Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira no que ficar de olho nesta segunda e na semana antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em dia de vencimento de opções sobre ações na bolsa brasileira, os investidores ficam de olho na forte alta das commodities, que ajuda a amenizar a queda dos mercados acionários globais em meio às tensões políticas nos EUA e de olho nas sinalizações de bancos centrais. Confira os destaques desta segunda e da semana:

1. Bolsas mundiais

As bolsas mundiais têm uma sessão indefinida, com o mercado de olho nas potenciais sinalizações sobre os juros do Federal Reserve e BCE (Banco Central Europeu) durante a semana e também de olho na tensão com a Coreia do Norte. No noticiário econômico, a chairwoman do Fed Janet Yellen fala no dia 25 e mercado vai checar se está mantida a última sinalização da ata do FOMC, de que o BC americano segue vendo a inflação em nível baixo, favorecendo um quadro de liquidez abundante que beneficia os ativos emergentes. Draghi, por sua vez, fala no dia 23, após ata do BC europeu mostrar preocupação com a apreciação do euro. 

Já as bolsas da Ásia fecharam sem direção única, com os investidores acompanhando os desdobramentos políticos nos EUA e o início de exercícios militares conjuntos de tropas americanas e sul-coreanas na Península Coreana.   Em Seul, o índice Kospi recuou 0,14%, a 2.355,00 pontos, no primeiro de onze dias previstos dos exercícios militares anuais dos EUA e da Coreia do Sul, que ocorrem poucas semanas após uma acalorada troca de ameaças entre Washington e o regime da Coreia do Norte. 

Na China, por outro lado, as bolsas avançaram em meio à retomada dos negócios com ações da operadora de telecomunicações China Unicom, que atingiu o limite diário de valorização de 10% em Xangai, após divulgar resultados semestrais na semana passada e um plano de reforma societária que recebeu o aval de Pequim ontem. A Unicom não era negociada desde 31 de março.  Também continua no radar o intrincado cenário político em Washington, que dificulta a eventual implementação de reformas favoráveis aos negócios pelo governo dos EUA mais adiante. Na semana passada, o presidente Donald Trump decidiu desfazer dois conselhos consultivos formados por executivos proeminentes. Vários desses executivos haviam renunciado antes do anúncio devido a comentários polêmicos de Trump sobre o recente confronto entre supremacistas e um grupo opositor em Charlottesville, na Virgínia. Na sexta, porém, gerou certo alívio a demissão do estrategista-chefe do governo americano, Steve Bannon, considerado um dos opositores do diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn, que lidera as reformas econômicas prometidas por Trump.

Entre as commodities, a sessão segue de fortes ganhos para o minério de ferro, assim como o níquel, que lidera alta de metais em Londres com otimismo sobre oferta e demanda da China; já o petróleo fica próximo à estabilidade, mantendo nível anterior após alta forte na sexta, com Líbia interrompendo seu maior campo de produção e com baixa das perfurações por companhias americanas. 

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,29%

*FTSE (Reino Unido) 0%

*DAX (Alemanha) -0,25% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,40% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,57% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,40% (fechado)

*Petróleo WTI +0,33%, a US$ 48,67 o barril

*Petróleo brent -0,06%, a US$ 52,69 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +6,62%, a 596 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% +2,40%, a US$ 79,81 a tonelada

2. Noticiário político

A crise no ninho tucano parece se agravar a cada dia. Desta vez, o alvo da polêmica foi a reunião na última sexta-feira entre o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), após a propaganda partidária veiculada na quinta-feira rachar o PSDB. No último domingo, a Executiva do partido em São Paulo criticou e manifestou “desconforto” em relação aos encontros entre os dois.  “A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, afirmou o diretório, acrescentando que o senador Tasso Jereissati, presidente em exercício da sigla, é quem pode falar em nome do PSDB. Após a reunião com Aécio, Temer diz que não interfere em assuntos de outros partidos e afirmou que se reuniu com o parlamentar para tratar sobre a situação da Cemig. 

Neste cenário de crise do partido, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que a ala do PSDB que defende o apoio ao governo Temer quer a saída de Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da sigla até o fim desta semana. Diz que, se Aécio Neves (MG) não encontrar um substituto, o PSDB vai perder deputados. Entre os que ameaçam deixar a sigla estão quadros históricos e fundadores da legenda e ao menos dez parlamentares estariam dispostos a sair se o cearense continuar no cargo. 

