Os motivos (além do resultado) para a queda de 4,7% das ações do Pão de Açúcar na sessão desta quinta-feira

Investidores embolsando os ganhos registrados desde a cisão do Assaí, ação ficando "ex-dividendo" e viabilidade para sair da Cnova no radar

Lara Rizério

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O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) viu suas ações em queda de mais de 4% após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre: os ativos PCAR3 fecharam em baixa de 4,71%, a R$ 36,00. A rede de supermercados teve lucro líquido de R$ 127 milhões no primeiro trimestre, ante prejuízo de R$ 119 milhões  um ano antes, favorecido por aumento das vendas e redução das despesas.

O grupo controlado pelo francês Casino e que concluiu em março a cisão do braço de atacarejo Assaí (ASAI3), viu sua receita líquida de janeiro a março somar R$ 12,45 bilhões, aumento de 4,9% em 12 meses.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado somou R$ 935 milhões, alta de 36% ano a ano, beneficiado por eficiências comerciais e controle das despesas no Brasil. A margem Ebitda subiu 1,7 ponto percentual, para 7,5%.

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As vendas mesmas lojas caíram 0,7%, pressionadas por impactos da pandemia nas operações do grupo Êxito na Colômbia e Uruguai. No Brasil, as vendas mesmas lojas subiram 1,1% no primeiro trimestre.

Sem o impacto da Covid-19, o GPA afirma que as vendas mesmas lojas teriam subido 4,8% no nível consolidado e 5% no Brasil.

“O cenário de vendas permanece em crescimento no trimestre, mesmo impactado por desafios relacionados principalmente ao contexto macroeconômico e pandemia, com severas medidas restritivas envolvendo fechamento de lojas aos finais de semana, horário de abertura reduzidos e proibição da venda de algumas categorias”, afirmou o GPA no relatório.

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Na linha outras despesas operacionais, o resultado negativo foi 71,9% menor na comparação anual, para um déficit de R$ 60 milhões.

Em termos de margem bruta, um dos principais indicadores do varejo alimentar, houve expansão tanto no GPA Brasil quanto no Éxito, com a margem bruta consolidada saindo de 24,8% no ano passado para 26,1% um ganho importante, de modo a obter um crescimento de lucro bruto de 10,3 por cento, chegando a 3,25 bilhões de reais.

De acordo com a Levante Ideias de Investimentos, os resultados foram abaixo do esperado, mas as ações também reagem a uma possível realização de lucros, pois as ações PCAR3 já acumulam alta de quase 100% desde a cisão parcial (spin-off) com o Assaí.

O dia 5 de maio também foi a última “data COM” para os dividendos anunciados, ou seja, a partir desta quinta-feira (6) as ações passaram a ser negociadas sem o direito de recebimento dos últimos proventos anunciados, com retorno de proventos calculados em pouco mais de 5%, podendo desencadear uma onda de vendas no curto prazo.

“Podemos enxergar de duas maneiras distintas o resultado de GPA. Por um lado, a companhia ainda sofre para melhorar as margens líquidas, ainda puxadas para baixo pelos resultados de seus negócios paralelos em desenvolvimento (James Delivery, Stix e Cheftime, entre outros), além de uma despesa financeira consideravelmente alta relativa aos passivos de arrendamento e custo da dívida. Pelo outro lado, o resultado foi impactado pelo fim do auxílio emergencial, restrições de circulação, limitação no horário de operação de suas unidades e ainda o processo de reforma de lojas ainda em curso, o que ainda tem o potencial de ganhar tração e acelerar os resultados à frente”, destacam os analistas.

Já os analistas da XP também apontaram dois lados do balanço da companhia: a performance de vendas (moeda constante) foi mais fraca do que esperado; porém, houve uma melhora na rentabilidade tanto no Brasil quanto no Grupo Éxito.

Porém, apesar de terem uma visão positiva em relação às iniciativas da companhia e verem riscos positivos para o papel, os analistas da XP avaliam que parte disso já está refletido no nível de valuation atual.

Além disso, veem desafios para que a venda da participação da Cnova seja concretizada no curto prazo, mantendo assim a recomendação neutra e preço-alvo de R$ 39 por ação.

O grupo Casino (controlador do GPA) está avaliando a abertura de capital de um de seus ativos de energia, Greenyellow, além de uma possível venda da Cnova, companhia de varejo eletrônico controlado pelo grupo.

O GPA detém cerca de 34% de participação no capital da Cnova, que vale cerca de R$ 7,4 bilhões, considerando o fechamento mais recente das ações da Cnova a 10 euros por ação e uma taxa de câmbio de 6,44 reais por euro. O valor é cerca de 71% do valor de mercado atual do GPA, de R$ 10,5 bilhões, destaca a Levante.

A equipe de análise ressalta que, caso a venda da Cnova seja efetivada e a totalidade dos recursos entre no caixa da companhia,  significa que o GPA estaria valendo apenas R$ 3,1 bilhões.

Além disso, se considerada uma baixa necessidade de caixa para investimentos do GPA (baixo endividamento, e investimentos em capital também relativamente baixo à geração de caixa) e a empresa fosse distribuir um quarto do valor total da venda da Cnova, representaria um montante de R$ 1,86 bilhão ou 17,8% de retorno em dividendos extraordinários, em um ambiente de Selic recém-elevada para 3,50% ao ano

“Essa conta é um mero exercício. Porém, ela serve para mostrar o quanto ainda é possível destravar valor dentro do GPA, mesmo com o resultado ainda demorando a recuperar completamente para os níveis ideais de rentabilidade”, apontam os analistas da Levante.

Contudo, ainda há dúvidas sobre se a operação realmente vai acontecer: esse fator , associado à forte alta recente das ações, fazendo os investidores embolsarem os lucros, contribui para a queda dos ativos na sessão.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.