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A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou resultados bons e praticamente em linha com as expectativas do mercado, ainda que com dividendos um pouco abaixo das projeções, mas com alguns pontos de atenção, conforme apontam os analistas.
A estatal divulgou os resultados do 1T25 com um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado recorrente de aproximadamente US$ 10,7 bilhões, ligeiramente abaixo do consenso compilado pela empresa (2%), conforme aponta o Goldman Sachs. A empresa também anunciou a distribuição de aproximadamente US$ 2,1 bilhões (R$ 11,7 bilhões) em dividendos ordinários, seguindo a política de remuneração aos acionistas da Petrobras (mas cerca de 6% abaixo do consenso).
“Nossa visão é mista. Por um lado, vemos os resultados como ligeiramente negativos, dada a ligeira diferença nos dividendos (6% abaixo do consenso) e também o nível de investimentos realizados no trimestre ligeiramente acima do esperado (8% acima do consenso). Pelo lado positivo, notamos que o capex foi sequencialmente menor (-29% em relação ao trimestre anterior) e os dividendos foram sequencialmente maiores (+31% em relação ao trimestre anterior)”, avalia o Goldman.
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Para a XP Investimentos, no geral, os resultados foram uma pequena discrepância das estimativas, mas não fora da incerteza comum nas previsões financeiras, com um Ebitda ajustado 4% abaixo da sua projeção, enquanto o lucro ficou 16% acima das suas projeções. A equipe de análise também ressaltou esperar que os investidores se concentrassem nos dividendos e no fluxo de caixa livre.
O JPMorgan apontou que esperava uma pequena reação negativa, ressaltando que o Ebitda geral ficou ligeiramente abaixo do JPMorgan em 3% e do consenso.
Os analistas do banco apontam que o principal segmento de upstream (exploração, perfuração e produção de petróleo e gás natural) da Petrobras teve um bom trimestre, com um Ebitda de US$ 10 bilhões, 3,9% acima da projeção do banco, principalmente porque a empresa conseguiu entregar uma melhor realização de preço no período, o que mais do que compensou os maiores custos de extração.
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A maior parte da perda no trimestre veio do segmento de Refino, que viu o Ebitda cair 28,7% trimestre a trimestre, principalmente devido aos custos mais altos e aos efeitos dos estoques. O segmento de Gás e Energias de Baixo Carbono também teve um trimestre fraco. Mesmo com a perda, a Petrobras teve um FCF (fluxo de caixa livre) positivo de US$ 2,8 bilhões (yield, ou rendimento, anualizado de 14,2%).
Para a Genial Investimentos, a empresa reportou números sólidos e razoavelmente em linha com suas estimativas em Ebitda e lucro líquido acima das suas estimativas e do consenso devido ao impacto de variações cambiais na linha de despesa financeira.
“Além do resultado sólido do ponto de vista operacional, a empresa anunciou a distribuição de R$ 11,7 bilhões (R$ 0,91/ação) – apenas dividendos regulares. O rendimento em dividendos do trimestre foi de 2,9% no trimestre, representando um rendimento de 11,4% em termos anualizados – o que naturalmente não deve acontecer caso os preços do brent permaneçam no patamar atual (US$ 60-65/barril)”, reforça a casa de research. Sendo assim, apesar dos resultados sólidos, é cético quanto a uma resposta positiva do mercado a tese da empresa como um todo tendo em vista o cenário de preços do brent pressionando e maiores investimentos.
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Enquanto isso, o capex estruturalmente mais alto deve causar alguma preocupação por parte do mercado em relação à tese da companhia (ainda que o patamar atual de investimentos já é considerado em nossas estimativas).
Sendo assim, aponta, o foco deve passar a ser o patamar do brent tendo em vista o case da Petrobras estar muito relacionado a tese de dividendos. Portanto, um trimestre com (i) maior aperto de custos e despesas, (ii) um preço mais comprimido do Brent, (iii) maior produção em E&P (exploração e produção), (iv) margens de refino ainda operando em patamares de eficiência limitada e (v) capex estruturalmente mais alto, dado o atual mandato e plano estratégico mais agressivo com investimentos.
Assim, a política mais agressiva de investimentos deve tornar esse ponto ainda mais relevante para os acionistas.
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Para Fernando Siqueira, Head de Research da Eleven Financial, mais uma vez, a operação de exploração e produção de petróleo apresentou resultados melhores. “O Ebitda cresceu 1% para R$ 61 bilhões, reflexo do bom desempenho da unidade de exploração misturado com resultados fracos nas operações de refino e comercialização (além de resultados fracos na unidade de gás)”, comenta.
O Morgan Stanley, por sua vez, aponta que, após o susto com o fluxo de caixa livre (FCF) do trimestre anterior, acredita que uma demonstração do fluxo de caixa sem surpresas poderia ser recebida positivamente pelo mercado. Os comentários da administração sobre a aplicação do capital de giro nos próximos trimestres serão importantes para ancorar as expectativas para o rendimento de dividendos à frente, avalia.
O capex, na visão do Morgan, foi o número mais importante do trimestre: os investimentos de US$ 3,98 bilhões foram menos de 1% superiores à estimativa do banco de US$ 3,95 bilhões, o que representa um grande alívio.
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O FCF de US$ 3,94 bilhões (US$ 1,85 bilhão após arrendamentos) aumentou 18% em relação ao trimestre anterior e 34% em relação ao ano anterior devido à dinâmica do capex.
O Morgan Stanley segue com recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para os ativos da Petrobras negociados no exterior (ADRs). O banco aponta que o case de investimento da estatal permanece centrado na remuneração aos acionistas, que – para o bem ou para o mal – está diretamente ligada à alocação de capital e ao nível dos preços do petróleo.
“Os fluxos de caixa são muito resilientes e podem suportar os baixos níveis dos preços do petróleo. Estamos confiantes na capacidade da empresa de pagar um rendimento atrativo sobre seus dividendos base e vemos boa possibilidade de dividendos extraordinários caso os preços do petróleo se recuperem da recente queda”, avalia o banco.