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Pessoa física x fundos: entenda o fluxo dos big players e crie vantagem no day trade

Os grandes fundos são obrigados a vender ativos quando há resgate dos cotistas mesmo a preços muito baixos o que gera distorções e desequilíbrios

Bruno Nadai

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Nicholas Kawasaki não é apenas um trader profissional, paralelamente às operações de curto prazo, ele também atua como gestor de um clube de investimentos, experiência que, segundo ele, ampliou sua percepção sobre os movimentos do mercado — principalmente durante momentos de estresse e queda generalizada.

O clube, criado há cerca de seis meses, ainda é pequeno. “Acho que a gente está com uns sete, oito cotistas, é pequeno, e pode entrar mais gente”, disse. Mas já apresenta resultado positivo.

No episódio 9 da 3ª temporada do programa A Arte do Trade, no canal GainCast, Kawasaki explicou como enxergar o mercado como gestor o ajudou a identificar uma vantagem que só a pessoa física tem: a agilidade para entrar e sair quando quiser, sem estar preso a obrigações de regras do fundo ou fluxo de cotistas.

Desequilíbrio do mercado

Kawasaki explica que, ao contrário do trader ou investidor pessoa física, o fundo é obrigado a desmontar posição quando recebe pedido de resgate — independente do preço.

Isso faz com que, em momentos de crise, muitos fundos vendam os ativos “a qualquer preço”, gerando distorções que podem ser aproveitadas por quem tem liberdade para escolher quando comprar ou vender.

“O cotista pediu resgate, o fundo é obrigado a vender a posição para devolver o dinheiro. Não tem ‘ah, tá barato, vou esperar subir’”, explica.

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Em momentos de crise, isso se intensifica com muitas solicitações de resgate por conta dos cotistas, dessa forma os gestores têm de liquidar as posições rapidamente — mesmo a preços muito abaixo do valor justo.

Segundo Kawasaki, é justamente aí que o trader pessoa física pode se aproveitar desse movimento.

“A gente (trader) não é obrigado a nada. A gente pode esperar, comprar no fundo e montar a posição com calma.”

— Nicholas Kawasaki, trader

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Grande player a seu favor

Segundo Kawasaki, entender esse mecanismo muda completamente a forma de agir — tanto no day trade quanto no posicionamento de médio e longo prazo.

Ao perceber por que os movimentos acontecem — e não apenas como — o trader consegue se posicionar do lado certo do fluxo, aproveitando distorções que passam despercebidas para quem olha apenas o candle do gráfico.

No day trade, a pessoa física pode se aproveitar do desequilíbrio da oferta e demanda que se forma quando os fundos de investimentos são obrigados a se desfazer de suas posições rapidamente.

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“Às vezes o cara é obrigado a vender a qualquer preço e você pega esse movimento na venda.”

— Nicholas Kawasaki, trader

Ao mesmo tempo, essa mesma leitura pode ser usada para planejar compras mais estratégicas para médio e longo prazo, já que o gestor institucional estará vendendo fora de qualquer racional de valor — apenas para honrar os resgates.

“Você também já está pensando onde vai comprar barato, porque o cara é obrigado a vender, e ele está vendendo fora de um racional de barato ou caro do fundamento da ação”, explica.

Esse raciocínio faz parte do que Kawasaki chama de “cabeça de trader e cabeça de gestor ao mesmo tempo”. Ao entender que os grandes fundos não têm a mesma liberdade operacional da pessoa física, ele ajusta a estratégia conforme o contexto.

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Na prática, essa é a principal diferença: enquanto o trader pessoa física pode zerar, inverter a mão — ou simplesmente ficar de fora — os fundos precisam seguir as regras e cumprir com os resgates solicitados.

Mais do que um detalhe operacional, isso cria oportunidades comportamentais que só quem tem flexibilidade consegue explorar.

Aproveitar o que o mercado entrega

Para Kawasaki, o papel de quem está “do lado de cá” é simplesmente aproveitar esses momentos — em vez de lutar contra eles.

“Como pessoa física, a gente tem que tirar vantagem das poucas vantagens que a gente tem no mercado”

— Nicholas Kawasaki, trader

É por isso que, nas quedas mais agressivas, sua primeira reação não é procurar a reversão — mas sim entender se existe alguém sendo obrigado a vender, e por quanto tempo essa pressão ainda pode continuar.

Se a leitura é de fluxo vendedor, ele atua do mesmo lado “até parar de sair lote”.

O resultado desse raciocínio é uma postura pragmática, que não tenta adivinhar o fundo do mercado, mas sim identificar o momento em que os grandes não têm alternativa.

E aí, sim, usar a flexibilidade da pessoa física como vantagem competitiva: vender quando todos são obrigados a vender — e comprar quando o fluxo vendedor parar.

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