Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta terça-feira

Investidores monitoram próximos passos da negociação comercial entre EUA e China, enquanto no Brasil possível denúncia contra Maia traz risco político 

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão da véspera com queda de 1,27%, aos 96.430 pontos, puxada pela saída de investidores estrangeiros, mesmo com as altas das bolsas em Nova York. No entanto, o que mais chamou a atenção foi a desvalorização do Ibovespa futuro, logo após o encerramento do pregão à vista, de 2,48%.

A queda refletiu a notícia do jornal O Estado de S.Paulo de que um relatório conclusivo da Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois no âmbito das investigações que envolvem a delação da Odebrecht. O inquérito, agora, vai para as mãos da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que vai decidir se denuncia ou pede o arquivamento do caso.

A notícia tem potencial de gerar mais ruídos políticos, já que Maia foi um dos principais nomes na articulação da aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Junto a isso, houve a deterioração da avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro, cuja percepção negativa saltou de 19% em fevereiro para 39% este mês, enquanto a desaprovação subiu de 28,2% para 53,7%, apontou pesquisa da CNT/MDA.

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No exterior, os desdobramentos da guerra comercial ainda causam apreensão, chegando a levar os futuros de Nova York a operarem em queda durante a madrugada, sobretudo após a venda de US$ 113 bilhões em títulos com mais vencimentos de curto prazo, quando houve nova inversão da curva de juros com a rentabilidade dos títulos de 2 anos superando os de 10 anos.

No início da manhã, porém, os futuros de Nova York passaram a operar com leve alta.

Confirma os destaques desta terça-feira:

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1. Bolsas Internacionais

As bolsas de valores da Ásia subiram na terça-feira, com os investidores acompanhando o desenrolar dos últimos episódios da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que funcionários do comércio norte-americano receberam ligações de negociadores chineses propondo uma retomada das negociações, após os aumentos tarifários aplicados por ambos lados na última sexta-feira.

Entretanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou não saber de nenhum telefonema envolvendo as partes, o que foi apoiado por Hu Xijin, editor-chefe do jornal estatal chinês The Global Times, que tuitou: “Com base no que sei, os principais negociadores chineses e norte-americanos não realizaram conversas por telefone nos últimos tempos”, relata a CNBC.

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Já o yuan chinês seguiu trajetória de desvalorização frente ao dólar, atingindo as mínimas em mais de dez anos, em meio às negociações da guerra comercial. O Banco Popular da China definiu o ponto médio em 7,0810 por dólar – mais fraco do que a correção do dia anterior, porém mais forte do que o nível de 7,1055 que o mercado estava esperando, de acordo com uma estimativa da Reuters.

Assim, o yuan offshore foi negociado a 7,1750 por dólar, enquanto o yuan onshore estava sendo negociado a 7,1613 por dólar. Segundo analistas consultados pela CNBC, não há consenso sobre qual poderia ser o próximo nível a ser observado pelo yuan, o que deverá ser determinado pelos rumos das negociações comerciais.

Já entre os indicadores, o lucro das empresas industriais da China cresceu 2,6% em julho, puxado pelos setores petroquímico e automotivo, recuperando-se da retração de 3,1% de junho, segundo dados divulgados pelo departamento de estatísticas da China.

Na Europa, os mercados operam sem sinal definido, mas preponderantemente em baixa, no aguardo dos desdobramentos da guerra comercial, assim como do desenrolar da política italiana, enquanto os partidos tentam formar uma coalizão para a formação do novo governo.

