Para Sam Zell, momento do mercado é especulativo e governo dos EUA está quebrado

Investidor compara mercado de ações com dança das cadeiras e afirma que o cenário não é de investimento, mas sim de especulação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O bilionário investidor norte-americano Sam Zell não está gostando do que está vendo no mercado. Em um encontro de investidores realizado em Las Vegas esta semana, ele se diz cético em relação ao atual momento positivo das bolsas norte-americanas, onde o S&P 500 e Dow Jones operam em suas maiores cotações históricas, e afirma ter apenas uma certeza: “quando esse momento positivo acabar, não vai ser bonito”.

O investidor compara o mercado à um jogo de dança das cadeiras: “todo mundo está com medo porque eles estão andando em volta das cadeiras e precisam continuar porque a música está tocando”, explica Zell.

Ele completa afirmando que os investidores ficam ainda mais nervosos ao pensarem que não haverá lugar para sentar quando a música acabar. “Isto não é investir, isto é especulação”, conclui.

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Zell explica a comparação: a música da brincadeira é proveniente do Federal Reserve, que cria US$ 85 bilhões por mês que são usados para comprar títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas. Ele ainda afirma que essas medidas de liquidez coincidem com uma alta de 142% nos preços das ações desde as mínimas de março de 2009.

Nem as imobiliárias se salvam
Para o dono da Equity Group Investments, que construiu sua carreira de sucesso ao investir no setor imobiliário, esse tipo de investimento agora só faz parte de 30% de sua carteira, que ele diz ser a menor alocação que já teve.

“Eu não sou um cara de mercado de ações por si só”, disse Zell. Ele diz acreditar que a atual euforia do mercado se dá por uma má alocação de recursos, e acha que é muito difícil que isso não vá ser ajustado. “E eu espero que seja ajustado, ao invés de algo mais grave”, conclui Zell.

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Recuperação econômica preocupa
Por fim, o investidor disse estar mais preocupado com fatores maiores, que poderiam acabar com as esperanças de uma recuperação econômica nos EUA. Zell citou as taxas de juros, que estão em queda, entre outros fatores, e afirmou que as coisas podem dar terrivelmente errado para o país.

“Se os picos de taxas de juros atingirem 2% amanhã, provavelmente não vai afetar o meu negócio, mas o governo federal está quebrado. Sim, eles podem imprimir mais dinheiro para pagar os juros, mas isso já é um jogo que estamos jogando, que eu não acho que ninguém, inclusive eu, entende as implicações”, conclui Zell.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.