no mês de junho de 2018 atingiu R$ 360,8 milhões, ou 46,1% maior que a registrada em junho de 2017. No acumulado de janeiro/junho 2018, a receita líquida consolidada totalizou R$ 1,9 bilhões ou 48,1% maior que no acumulado do mesmo período do ano anterior.

A receita bruta total (sem eliminação e com impostos) no mês de junho de 2018 atingiu R$ 517,3 milhões ou 46,3% maior que aquela de junho de 2017. No acumulado janeiro/junho 2018, a receita bruta totalizou R$ 2,8 bilhões ou 46,6% maior que no mesmo período do ano anterior. 

Oi (OIBR4)

Segundo a Coluna do Broad, do Estadão, a Oi concluiu o processo de reestruturação de sua dívida com os bancos estrangeiros nesta semana, envolvendo US$ 1,6 bilhão. Ao todo, são 15 instituições presentes na lista de credores da tele, incluindo bancos comerciais e agências de crédito à exportação (Export Credit Agencies – ECAs). A formalização pelos bancos estrangeiros das condições aprovadas na assembleia de credores, de dezembro do ano passado, indica que a Oi, por enquanto, segue afastada de novos problemas. A empresa enfrentou diversos embates antes da aprovação do plano junto a credores, um ano e meio depois do pedido de recuperação feito à Justiça.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.