Para diretor da Mirae Asset, parceria com Citi faz parte da estratégia da gestora

João Morais ainda falou sobre chegada ao Brasil no meio da crise, projeções para a economia do País e planos para o futuro

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SÃO PAULO – Neste mês, a gestora coreana Mirae Asset anunciou sua primeira parceria com uma grande instituição no Brasil. O Citi distribuirá o fundo Mirae Asset Ibovespa Ativo, que tem aplicação mínima de R$ 5 mil e a possibilidade de alocação de até 10% do valor em mercados internacionais como principal diferencial, segundo João Morais, diretor-executivo da gestora.

Em entrevista exclusiva ao Portal InfoMoney, Morais falou ainda sobre a estratégia da Mirae no Brasil, a vontade da empresa em expandir sua participação entre investidores nacionais e, mais para frente, institucionais, além das perspectivas para a economia brasileira e o apetite do investidor estrangeiro por aqui.

Confira a seguir a íntegra da entrevista:

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Portal InfoMoney: O Mirae Asset desembarcou no Brasil no ano em que a crise financeira mundial estourou. Como isso impactou as atividades no País?

João Morais: Uma coincidência é que a Mirae Asset foi criada na Coreia do Sul em plena crise asiática, e teve muito sucesso. Mas brincadeiras à parte, a empresa foi criada aqui em 2008, quando ainda estávamos no meio do furacão, mas já em 2009 houve uma forte recuperação dos mercados e do Brasil em particular.

Acabou até sendo um bom momento para entrar aqui, já que essa recuperação favoreceu a presença da empresa. Não trouxe prejuízos, já que a retomada foi substancial e continua se materializando. Você vê, nas crises estão as boas oportunidades.

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Nas crises estão 
as boas oportunidades”

O foco é mesmo gerir investimentos estrangeiros no Brasil ou isso é apenas uma estratégia inicial? Existem planos de expandir a atuação da Mirae Asset entre investidores daqui?

O objetivo da Mirae é ser gestora quer seja para investidores internacionais, com interesse em aplicar em ações brasileiras, quer também para investidores domésticos. Nós queremos desenvolver ambos os negócios.

Administramos atualmente em torno de R$ 2,1 bilhões no Brasil, e a maior parte desses recursos provém de investidores estrangeiros, mas nosso objetivo é desenvolver parcerias aqui e aumentar o volume de investidores locais, fornecer serviços de gestão para esses investidores.

A parceria com o Citi segue esse caminho?

A parceria é parte dessa estratégia, e a estabelecemos com um banco que também tem tradição com os investidores. É um exemplo muito concreto da estratégia de desenvolver os negócios com investidores no Brasil.

Qual é a principal diferencial dos fundos da Mirae Asset?

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Nossa estratégia, de uma forma geral, contempla a possibilidade de aplicar parcialmente (até 10%) no mercado internacional, é um diferencial que nós oferecemos.

Somos especialistas em mercados emergentes e procuramos nos beneficiar disso. Assim, quando julgarmos conveniente, nós podemos autorizar essa flexibilidade para fazer alocações internacionais.

Como a parceria foi negociada? Foi uma iniciativa de vocês?

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O Citi e a Mirae já têm uma parceria na Coreia e, conversando no Brasil, nós entendemos que faria sentido essa parceria aqui também. O Citi é o distribuidor, então cabe a ele definir se o produto faz ou não sentido, e acredito que eles chegaram à conclusão de que o produto seria interessante na grade do banco.

Existem setores ou empresas que parecem mais atraentes atualmente? Como é pensada a estratégia de investimentos da Mirae?

De uma forma geral, temos uma visão positiva para médio e longo prazo para o País. E somos gestores que utilizam a análise fundamentalista de forma bastante precisa. Estudamos setores e empresas e procuramos encontrar valor intrínseco nas companhias em que investimos. É essa estratégia que norteia nossos investimentos.

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Estamos sempre procurando quais são as empresas e setores que nos parecem mais atraentes e existe rotatividade em nossos investimentos, ao longo do tempo.

O ponto importante é que nosso portfólio é basicamente constituído de empresas que nós acreditamos que tenham valor intrínseco e que de fato são sustentáveis competitivamente no médio e longo prazo.

“Nosso portfólio é constituído de empresas
que nós acreditamos que tenham valor intrínseco”

Em termos de Brasil, há maturidade econômica: o PIB (Produto Interno Bruto) é muito mais sustentável, a fase da economia brasileira é mais madura. Para o longo prazo, temos expectativa de diminuição dos juros reais e aumento de renda, o que também eleva a receita das empresas no setor doméstico. E acreditamos que assim o índice Bovespa tenderá a refletir essa nova realidade das empresas. São fatores positivos para o mercado acionário no médio e longo prazo.

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E o interesse do investidor estrangeiro pelo Brasil, como está atualmente? O apetite diminuiu ou aumentou desde a chegada de vocês ao País?

O apetite continua firme, boa parte do volume que temos aqui é de investidores internacionais. Houve um aporte inicial  interessante em ações brasileiras e o interesse desse investidor pelo Brasil continua bastante acentuado, pelas perspectivas econômicas que o País tem.

Existe a intenção de trazer outros serviços realizados pela Mirae em outras praças mundiais, como a gestão de fortunas, por exemplo, para o Brasil?

Nesta fase, estamos consolidando a operação. Já fazemos serviço de gestão para investidores internacionais e estamos consolidando primeiramente esse processo de desenvolver parcerias com outras casas no Brasil para incrementar os nossos serviços junto aos investidores brasileiros, através de parcerias de distribuição.

Esse é o objetivo mais importante a ser alcançado no curto prazo. Obviamente que ao longo do tempo nós vamos ter outros objetivos em nosso radar, mas para já é importante estar bem focado e fazer bem a lição de casa.

Existem planos de parcerias já em andamento? Qual deve ser a estratégia da Mirae para ampliar sua participação no mercado financeiro brasileiro, além dessas parcerias?

Sim, existem parcerias sendo conversadas, e nós as anunciaremos quando elas forem fechadas. E também olhamos com bastante interesse o segmento institucional. Acreditamos que haverá em algum momento intenção de diversificação, e queremos estar presentes oferecendo produtos locais que possam ter a possibilidade de investir fora, que permitam diversificação para os mercados globais, em particular para os mercados emergentes, que é nossa especialidade.