Petrobras cai 9% com rumor de corte de preços; bancos caem e Fibria sobe 2%

Confira os principais destaques desta segunda-feira (4)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa caiu forte nesta segunda-feira (4), chegando a recuar quase 4% e perdendo os 49 mil pontos, pressionado pelas ações de bancos, Vale e Petrobras. Por aqui, o impeachment entra em fase decisiva com hoje sendo o último dia para que a presidente Dilma Rousseff entregue a sua defesa à Comissão do Impeachment na Câmara dos Deputados, enquanto o cenário segue indefinido e inspira cautela nos mercados. Só sete ações do Ibovespa registram alta.

Na ponta positiva apenas a Fibria e a Rumo conseguiram sustentar com ganhos nesta sessão. Destaque para a primeira, que é favorecida pela alta forte do dólar neste pregão, que subiu mais de 1% e voltou a ficar acima de R$ 3,60. Já entre as perdas, o pior desempenho ficou com a Petrobras e a Cosan, que foi puxada pelo noticiário envolvendo a estatal.

Confira os principais destaques da Bolsa no pregão desta segunda-feira:

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Petrobras (PETR3, R$ 9,60, -8,83%; PETR4, R$ 7,58, -9,33%)
As ações da Petrobras registraram queda forte durante toda essa segunda-feira, em meio à notícia de que a estatal pode anunciar a queda do preço de combustível hoje, segundo informações do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Essa queda teria como base o recuo do consumo deste combustível neste ano e em 2015. No ano passado, o consumo da gasolina recuou 9,0%. Em janeiro, a queda chegou a 11% na comparação anual.  

“Do ponto de vista dos preços dos internacionais, a cotação externa em reais está 22,5% abaixo do preço doméstico na refinaria, na média dos últimos 21 dias úteis. Nos últimos doze meses, o preço interno da gasolina está em torno de 10,0% acima de sua cotação no mercado internacional”, avalia a LCA Consultores. 

“Como se pode ver do ponto de vista da paridade internacional, há espaço para a queda da gasolina. Entretanto, a grave situação financeira da Petrobras e os impactos negativos no setor produtor de álcool não recomendariam essa diminuição dos preços. Além disso, o governo pode passar a imagem de que está agindo de forma populista por causa do impeachment ao influenciar a diretoria da Petrobras pela redução. Membros do Conselho de Administração da empresa são contrários”, destaca a LCA.     

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Segundo o BTG Pactual, as justificativas parecem razoáveis, o prêmio internacional está em cerca de 50% e consumo efetivamente caindo. De acordo com os dados de sensibilidade do BTG, a cada 5% de corte, a Petrobras perde US$ 1,2 bilhão em Ebitda. “Se o corte acontecer, o mercado vai questionar tal decisão. Apesar da empresa ter tomado decisões certas ultimamente, o timing de cortar preço em meio à turbulência política pode ser mal interpretado. Se o corte acontecer, aguardamos um comunicado oficial com explicação detalhada que justifique esse corte”, afirma. 

Soma-se a isso a queda do preço do brent, de 2,51%, a US$ 37,70 o barril, com os investidores diminuindo as apostas de novas altas com menores chances de um acordo na Opep (Organização dos Países Exportadoras do Petróleo). 

Cosan (CSAN3, R$ 29,36, -7,82%) e São Martinho (SMTO3, R$ 44,15, -8,54%)
As ações da Cosan e São Martinho também registraram fortes quedas seguindo os rumores sobre a Petrobras. Segundo o BTG, o impacto sobre o setor não é desprezível.

Rodando uma sensibilidade para cada um dos cases e considerando um corte de 10% na gasolina em 2016, o BTG estima o seguinte impacto: i) queda de 7% no Ebitda esperado de 2016 consolidado para a Cosan, enquanto a queda em toda a curva de açúcar e etanol levaria a um corte de 20% no preço-alvo; ii) São Martinho: estima-se uma queda de 9% no Ebitda anualizado consolidado e 17% de corte no preço-alvo; e iii) Adecoagro: seria a menos impactada com 12% corte no Ebitda anualizado consolidado e uma redução de 14% no TP.

