Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta terça-feira

Bolsas europeias e futuros de NY se recuperam com medidas da China, mas tensão segue; no Brasil, a ata do Copom e reformas estão na pauta 

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão da véspera com queda de 2,5%, aos 100.098 pontos, acompanhando o tombo das bolsas internacionais após a China desvalorizar sua moeda (o yuan) para o menor patamar em uma década, a 7 por 1 dólar, e bloquear todas as importações agrícolas dos Estados Unidos, com o aumento das tensões comerciais entre as duas maiores economias globais.

Hoje, as bolsas asiáticas fecharam em queda, enquanto os mercados europeus se recuperam das perdas de ontem, operando em alta, assim como os futuros de Nova York por conta de medidas feitas pela China para estabilizar a sua moeda que diminuíram a tensão nos mercados. 

O Banco Povo da China estabeleceu o ponto médio do yuan em 6,9683 por dólar. Segundo a CNBC, o banco central chinês definiu uma taxa diária para a moeda, com uma banda contra o dólar dentro de 2% do valor médio, para o yuan onshore, que era negociado a 7,0334 contra o dólar. Sua contraparte, o yuan offshore, usada por investidores e bancos estrangeiros, estava em 7,0721 contra o dólar.

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No Brasil, foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, a 6% ao ano. O documento apontou que as projeções para a inflação estão em níveis confortáveis e que a reforma da Previdência contribui para a redução da taxa estrutural.  Indicadores de atividade econômica, como a produção de carros e os antecedentes do mercado de trabalho, também estão previstos para hoje.

As reformas também voltam à pauta, com a expectativa de início das discussões, em segundo turno, da reforma da Previdência na Câmara e da tributária, com governadores debatendo uma proposta em Brasília.

1. Bolsas Internacionais

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As bolsas europeias e os índices futuros americanos sobem e dólar recua levemente contra maioria das demais moedas após a China agir para estabilizar sua moeda, ajudando a aliviar as tensões. O Banco Popular da China (PBoC) definiu nesta terça-feira a correção diária do câmbio em nível mais forte do que os analistas esperavam, além de anunciar plano de venda de títulos denominados na moeda nacional em Hong Kong. 

Vale destacar que, com a desvalorização do yuan na véspera, que atravessou a barreira de 7 iuanes por 1 dólar, o Tesouro dos EUA rotulou a China como um “manipulador de moeda”, algo que não ocorria 1994. O Banco do Povo da China, em um comunicado, afirmou que este rótulo “compromete seriamente as regras internacionais e terá um grande impacto nas finanças globais e na economia”.

Adicionalmente, o governo da China confirmou que suspenderá a compra de novos produtos agrícolas dos Estados Unidos por companhias do país asiático, diante da “séria violação do encontro entre os chefes de Estado da China e dos Estados Unidos” na cúpula do G20, no fim de junho.

Com isso, o governo chinês diz que não descarta impor tarifas sobre produtos agrícolas americanos comprados após 3 de agosto, enquanto companhias chinesas “suspenderam compras de produtos agrícolas dos EUA”.

O Ministério do Comércio da China diz ainda esperar que os EUA implementem o que foi acordado na reunião entre os dois chefes de Estado dos países, além de afirmar que “tem a confiança em implementar os compromissos para criar as condições necessárias por cooperação na área agrícola entre os dois países”.

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Nos Estados Unidos, os preços dos títulos da dívida do governo caíam nesta terça-feira, com os investidores migrando para ativos mais seguros em meio à rápida intensificação das tensões entre as duas maiores economias do mundo.

Na Ásia, mesmo com a redução das perdas em relação à sessão da véspera, as bolsas fecharam em queda, com o acirramento da disputa comercial sino-americana.

Na Europa, após abrirem sem sinais definidos, as bolsas passaram a operar em alta no final da manhã.

Os dados industriais alemães, por outro lado, trouxeram algum alívio, com novos pedidos industriais aumentando 2,5% em junho na comparação mensal, mesmo com queda de 3,6% no ano. No entanto, o PMI da construção alemã, de julho, ficou 49,5, abaixo dos 50,0 de junho e entrando em território de contração pela primeira vez desde outubro de 2018, diz a CNBC.

