Pânico foi exagerado: Ibovespa salta 2,5%, apaga queda da véspera e mantém tendência de alta

Índice chegou a cair mais de 1% durante a manhã ainda com o mercado tenso pela forte queda da véspera

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após operar em queda durante toda a manhã, o Ibovespa virou com força para alta logo que a bolsa americana abriu, às 12h30 (horário de Brasília), com o índice chegando a saltar mais de 1.500 pontos em 15 minutos. No exterior, os três índices norte-americanos abriram em queda, mas em poucos minutos também iniciaram uma forte reação, tendo um dia de forte volatilidade e caminhando para fechar com ganhos de mais de 1%.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com forte alta de 2,48%, cotado a 83.894 pontos, próximo da máxima do dia, em seu melhor pregão desde o julgamento do ex-presidente Lula, em 24 de janeiro. O volume financeiro ficou em R$ 16,982 bilhões. O movimento também afetou o dólar, que após chegar a subir quase 1%, virou e fechou com queda de 0,03%, cotado a R$ 3,2461 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março, registrou perdas de 0,70%, para R$ 3,2485.

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Na véspera, o editor-chefe e analista do InfoMoney, Thiago Salomão, já havia destacado que uma queda sem um grande motivo não justificava a venda de ações, podendo até ser uma boa oportunidade de compra para quem ainda não havia entrado no mercado. Para conferir a análise completa, clique aqui.

Entre alguns dos motivos apontados por analistas para o sentimento negativo neste momento esta a disparada de yields, dúvidas com futuras decisões do Federal Reserve, indicadores técnicos esticados (ou seja, avaliação de que o mercado havia subido muito) e avaliações exageradas para o mercado como um todo.

Apesar disso, nenhum destes motivos pode ser apontado como fator determinante, valendo destacar ainda possíveis ordens de “stop” em fundos e gestoras, que acabam gerando um “efeito cascata” quando ocorre um movimento muito forte de queda no mercado.

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Suporte decisivo para o Ibovespa

Marcando a maior queda desde 18 de maio, quando recuou 8,8% com as revelações de Joesley Batista, o índice consolidou no pregão passado um “Topo Duplo” (M) formado entre 26 de janeiro e 2 fevereiro, atingindo neste pregão o objetivo de queda em 81.675 pontos, por onde passa a média móvel de 21 dias, principal referência de suporte de curto prazo.

Por conta disso da importância do patamar, fica a expectativa que esta reação seja comprovada neste pregão, ou seja, a formação de um candle de reversão sobre o último topo rompido, que caso confirmado irá retomar a tendência de alta principal do mercado, abrindo caminho para o fundo perdido em 83.680 pontos. Vale lembrar que uma queda até 79.440 pontos deve ser vista como algo natural pelo investidor, tendo em vista a disparada do mercado desde dezembro do ano passado.

Destaques de ações
Entre as maiores altas do dia, destaque para os papéis da TIM e da Eletrobras, que saltaram mais de 6%, seguidos de perto por siderúrgicas e Vale. Já na ponta negativa, chamaram atenção as ações da empresas de shopping center, como BR Malls, Multiplan e Iguatemi, que lideraram as perdas do dia.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 TIMP3 TIM PART S/AON 13,94 +6,98 +6,41 101,32M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 24,47 +6,62 +7,80 86,44M
 GGBR4 GERDAU PN 14,57 +6,04 +17,69 173,61M
 ELET3 ELETROBRAS ON 20,89 +5,56 +8,01 61,65M
 VALE3 VALE ON 42,47 +5,25 +5,49 1,08B

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 70,30 -2,29 -0,85 107,96M
 IGTA3 IGUATEMI ON 40,86 -1,83 +3,73 96,75M
 FIBR3 FIBRIA ON 54,31 -1,52 +13,50 132,27M
 RENT3 LOCALIZA ON 24,69 -1,24 +11,92 120,62M
 BRML3 BR MALLS PARON 12,45 -1,03 -2,20 116,78M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 51,83 +3,60 3,04B 654,85M 54.544 
 PETR4 PETROBRAS PN 19,99 +4,99 1,44B 893,71M 62.147 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 38,70 +2,38 1,22B 463,87M 51.308 
 VALE3 VALE ON 42,47 +5,25 1,08B 687,57M 48.878 
 BBAS3 BRASIL ON 39,75 +4,39 485,24M 391,29M 33.826 
 BVMF3 B3 ON 24,99 +0,32 457,88M 243,82M 42.449 
 PETR3 PETROBRAS ON 21,60 +5,01 362,75M 188,87M 39.621 
 ITSA4 ITAUSA PN 13,09 +3,89 337,02M 213,19M 35.341 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 21,62 -0,28 332,71M 245,50M 37.429 
 USIM5 USIMINAS PNA 11,70 +2,99 309,26M 202,87M 25.530 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Reforma da Previdência

Com a volta dos trabalhos no Congresso, a reforma da Previdência está em ritmo de “ou tudo ou nada” para ser aprovada esse ano. Após participar da abertura do ano legislativo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a afirmar que o prazo final de votação da reforma da Previdência é fevereiro. Ele, no entanto, admitiu que ainda não há consenso sobre a proposta e que será necessário buscar uma solução nas próximas semanas. O relator da reforma, Arthur Maia (PPS-BA), também reforçou a colocação.

Em entrevista à Rede TV! na noite de ontem, o presidente Michel Temer afirmou que faltam “só 40 votos” para o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência na Câmara. A entrevista foi gravada na sexta-feira. O presidente declarou ainda que, conforme o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, há 70 indecisos que podem decidir votar com o governo nas próximas duas semanas. Segundo Temer, o Congresso pode pegar “uma onda que traz os votos com facilidade”.

Contudo, apontou uma fonte à Bloomberg, o número de intenções de votos pró-reforma está entre 240 a 250 dos 308 necessários para aprovar a proposta, ante 270 no fim de 2017. A consultoria de risco político Eurasia também apontou diminuição da probabilidade de 30% da reforma, mesmo com relator provavelmente apresentando proposta mais diluída.

Eleições de 2018

As movimentações para as eleições também seguem no radar. Segundo o Valor, mal posicionado nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial, o PSD deve desistir da candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A sigla deve interromper nas próximas semanas articulações para viabilizar uma candidatura presidencial própria.

Enquanto isso, a coluna Painel, da Folha, informa que Fernando Henrique Cardoso recebeu pesquisa qualitativa que trata exclusivamente sobre a viabilidade eleitoral de Luciano Huck. Segundo a coluna, o estudo faz cruzamentos sobre o perfil do apresentador e os anseios do eleitorado – o resultado mostra, segundo aliados de FHC, que Huck tem “potencialmente muita chance” se entrar na disputa. Enquanto isso, alvo de desconfianças no próprio partido, Geraldo Alckmin começou a se mover com mais desenvoltura, informa a coluna da Folha. O governador de São Paulo almoçou ontem com Gilberto Kassab, cacique do PSD e entusiasta de uma aliança com os tucanos no Estado.

Vale destacar que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, toma posse hoje no cargo de presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A cerimônia está prevista para as 19h e deverá contar com a presença do presidente Michel Temer e de autoridades do Legislativo e do Judiciário.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.