Os fatores por trás do crash de 1929, a onda de pânico de Nova York

Muito comparado à crise atual, episódio é único: o tumulto, a estratégia da reabertura e as consequências assustadoras

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Depois da maior queda da história das bolsas, Pregões Incríveis segue entre os maiores tombos já vistos. Desta vez, voltamos à crise de 1929, ao crash da bolsa de Nova York. No meio de um período de incertezas, contamos os fatos que levaram à maior demonstração de pânico que as ações assistiram.

Com o estouro da atual crise em 2007, diversos paralelos foram traçados com o crash de 1929. Algumas semelhanças são evidentes, mas há diferenças respeitáveis. Por mais que se tente, na balança, não dá para comparar os dois eventos; a história a seguir é assustadora como a crise do ano passado, mas suas consequências dificilmente serão revividas.

A prosperidade

Mais uma vez, fica a evidência que um movimento devastador do mercado é precedido por um período de esplendor. De 1925 a 1929, os mercados norte-americanos respiravam a reviravolta da economia do país. De devedores, os Estados Unidos se tornaram credores da economia mundial após a primeira guerra, eram os maiores fornecedores e financiadores da reconstrução dos países europeus que haviam sido destruídos pelos conflitos.

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O preço das ações subia no ritmo das perspectivas que eram alimentadas com o país. O índice Dow Jones, naquela época na casa dos 380 pontos, vinha de cinco anos de bull market. A continuidade dos ganhos neste intervalo atraiu muitos investidores para a bolsa, o que gerou uma onda de especulação; papéis com preços surreais se comparados ao valor intrínseco dos ativos que representavam.

O caos

No pico de 381 pontos, em setembro de 1929, o Dow Jones começou a olhar para a economia e não encontrar o mesmo esplendor. Os investidores passaram a perceber que o retrato não era o mesmo, há tempo. Por volta de 1926, os países europeus começavam a caminhar sozinhos novamente, comprar menos dos Estados Unidos pouco a pouco.

Por outro lado, o esplendor interno guiou a produção industrial e agrícola dos Estados Unidos a uma expansão agressiva, mas os salários não acompanhavam este ritmo. Restrições à demanda, tanto no mercado doméstico quanto internacional. O ritmo mais lento de expansão dos salários também refletia a evolução dos métodos de mecanização da produção industrial e agrícola. O resultado não poderia ser outro: crise de superprodução.

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O Crash

Com muita oferta e poucos consumidores, o problema estava criado. O ritmo de desaceleração que atingiu a economia levou um pouco a ser percebido pelo mercado acionário. Os agricultores estavam estocando produção e a indústria demitia e reduzia o ritmo, gerando capacidade ociosa. O preço das ações ainda estava lá em cima.

Depois de seu pico, o Dow Jones cedeu à instabilidade. Passou dois meses de muita volatilidade, com duras baixas seguidas de tentativas de recuperação. Até chegar o pregão de 24 de outubro de 1929, o crash. Uma onda de pânico tomou conta do mercado, uma onda vendedora nunca antes vista. Naquela quinta-feira, o volume havia atingiu nível recorde, com aproximadamente 13 milhões de ações negociadas.

Mas todos vendiam e poucos compravam. Como consequência, os preços sofreram. Em 24 de outubro, o Dow Jones caiu 12,9%, com uma multidão em Wall Street e muito tumulto na NYSE (New York Stock Exchange). O investimento em ações ganhou muito em popularidade com os cinco anos anteriores de altas da bolsa, e bancos passaram a desenvolver novas ferramentas para o ingresso de novos investidores no mercado. Quando a bolha estourou, o pânico se disseminou rapidamente.

A reabertura

Ficou inviável continuar os negócios. A próxima sexta-feira (25/10/1929) abria com a ameaça de continuidade do crash. Aí então, diversos expoentes do mercado na época, entre eles, CEOs (Chief Executive Officers) de bancos como Morgan Bank e Chase National Bank – que ainda viriam a se fundir – e autoridades da bolsa. Com os recursos das instituições financeiras, a ideia era abrir o pregão com ofertas muito altas para determinadas ações, como as da siderúrgica US Steel. A estratégia tornou a sessão da sexta-feira viável.

No entanto, os jornais norte-americanos passaram o final de semana repercutindo os fatos daquele crash, que assumiram proporções dramáticas e trouxeram de volta a onda de pânico para a abertura da próxima semana. Destaque para a terça-feira negra (29/10/1929), em que membros da família Rockfeller e instituições financeiras voltaram a se unir para lançar ofertas de ações e evitar novas baixas. A estratégia não foi bem sucedida desta vez e a bolsa enfrentou nova baixa de 12%.

Assustador

No saldo desta semana, a bolsa de Nova York perdeu cerca de US$ 30 bilhões em valor, mais que o total aplicado pelos Estados Unidos na primeira guerra, dez vezes mais que o orçamento governamental norte-americano na época.

Algumas teorias limitam o peso da desaceleração econômica no crash, argumentando que a bolsa ainda não via evidências suficientes da crise econômica, apontando outros fatores como principais causadores do crash, como maior correlação com a atividade especulativa. De fato, as semelhanças com a crise atual são diversas, mas diferenças com a presença do Fed atualmente minimizam a possibilidade de consequências equivalentes.

Pudera. O mercado só conseguiu recuperar os patamares anteriores ao crash de 1929 um quarto de século depois, no final de 1954.

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