Entre as commodities, o preço futuro do minério manteve trajetória de queda, enquanto o petróleo se recupera das perdas dos últimos dias.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h23 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,81%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,89%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,76%
DAX (Alemanha), +0,56%
FTSE (Reino Unido), +0,07%
CAC-40 (França), +0,87%
FTSE MIB (Itália), +0,36%
Hang Seng (Hong Kong), -0,48% (fechado)
Xangai (China), -1,56% (fechado)
Nikkei (Japão), -0,65% (fechado)
Petróleo WTI, +0,37%, a US$ 54,89 o barril
Petróleo Brent, +0,32%, a US$ 59,59 o barril
Bitcoin, US$ 12.263,49, +4,71%
R$ 45.920, +5,65% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 2,19%, cotados a 693,50 iuanes, equivalentes a US$ 98,66 (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

Foi divulgada a ata do Copom, com os membros do Comitê avaliando que as projeções recentes para a inflação “encontram-se em níveis confortáveis”.  O Copom ainda afirmou entender que a reforma da Previdência, quando se considera o seu efeito líquido, contribui para redução gradual da taxa de juros estrutural da economia. “A reforma da Previdência, ao adequar as regras para aposentadoria à estrutura e dinâmica demográficas do país, reduz
o ritmo de crescimento dos gastos do governo, aumentando a poupança pública”, diz o parágrafo 22 do documento. 

Ainda no Brasil, a FGV informa os indicadores antecedentes do mercado de trabalho de julho, enquanto a Anfavea divulga os dados da produção de julho. À tarde, o Banco Central publica os número das captações das cadernetas de poupança de julho.

No corporativo, estão previstas as divulgações dos resultados da Arezzo, Banco Pan, BB Seguridade, Cesp, Engie Brasil, Guararapes, Iguatemi, Raia Drogasil, Sanepar, Terra Santa Agro e Valid.

Nos Estados Unidos, o destaque é a para publicação, às 11h00, do relatório de empregos Jolts.

3. Bolsonaro

Ao jornal O Estado de S.Paulo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os governadores da região Nordeste “agem para dividir o País”, enquanto ele trabalha pela União. “Se não todos, a maioria dos nove governadores quer começar a implementar a divisão do Nordeste contra o resto do País.

Ontem, após a inauguração de uma usina de energia solar em Sobradinho (BA), ele afirmou que não vai negar recursos aos Estados do Nordeste, desde que os governadores divulguem que são parceiros do governo. Segundo Bolsonaro, “boa parte” dos governadores do Nordeste é socialista, que não comungam dos mesmos interesses do seu governo.

“O que eu quero desses respectivos governadores: não vou negar nada para esses Estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido, eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles, vamos divulgar obras junto a prefeituras”, disse.

Já sobre a polêmica dos números do desmatamento, ele afirmou, ao Estadão, que a Amazônia é alvo de interesses “desde antes do descobrimento”. O presidente afirmou ontem ainda, diante da polêmica sobre a saída do diretor do INPI, que “maus brasileiros” divulgam “números mentirosos” sobre o desmatamento da Amazônia, informa a Folha.

Ontem, foi anunciado o oficial da aeronáutica Darcton Damião na função de diretor do INPI, de forma interina, até a definição do nome definitivo.

Sobre a sucessão da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro disse ao Estadão que “não pode ser um “xiita com questão ambiental ou de minoria”. O presidente ainda rebateu crítica ao seu estilo de governar: “Paciência, já sabiam que eu era assim.” Segundo ele, a relação com o Congresso na volta do recesso parlamentar “continua com muito amor e carinho”.

O jornal O Globo traz ainda que Bolsonaro quer apresentar um projeto de lei para dar “retaguarda jurídica” a policiais em operação. Segundo ele, a isenção de punição a policiais por homicídios em confrontos reduziria “assustadoramente” os índices de violência. “Os caras vão morrer na rua igual barata, pô. E tem que ser assim”, disse.

O governo decidiu transformar a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS em política permanente. O presidente Jair Bolsonaro assinou ontem uma Medida Provisória que prevê o pagamento da primeira parcela, equivalente a 50% do valor a que o beneficiário tem direito, nos meses de agosto de cada ano.

A antecipação do 13º aos beneficiários do INSS já vem sendo feita desde 2006, mas por meio de decreto presidencial, de forma discricionária. Não havia mês fixo, ou seja, o pagamento da primeira parcela poderia variar no calendário de acordo com a disponibilidade de caixa do governo federal.