Exportadoras
As ações de empresas exportadoras tiveram os melhores desempenhos desta sessão em meio à valorização do dólar. A moeda americana registrou ganhos de 1,14%, a R$ 3,6036 na venda. As ações da Fibria (FIBR3, R$ 31,32, +2,35%) subiram, enquanto os papéis da Suzano (SUZB5, R$ 12,20, -1,77%) tiveram perdas de cerca de 1%.

Siderúrgicas
As ações das empresas de mineração e siderurgia passaram de leve alta para queda, com destaque para a mineradora Vale (VALE3, R$ 14,79, -4,64%; VALE5, R$ 11,31, -4,72%), que passaram de alta de mais de 1% para forte desvalorização. Enquanto isso, as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 6,45, -7,86%), Usiminas (USIM5, R$ 1,65, -7,82%) e CSN (CSNA3, R$ 6,99, -3,59%) caíram forte.

Bancos
Os bancos registram queda de mais de 3% nesta sessão, atento ao cenário político brasileiro, com o Itaú (ITUB4, R$ 30,31, -3,50%), Bradesco (BBDC4, R$ 26,63, -3,08%) Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,65, -5,67%) em queda de mais de 1%. Nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff apresenta a sua defesa à Comissão Especial de Impeachment da Câmara dos Deputados, enquanto a oposição e o governo travam uma batalha, ainda indefinida, por apoio contra e pró-impeachment. 

BR Malls (BRML3, R$ 14,85, -1,66%)
A BR Malls virou para queda após chegar a oscilar entre ganhos e perdas mais cedo. A empresa de investimentos Blackstone disse no domingo que não está considerando uma aquisição da operadora de shoppings brasileira BR Malls, negando uma notícia publicada pelo jornal O Globo. “Não estamos ativamente engajados em discussões de aquisição da BR Malls”, disse a Blackstone em comunicado por e-mail.

O jornal, sem citar fontes para a informação, disse no domingo que a Blackstone havia contratado o JP Morgan para assessorá-la na avaliação da compra de uma fatia de controle na BR Malls, baseada no Rio de Janeiro e maior operadora de shoppings do Brasil. A publicação disse que a aquisição seria avaliada em até 12 bilhões de reais. Uma porta-voz da BR Malls não quis comentar e uma porta-voz do JP Morgan também preferiu não comentar.

Contax (CTAX11, R$ 0,64, -1,54%)
A Contax informou que Nelson Armbrust obteve tutela antecipada para exercer funções “assegurando direito de exercer suas funções estatutárias, na condição de diretor presidente”, segundo comunicado. Ambrust foi eleito diretor presidente da companhia em 4 de março. Em 16 de março, liminar concedida pela 28ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo impediu momentaneamente Nelson Armbrust de exercer funções de diretor presidente, disse Contax em comunicado. A liminar foi requerida pelo Grupo Atento.

Telebras (TELB4, R$ 9,71, -14,07%)
As ações da estatal de telecomunicações Telebras afundaram hoje em seu primeiro pregão negociadas agrupadas na proporção de 10 para 1. No dia 6 de março, a Assembleia Geral Extraordinária de acionistas da companhia aprovou o grupamento de suas 118.442.718 ações, das quais 97.439.719 ordinárias e 21.002.999 preferenciais, que passam a um total de 11.844.270 ações nominativas, sendo 9.743.971 ações ordinárias e 2.100.299 ações preferenciais.

Na época, a companhia informou que “a medida visa elevar os preços das ações e atende a uma exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de manter os papéis em negociação na BM&Bovespa com valores acima de R$ 1,00 a unidade, em 30 pregões consecutivos”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.