Papel da CPFL é boa opção de compra, mesmo estando “caro”

Para analistas, empresa tem bons fundamentos e paga bastantes dividendos, mas ações operam com prêmio em relação a setor

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SÃO PAULO – A recuperação da economia brasileira e da produção industrial trazem consigo perspectivas de ganhos para as empresas de energia elétrica em 2010. No caso da CPFL (CPFE3), apesar das boas premissas da companhia, o papel ainda é considerado “caro” pelo mercado.

Segundo Osmar Camilo, analista da Socopa Corretora, a ação CPFE3 opera atualmente com prêmio em relação a seus pares do mercado brasileiro, justamente pela boa gestão da empresa e sua política de pagamento de dividendos.

“A gestão da empresa é muito profissional, transparente, ela está no Novo Mercado da Bovespa, o que justifica em parte seu preço mais alto”, explica Camilo.

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Capacidade maior
Ele conta que, para este ano, a CPFL pretende aumentar sua área de geração de energia, uma vez que o forte da empresa está ainda na distribuição, o que seria um fator positivo para a empresa.

“Em 2010, alguns projetos de geração vão entrar na CPFL. Ela deve incorporar ao seu parque gerador mais de 240 megawatts de potência instalada.”

Bons dividendos, ação estável
Além da avaliação positiva de sua gestão, o analista da Socopa comenta que a empresa também é uma forte pagadora de dividendos, com cerca de 95% de seu lucro sendo repassado aos acionistas na forma de proventos.

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Porém, Camilo fala que, ao contrário de seu desempenho no campo dos dividendos, o desempenho dos ativos da empresa é bastante estável devido à falta de drivers que movimentem seu cenário.

“Desde 2007, as ações da CPFL subiram apenas 50%. Somente em 2009, a empresa teve alta de 30% ante 80% do Ibovespa e de outros papéis do setor elétrico”, destaca.

Para Camilo, isso tem afugentado um pouco investidores interessados em papéis de rápido retorno e valorização. “A empresa, por fundamento, é muito boa, o problema é sua estabilidade de operação. Mas, é uma ótima opção a longo prazo”, fala.

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A Socopa recomenda compra para os ativos da CFFL e projeta preço-justo de R$ 45,00 para os papéis da empresa em 2010, com potencial de valorização de 24% ante o último fechamento (R$ 36,30).

Potencial de crescimento
Também acreditando na evolução da CPFL estão os analistas da Brascan Corretora. Dentre a lista de ações recomendadas em sua carteira para janeiro, a corretora coloca a CPFE3 como a preferida do setor de energia elétrica.

“Em nossa visão, a estratégia de crescimento da CPFL Energia no setor é um dos diferenciais em relação aos seus players”, comentam. A corretora estima um preço-alvo de R$ 44,85 para o final do ano (potencial de valorização de 23,55%) e recomenda “outperform” (desempenho acima do mercado) para os papéis ordinários da companhia.

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“Acreditamos que a empresa está bem posicionada estrategicamente em seu mercado de atuação, com a diversificação das suas atividades de geração, distribuição e comercialização de energia”, sublinham.

A equipe de research da Brascan espera recuperação nos resultados da CPFL neste ano, em função principalmente dos sinais de aumento no consumo de energia. “A empresa é uma das principais beneficiadas com a retomada da atividade econômica, dado o posicionamento das suas distribuidoras de energia, com elevada exposição aos clientes industriais, como também ao mercado livre”, justificam.

Demanda acelerada
Segundo o analista Rafael Quintanilha, da Brascan, em 2010 o setor elétrico apresentará uma recuperação, tanto na parte de demanda quanto no consumo final de energia, principalmente no segmento industrial, que foi impactado negativamente pelos efeitos da crise financeira global.

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“Estamos mais confiantes com o desempenho do setor elétrico em 2010, principalmente no que diz respeito à continuidade do crescimento da geração de caixa das companhias, como resultado das perspectivas mais otimistas para a economia local”, comenta Quintanilha.

O analista projeta uma taxa de crescimento de 5,4% no consumo de energia em 2010, comparado ao registrado em 2009, tendo como base as novas projeções macroeconômicas e o novo aumento na demanda por energia de 7,2%.

“Neste sentido, preferimos a alocação de recursos nas ações das companhias com uma maior exposição ao segmento industrial, responsável por aproximadamente 46,1% do consumo consolidado no Brasil, em adição ao potencial de criação de valor aos seus acionistas”, fala.

Riscos
O analista Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora, destaca que justamente por ser uma empresa sem drivers, a CPFL não possui riscos grandes pertinentes a ela neste ano. “Ela tem grande possibilidade de ficar parada este ano, sem grande movimentações em aquisições e projetos de greenfield, principalmente em um mercado onde a Cemig é consolidadora”, frisa Corrêa.

Já para a Brascan, o único risco mais forte da companhia elétrica este ano é sua participação em algum consórcio para a disputa no leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, acima da fatia prevista de 20%. “Isso pode comprometer sua alavancagem financeira e, consequentemente, o fluxo de dividendos ao longo dos próximos quatro a cinco anos”, comentam os analistas.