“Ao mesmo tempo que vai alavancar economia, pois são injetados R$ 21,9 bilhões, (a medida) transforma uma política de governo numa política de Estado”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.

4. Reformas

Em relação a reforma da Previdência, o governo espera votar o texto que modifica as regras das aposentadorias no Senado entre os dias 20 e 30 de setembro, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após se reunir com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na residência do parlamentar.

Na Câmara, a expectativa do Planalto é conseguir aprovar a proposta em segundo turno entre terça, 6, e quarta-feira, 7. “Estamos nesta retomada. Vamos azeitar aí as relações do poder Executivo e o Legislativo para que a gente tenha boas vitórias em favor do Brasil”, comentou Onyx.

Ontem, Onyx deve ter um café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para mapear os votos do segundo turno. O governo espera manter o placar da primeira votação, de 379 votos favoráveis. “Nos nossos cálculos, a gente deve, a princípio, manter o placar. Se tiver alguma perda, pode ser por um ou dois votos. Não mais do que isso”, afirmou o chefe da Casa Civil.

O governo concorda ainda em incluir Estados e municípios nas mudanças previdenciárias por meio de outra Proposta de Emenda à Constituição (PEC). A ideia, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, é que o assunto seja discutido paralelamente à tramitação da reforma da Previdência no Senado, mas em outro texto.

A extensão das novas regras de aposentadoria para servidores estaduais e municipais foi retirada da reforma que o governo elaborou pelos deputados federais. A princípio, disse Onyx, o Planalto concorda com a articulação de líderes do Senado de colocar o item em uma PEC paralela.

Comentando a agenda do governo e do Congresso no segundo semestre, Onyx afirmou que a equipe do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), plano que está sob o guarda-chuva da Casa Civil, deve acelerar procedimentos para antecipar o cronograma de concessões. Ele não citou quais projetos poderão ter prazos adiantados.

Em relação aos compromissos do governo, o chefe da Casa Civil afirmou que a intenção é desburocratizar e facilitar investimentos. As novas normas de segurança do trabalho, sancionadas na semana passada, devem gerar economia de R$ 5 bilhões para a iniciativa primada em um ano, exemplificou.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandou um recado aos empresários brasileiros dizendo que gostaria de ver da parte deles o mesmo “patriotismo” que mostraram em favor da Previdência na reforma tributária.

“O empresário brasileiro foi muito patriota na reforma da Previdência. Quero ver o mesmo patriotismo na reforma tributária. A reforma da Previdência não afetou o empresário e ser patriota nos interesse dos outros é fácil”, disse.

Maia disse que por muito tempo votou projetos pelas orientações políticas e partidárias, mas que agora passou a votar de acordo com suas convicções sobre o que é bom para o País. O voto político, segundo o presidente da Câmara, nem sempre atende aos interesses do País.

“Muitas vezes o voto político é o voto do quanto pior melhor, mesmo que o País esteja caminhando para a beira do precipício”, disse.

5. Noticiário Corporativo

A diretoria da Petrobras definiu uma nova política de preço para o botijão de gás, o GLP envasado em recipiente de até 13 kg, um produto de forte apelo social. A partir de agora, os consumidores residenciais pagarão valores alinhados aos mercado externo, como já acontece com o GLP destinado à indústria e ao comércio. Houve ainda uma alteração no prazo de reajuste, que passou a ser indefinido.

Segundo a Petrobras, hoje, a tonelada do GLP de uso industrial custa nas refinarias da estatal R$ 1.950,80 e o de uso residencial, R$ 1.850,80. Esses valores representam uma redução média de 13,4% no preço do GLP industrial e de 8,2% no preço dos envasados até 13 kg. Novas revisões vão depender das condições do mercado e da avaliação dos cenários interno e externo.

Entre os balanços, a Taesa divulgou lucro de R$ 307 milhões, alta de 11,3%, enquanto a elétrica AES Tietê teve queda de 61,9%, para R$ 35,4 milhões.

O IRB registrou alta de 35% no lucro, que atingiu R$ 388,4 milhões. Já a Unidas teve um lucro recorrente 59,6% maior, de R$ 83,9 milhões.

Também divulgaram resultados a Marcopolo, com lucro de R$ 90,9 milhões (+290%), e Vulcabras, com lucro de R$ 30 milhões (-9,1%).

(Com Agência Estado e Bloomberg)