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SÃO PAULO – Muitos comemoraram o déficit primário de R$ 124,4 bilhões anunciado na última segunda-feira pelo governo para o acumulado de 2017. Isso porque o rombo veio abaixo dos R$ 159 bilhões projetados previamente, mas representou 1,9% do Produto Interno Bruto brasileiro e uma continuidade no crescimento da dívida pública.
O resultado, contudo, mantém o sinal de alerta em relação à saúde das contas da União, pelo fato de ter sido construído sobretudo à base de receitas extraordinárias e expressivos cortes de investimentos, embora um ritmo levemente acima do esperado da recuperação econômica também tenha contribuído.
A julgar pelo novo desempenho negativo, economistas chamam atenção para o fato de não ter havido ajuste fiscal suficiente, ainda que a retomada da economia tenda a contribuir elevando as receitas via tributos. Ou seja: seria necessário cortar mais despesas.
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Em 2017, o Governo Federal conheceu seu quarto ano seguido no vermelho, ao arrecadar R$ 1,38 trilhão em tributos, mas gastar R$ 124,4 bilhões além desse saldo. Mas para onde foi todo esse dinheiro?
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Quem ajuda a explicar a conta é o economista Richard Rytenband, co-fundador da Holding Timos, em sua coluna no portal R7. Ele lembra que foram repassados R$ 228,47 bilhões a Estados e municípios, restando R$ 1,15 trilhão de gastos da própria União. E como foi gasto esse R$ 1,27 trilhão em despesas, desconsiderando o pagamento de juros da dívida?
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1) Benefícios Previdenciários (INSS): R$ 557,23 bilhões
2) Pessoal e encargos (salário e previdência de servidores federais): R$ 284,04 bilhões
3) Outras despesas obrigatórias (abono, seguro desemprego, LOAS etc.): R$ 185,19 bilhões
4) Outras despesas: R$ 252,54 bilhões.
Na avaliação do especialista, parte da solução para o problema das contas públicas brasileiras passa por um ajuste nas contas da Previdência. “Apenas previdência social e despesas com pessoal somaram R$ 841,25 bilhões, o equivalente a 66% de toda despesa!”, diz em seu texto.
Conforme pontua Rytemband, o dinheiro que faltou dos tributos para fechar as despesas foi coberto via emissão de dívida pública, assim como os juros da dívida que também foram pagos com mais emissão de dívida. Sendo assim, empurra-se com a barriga uma conta salgada para as próximas gerações.
