“Os BRICs estão mortos; vivam os TICKs”, afirma o Financial Times

Publicação britânica sugere trocar o Brasil e a Rússia, mais intensivos em commodities, por Taiwan e Coreia do Sul, mais intensivos em tecnologia, criando a nova sigla

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Os BRICs estão mortos. Vivam os TICKs”.

É o que afirma o Financial Times em matéria desta quinta-feira. A sigla criada em 2001 pelo então economista sênior do Goldman Sachs Jim O’Neill para definir a crença de que o quarteto Brasil, Índia, Rússia e China seria os motores do crescimento mundial sofreu um duro golpe. Principalmente por conta do Brasil e da Rússia, afirma o jornal. O Goldman, por sinal, encerrou o seu fundo Brics depois de fortes perdas. 

E, em seu lugar, os gestores de fundos dos mercados emergentes parecem ter visto um substituto em potencial – os TICKs (Taiwan, India, China e Korea) são formados pelos países intensivos em tecnologia Taiwan e Coreia do Sul, em substituição aos exportadores de commodities Brasil e Rússia.

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“Além de um acrônimo cativante (Tick significa carrapato em inglês), o realinhamento nos diz muito sobre a natureza mutável dos mercados emergentes – e do mundo em geral – com serviços, em especial, a tecnologia, em alta, enquanto as commodities estão em baixa”, afirma o Financial Times. 

A publicação ouviu diversos especialistas e destaca a “nova ordem das coisas”, com uma maior relevância do desenvolvimento tecnológico e ressaltando a elevação das aplicações dos fundos que seguem os emergentes nestes mercados. O Copley, por exemplo, aplica 54% nos Ticks, acima dos 40% de abril de 2013, enquanto o coeficiente em aplicação nos Brics está abaixo de 40%, apesar de um forte aumento de aplicações na China.

Casas como JPMorgan, Nordea e Swedbank têm uma exposição de pelo menos 35% apenas para Taiwan e Coreia e em pelo menos alguns de seus fundos, enquanto os veículos geridos por Carmignac, Fidelity e Baillie Gifford têm uma exposição de 3% ou menos para o Brasil e para a Rússia.

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O estrategista da Investec Asset Management, Michael Power, chega a sugerir que a tendência pode ser cíclica. Todos os TICKs (com exceção da Índia, que tem um pequeno déficit de conta corrente) estão no mesmo quadrante de uma matriz que ele usa para distinguir os países emergentes, que compreende exportadores de bens manufaturados com um excedentes nas contas externas. Porém, o fator estrutural também é importante: o quadrante habitado pela maior parte dos “TICKs” sempre tem uma performance melhor em termos ajustados ao risco ao longo de um ciclo econômico, o que sugere um aumento da exposição de fundos nestes países. 

“Seja qual for a verdade, a mudança do índice MSCI de commodities para o setor de tecnologia levanta uma questão em saber por que as ações de mercados emergentes ainda são tão impulsionadas pelo sentimento em relação às commodities”, conclui o FT. 

Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que é criada uma sigla para substituir os Brics. Em meio ao menor encantamento com relação aos países-membro, diversos bancos e instituições criaram novos termos: MINTs, MISTs, CIVETs, KOMETs, foram alguns deles. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.