3. Crise fiscal

As dificuldades do governo em fechar as contas segue no radar dos mercados.  Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que, embora a revisão das metas de 2017 e 2018 e as medidas de ajuste fiscal — como teto para os salários dos servidores — dependam do Legislativo, ele não perde o sono por isso: “Sou sempre otimista com o Congresso”. De acordo com o ministro, o governo está disposto a fazer o que for preciso para cumprir a meta fiscal de 2017. 

Já o jornal Valor Econômico informa que o déficit alto põe o governo sob risco de crime fiscal, apontando que a equipe econômica está preocupada com os riscos de descumprimento da chamada “regra de ouro” das finanças públicas, o artigo 167 da Constituição, que proíbe a emissão de dívida em valor superior às despesas de capital (essencialmente investimentos) do exercício. Com os elevados déficits fiscais, há crescente possibilidade de infração à norma em 2018, o que configuraria crime de responsabilidade das autoridades, inclusive do presidente da República. Se a questão não for equacionada, quem assumir o governo em 2019 também terá dificuldade para cumprir a regra, a menos que paralise a máquina pública por falta de pagamentos.

Neste sentido, o Estadão informa que, apesar das dificuldades em fechar as contas, o governo Michel Temer criou três programas de parcelamento de débitos tributários, conhecidos como Refis, que têm juntos o poder de perdoar R$ 78,1 bilhões em dívidas durante todo o prazo de vigência, segundo cálculos da Receita Federal.  O valor corresponde à renúncia potencial de arrecadação do governo com a redução de juros, multas e encargos das dívidas de empresas, Estados e municípios. E esse número pode ficar maior, já que dois dos programas, criados por medida provisória, ainda estão em tramitação no Congresso e podem ser alterados pelos parlamentares, aumentando os benefícios aos devedores.

4. Agenda econômica da semana

Durante a semana, os investidores seguem atentos aos debates da reforma política e da criação da TLP no Congresso. Entre os indicadores, atenção especial para a “prévia” da inflação no Brasil e o simpósio de Jackson Hole nos Estados Unidos. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes disse que decidirá até o início desta semana sobre os mandados de segurança que querem obrigar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a dar um parecer sobre os pedidos de impeachment contra Temer que estão no Congresso Nacional. 

Na agenda econômica do Brasil, destaques para o IPCA-15 de agosto. Segundo a equipe de análise da Rosenberg Associados, a expectativa é de variação de 0,38%, revertendo a deflação registrada no mês anterior, de -0,18%. Por outro lado, o IPCA em doze meses deve continuar em queda, saindo de 2,8% para 2,7%. Na agenda internacional, destaque para a reunião dos principais formuladores da política monetária mundial no simpósio de Jackson Hole. Há uma grande expectativa sobre uma fala do presidente do BCE (Banco Central Europeu), que poderá comentar os estímulos da autoridade na região. Além disso, discursos de integrantes do Federal Reserve sobre os juros nos EUA também podem afetar o mercado. O encontro acontece entre 24 e 26 de agosto.

Já nesta segunda, às 9h30, os EUA divulgam o índice nacional de atividade do Fed Chicago; no Brasil, às 15h, será divulgada a bança comercial semanal. 

5. Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado. Em destaque, a diretoria da Vale submeterá ao conselho de administração proposta para convocação de uma assembleia geral para aprovar a conversão de ações remanescentes preferenciais em ordinárias, permitindo então que a empresa migre para o Novo Mercado. Já o  Citigroup e outros sete bancos subscrevem o IPO da BR Distribuidora, segundo notícia da Reuters.  O IPO, provavelmente, ocorrerá em novembro. A Petrobras considera se deve listar em São Paulo ou Nova York. 

A Cemig ofereceu ao governo federal pagar R$ 11 bilhões por quatro usinas cujas concessões venceram, buscando evitar que a União leiloe as concessões em setembro, disse hoje o diretor-presidente da elétrica mineira, Bernardo Alvarenga. Já o empresário Chaim Zaher, dono do Grupo SEB, decidiu zerar sua posição na Estácio, alegando que não tinha motivos para continuar com uma fatia tão pequena. Ele detinha 3,51% da companhia, mas uma parte era alugada. Por fim, a Magazine Luiza decide sobre desdobramento ações em AGE no dia 4 de setembro, enquanto a Gafisa elegeu Carlos Calheiros como diretor financeiro e de Relações com Investidores. 

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(Com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.