Para analistas, choque prometido por Guedes não vai sair

A visão é que, no caso brasileiro, a pandemia não foi a única responsável pela mudança de rota da política econômica

Estadão Conteúdo

(Marcos Corrêa/PR)

Publicidade

Especialistas brasileiros divergem nas avaliações sobre os rumos do liberalismo no País, principalmente após a pandemia. Mas todos concordam em um ponto: a promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de adotar um choque liberal no País – feita no período de campanha presidencial – não se concretizará. A visão é que, no caso brasileiro, a pandemia não foi a única responsável pela mudança de rota da política econômica. Antes, o próprio ministro já não conseguia avançar com o projeto liberal da Escola de Chicago, dizem economistas de diferentes vertentes.

Presidente da Associação Keynesiana Brasileira, Fábio Terra destaca que o liberalismo vinha com força no Brasil antes da pandemia, mas, no mundo, já havia uma tendência de maior intervenção na economia desde a crise de 2008, quando Estados tiveram de salvar dezenas de bancos e nunca voltaram ao patamar anterior à recessão. “Depois da pandemia, deve haver algo parecido”, diz.

Para a diretora de privatizações do BNDES entre 1994 e 1996, Elena Landau, no entanto, os Estados não cresceram durante a pandemia, pois não aumentaram os serviços prestados. Eles apenas elevaram a liquidez e os desembolsos, diz. “Isso não vai se manter, porque não há, nem aqui nem no mundo, capacidade financeira.”

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Elena diz ainda que a covid-19 “coloca uma responsabilidade grande no liberalismo”, para que haja maior justiça social. “O liberalismo não é contra a atuação do Estado na área social. Faz parte da agenda liberal até pensar em renda mínima. Mas o Estado não pode ser capturado pelo corporativismo.”

O economista Eduardo Giannetti se limita a dizer que não será possível que o gasto público continue avançando na mesma velocidade de 2020, mas destaca que o liberalismo tem mais de 250 anos e vem sobrevivendo a crises e guerras por ser “capaz de dar respostas às questões”. “Não tenho a menor dúvida de que esse campo de pensamento que privilegia a liberdade e as regras do jogo de uma economia competitiva de mercado continuará sendo uma força muito relevante no debate público e na orientação das políticas econômicas”, frisa. “Agora, não vamos confundir o liberalismo com essa versão empobrecida representada no Brasil pelo Paulo Guedes”, acrescenta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Continua depois da publicidade

Quer fazer da Bolsa sua nova fonte de renda em 2021? Série gratuita do InfoMoney mostra o passo a passo para se tornar um Full Trader – clique para assistir!