Peso e bolsa sobem, mas outros ativos mantêm Argentina em alerta após controle de capitais

Os títulos internacionais denominados em euro e dólar caíam para mínimas recordes, enquanto peso no mercado paralelo também registrava queda

Lara Rizério

Bandeira da Argentina (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O peso argentino e o principal índice da bolsa argentina, o Merval, registram ganhos na sessão desta segunda-feira (2), após o país vizinho fixar um limite de US$ 10 mil por mês para a compra de moeda norte-americana por pessoas físicas. A alta do Merval é de 5,20%. 

A medida, anunciada neste domingo (1) pelo Banco Central da República Argentina (BCRA), vale a partir desta segunda-feira (2) e é uma tentativa de reduzir a disparada da cotação do dólar, que se acentuou na última semana. Acima de US$ 10 mil, será necessário pedir autorização à instituição.

O dólar registrava queda de 2,52% ante o peso argentino, a US$ 57,995, por volta das 11h30 (horário de Brasília).  

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Por outro lado, no mercado paralelo, o peso registrou queda de 1,56% para 64 pesos por dólar, segundo destacaram operadores para a agência Reuters, o que mostra uma divergência incomum que reflete a ansiedade dos investidores sobre o anúncio do controle de capitais. 

Já os prêmios de risco para manter em carteira os títulos em dólar da Argentina subiram para 2.534 pontos-base pelo índice do JPMorgan, patamar não visto pela última vez desde o grande default em 2001.

Os títulos internacionais denominados em euro e dólar caíam para mínimas recordes. Em dólar, os títulos caíam com vencimento em 2028 caíam mais de 2 centavos, para uma nova mínima de 36,58 centavos, de acordo com dados da Refinitiv. Os títulos com vencimento em 2023 e 2038 registraram perdas semelhantes. 

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Os títulos em euros com vencimento em 2022 caiu 9,2 centavos, para 35,8 centavos, enquanto o “bond” com vencimento em 2027 caiu 7,5 centavos para 33,218 centavos. 

Deterioração subestimada

De acordo com a análise da XP Investimentos, apesar da medida de controle de capitais não surpreender, a velocidade na qual a deterioração do quadro institucional e econômico da Argentina ocorre foi subestimada. Do total de US$ 57 bilhões de reservas internacionais, apenas US$ 15 bilhões são líquidas e passíveis de serem usadas pelo governo.

Do ponto de vista macro, a Argentina está em retrocesso com a alta possibilidade de ter um governo intervencionista e populista, destaca a XP. 

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O Credit Suisse, por sua vez, aponta que o anúncio de controle de capitais anunciado pelo governo argentino marca mais um capitulo na tentativa do presidente Mauricio Macri de sobreviver no governo e de conter a crise local.

O decreto mencionou que o governo acredita que esta medida seja necessária para garantir o normal funcionamento da economia, suportar a atividade e proteger os consumidores. O documento também mencionava como ” temporárias e urgentes”.

“O governo estava com poucas opções depois do anúncio da nova estratégia com relação ao endividamento que havia sido anunciada na ultima quarta”, afirma a equipe de análise do Credit. 

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De acordo com os economistas do banco, apesar das medidas de controle de capitais não serem tão amplas quanto as que foram tomadas no segundo mandato de Cristina Kirchner, o impacto adverso vindo desse movimento deve continuar minando o peso, particularmente no mercado paralelo. 

Além disso, apesar do governo ter comentando que estas medidas devem ser válidas atá o final do ano, não é improvável que sejam estendidas por um prazo maior. 

Na mesma linha, a XP ressalta que, apesar do favorito para ser presidente, Alberto Fernández, ter declarado várias vezes que seria contra a implementação do controle de capital, é muito possível que siga o fazendo.

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“Ainda assim, o FMI reconheceu a medida como gerenciamento do fluxo de capital e ‘continuará a apoiar a Argentina durante esses tempos difíceis'”, aponta a equipe da XP.

Ou seja, apesar do peso no mercado oficial e o índice da bolsa argentina subir forte com o anúncio, a moeda negociada no mercado paralelo e os preços dos títulos mantêm o alerta sobre a Argentina. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.