Para Krugman, atuação do Fed na recuperação dos EUA foi decepcionante

No ano passado, economista chegou a fazer um apelo para que o Fed esperasse um pouco para começar a retirada do QE3

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Na contramão de muitos economistas, o vencedor do prêmio Nobel em 2008, Paul Krugman, disse que as políticas de afrouxamento monetário do Federal Reserve em prol da recuperação norte-americana não conseguiram alcançar as expectativas nelas depositadas. Durante evento realizado na última terça-feira (19) pela revista Carta Capital, o economista apontou a morosidade maior economia do mundo como reflexo do fracasso do plano conhecido como QE3 (Quantitative Easing 3), já em processo de retirada desde dezembro do ano passado.

“Os efeitos do QE3 foram decepcionantes. A economia segue com baixa performance persistente”, afirmou Krugman, ainda preocupado com os níveis do emprego no país e as taxas de inflação, que seguem em patamares baixos – o que deve indicar que a autoridade monetária americana ainda espere um tempo para começar o aumento na taxa de juros local.

Vale destacar que o índice de preços ao consumidor e os números do mercado de trabalho são os principais parâmetros usados pelo Fed para avaliar em que patamar se encontra a economia americana em seu processo de recuperação após a crise do “subprime”, em 2008 – a segunda maior do mundo desde o crash de 1929.

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A visão do vencedor do prêmio Nobel de Economia vai de encontro com as percepções do Federal Reserve – o banco central dos EUA -, que se mostra mais otimista com o reaquecimento da maior economia do mundo. Desde dezembro do ano passado, o Fed já cortou US$ 30 bilhões de seus embolsos mensais para estimular a retomada americana em 3 reuniões seguidas, sendo a última – realizada nesta quarta-feira- fazendo com que a autoridade monetária passasse a injetar mensalmente até US$ 55 bilhões no mercado do país via compra de títulos públicos, US$ 10 bilhões a menos que os estímulos aplicados no mês anterior.

Com isso, o programa de afrouxamento monetário começa a perder espaço, o que “enxuga” a economia do norte e limita a quantidade de dólares em circulação no mercado. Tal iniciativa de retirada do QE3 também foi duramente criticada por Krugman no ano passado, que fazia um apelo para que o Fed não iniciasse o chamado “tapering” em 2013, alegando ser muito cedo. Na época, o economista alertou que os cortes “poderiam danificar a já fraca recuperação, causando centenas de milhares de bilhões – senão trilhões – de dólares em danos para a economia, deixando centenas de milhares de trabalhadores adicionais sem emprego e danos inflacionários”.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.