Petrobras cai 8% e tem pior semana em 7 meses; veja as maiores altas e baixas

Petrolífera só ficou atrás da MMX no período; na ponta positiva, destaque para as companhias educacionais, que registraram ganhos de mais de 4%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na segunda semana negativa consecutiva, o grande destaque do mercado ficou para a Petrobras (PETR3; PETR4), que viu suas ações caírem mais de 8% e pesarem para o desempenho do índice no período. Porém, a petrolífera não ficou na pior posição da semana, que teve a MMX (MMXM3) recuando 12%. Na ponta positiva, chamou atenção os ativos das educacionais Kroton (KROT3) e Anhanguera (AEDU3).

A petrolífera terminou a semana com queda de 8,60%, a R$ 16,05, para os papéis ordinários e 8,02%, para R$ 17,20, para os preferenciais. Com isso, a companhia registrou seu pior desempenho semanal desde o período entre 2 e 6 de dezembro de 2013, quando as ações PETR3 caíram 11,84% e os ativos PETR4 recuaram 9,88%. 

Esta semana já não começou bem para a estatal, que caiu 2% logo na segunda-feira, ainda refletindo os dados da pesquisa Ibope divulgada no feriado de Corpus Christi, que mostrou um cenário de estabilidade das intenções de voto de Dilma Rousseff. Porém, o que guiou a petrolífera nos últimas dias foi o acordo com o governo sobre a exploração da chamada cessão onerosa no pré-sal, fato que desabou os papéis da companhia na terça-feira.

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O pessimismo com a companhia aumentou porque a Petrobras terá que pagar R$ 2 bilhões em bônus para ter o direito de explorar o óleo excedente nas áreas da cessão onerosa de Búzios, entorno de Iara, Florim e nordeste de Tupi, que devem produzir de 10 bilhões a 14 bilhões de barris de óleo, segundo estimativa do governo. A companhia ainda fará a antecipação de parte do excedente de óleo, com a seguinte distribuição: R$ 2,0 bilhões no ano de 2015, R$ 3,0 bilhões em 2016, R$ 4,0 bilhões em 2017 e R$ 4,0 bilhões no ano de 2018. No total, a companhia pagará R$ 15 bilhões nestes próximos quatro anos.

“A Petrobras terá ainda mais desembolsos em um momento que ela precisa de mais caixa e conta com uma dívida bem grande, o que afeta as ações da companhia”, destaca a equipe de análise da XP Investimentos. O anúncio contrariou expectativas do mercado sobre o acordo da cessão onerosa. “A diretoria da Petrobras, em reuniões com o mercado, disse que não esperava nenhum impacto no caixa da empresa por conta dessa reavaliação de reservas. Parece que não será assim”, afirmou a Elite Corretora, em nota.

Porém, o cenário pode ser ainda pior. Segundo cálculos da Reuters, o desembolso antecipado pode ficar até 50% acima do valor divulgado por governo federal e estatal, podendo superar os R$ 22 bilhões até 2018. Isso porque o valor a ser pago depende ainda das variações no preço do petróleo e das variações cambiais.

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Ontem, informações divulgadas na mídia ainda apontaram que as informações do acordo não foram apresentadas para o conselho da companhiaNem todos os 10 diretores foram informados antes do anúncio do dia 24 de junho, disseram fontes, que solicitaram anonimato porque os assuntos do conselho são confidenciais.

MMX lidera perdas da semana
Como a maior queda da semana ficou a MMX, que despencou 12,10% no período após a divulgação de seu resultado do primeiro trimestreA mineradora teve prejuízo líquido de R$ 69,2 milhões entre janeiro e março deste ano, um aumento de 25,4% sobre igual período do ano passado.

A companhia, que no ano passado passou por reestruturação com venda de ativos devido a dificuldades financeiras que envolveram o grupo EBX, de Eike Batista, viu seu resultado ser influenciado pela ampliação do resultado financeiro negativo em quase três vezes, a R$ 129,2 milhões.

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Ontem, a empresa ainda afirmou que a busca por um parceiro para ajudar a financiar sua expansão tem sido mais difícil por causa da queda dos preços do minério de ferro. A MMX está buscando um parceiro para a mina no projeto Serra Azul, em Minas Gerais, enquanto lida com o colapso do conglomerado de petróleo, energia, mineração, construção naval e operações portuárias do empresário Eike Batista.

Educacionais têm as maiores altas
Na ponta positiva, a semana ficou com a Kroton e Anhanguera liderando os ganhos do Ibovespa, com altas de 4,97% e 4,66%, respectivamente, atingindo os R$ 62,25 e R$ 18,20. Com isso, a Kroton aumenta ainda mais a liderança no índice no acumulado anual, com alta de 59,60% em 2014 até o momento.

No noticiário, o destaque ficou para as informações do jornal O Estado de S. Paulo, que disse que o governo federal anunciará no segundo semestre a abertura de crédito educativo para 25 mil alunos de pós graduação. O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) da pós é uma das apostas é uma das apostas para ampliar o acesso, como ocorreu na graduação.

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Já o jornal Valor Econômico destacou em reportagem que a aprovação do PNE (Plano Nacional de Educação) deve levar a uma maior pressão para que o Fies seja estendido a cursos de graduação de ensino a distância. Atualmente, a política federal de acesso ao ensino superior atende apenas alunos matriculados em cursos presenciais.

Veja as maiores altas da semana no Ibovespa:

Ação Cotação Desempenho na semana
Kroton ON R$ 62,25 +4,97%
Anhanguera ON R$ 18,20 +4,66%
Rossi ON R$ 1,71 +4,27%
Eletropaulo PN R$ 10,70 +3,48%
Qualicorp ON R$ 25,80 +2,83%

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.