Além disso, crescem os sinais de que a guerra comercial está afetando a economia global, com a queda das exportações colocando a Alemanha a registrar uma queda do PIB no segundo trimestre de 2019. A atividade alemã teve contração de 0,1% no segundo trimestre de 2019 ante o primeiro trimestre, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela agência de estatísticas alemã Destatis. O resultado confirmou os números preliminares divulgados há duas semanas e veio em linha com previsões de analistas ouvidos pelo Wall Street Journal.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h27 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,08%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,13%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,06%
DAX (Alemanha), +0,13%
FTSE (Reino Unido), -0,33%
CAC-40 (França), +0,13%
FTSE MIB (Itália), +1,00%
Hang Seng (Hong Kong), -0,06% (fechado)
Xangai (China), +1,35% (fechado)
Nikkei (Japão), +0,96% (fechado)
Petróleo WTI, +1,21%, a US$ 54,29 o barril
Petróleo Brent, +1,07%, a US$ 59,33 o barril
Bitcoin, US$ 10.158, -1,86%
R$ 42.310, -0,12% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 3,06%, cotados a 586,00 iuanes, equivalentes a US$ 81,77 (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,28% na terceira quadrissemana de agosto, mostrando leve aceleração ante o ganho de 0,27% verificado na segunda quadrissemana deste mês, segundo dados publicados hoje pela Fipe.

Ainda no Brasil, a FGV divulga, às 8h00, o INCC-M e a Sondagem da Construção.

Nos Estados Unidos, às 11h00, saem os dados de atividade regional e o Conference Board de agosto, além dos dados de estoques semanais de petróleo.

3. Amazônia

O presidente Bolsonaro optou por não aceitar a ajuda dos países que formam o G-7 de US$ 20 milhões, equivalentes a R$ 83 milhões, para o combate ao fogo na Amazônia. A oferta foi feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro vem se atritando nos últimos dias.

Segundo o jornal O Globo, o Planalto avalia lançar um grupo de trabalho com os EUA para construir uma política ambiental conjunta e adotar ações “drásticas” contra os incêndios. O Itamaraty informou, em nota, esperar que a França se engaje com seriedade nas discussões “ao invés de lançar iniciativas redundantes”.

Em meio às rusgas entre os líderes do Brasil e da França, Macron acusou Bolsonaro de “extremamente desrespeitoso” ao endossar um post de um internauta com ofensas a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. O presidente francês sugeriu ainda que a internacionalização da Amazônia é um debate “em aberto”.

Bolsonaro deve se reunir hoje com os governadores dos estados da Amazônia Legal para debater medidas para contenção dos incêndios. A reunião está marcada para as 10h00 no Palácio do Planalto e contará com a presença dos principais ministros. Já às 14h30, o presidente comanda a 19ª reunião do Conselho de Governo.

4. Rodrigo Maia

Destaque para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de enviar à Procuradoria Geral da República a conclusão de inquérito da Polícia Federal (PF) aberto para investigar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o vereador Cesar Maia (DEM-RJ), pai do deputado.

De acordo com os delegados “há elementos concretos e relevantes” da existência dos crimes investigados”. Após receber o inquérito, o relator do caso, ministro do STF Edson Fachin, enviou a investigação à Raquel Dodge, que terá 15 dias para decidir sobre caso.

Segundo a PF, Rodrigo Maia e Cesar Maia receberam total de “valores indevidos” de R$ 1,6 milhão da Odebrecht nos anos de 2008, 2010, 2011 e 2014. O objetivo dos recebimentos, segundo o inquérito, seria “garantir um canal aberto de comunicação para o exercício de influência”. Os supostos pagamentos foram indicados por ex-diretores da empresa que assinaram acordos de delação premiada.

Em nota, Rodrigo Maia disse que todas as doações recebidas em suas campanhas foram feitas dentro da lei. Segundo o deputado, as provas utilizadas pela PF foram baseadas somente nas palavras dos delatores.

5. Noticiário Corporativo

A Bloomberg destaca que o grupo liderado pela brasileira Itaúsa Investimentos SA está prestes a comprar a Liquigás, distribuidora de gás em botijão da Petrobras, já que sua oferta de R$ 3,5 bilhões está afastando rivais, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

O Mubadala Investment de Abu Dhabi e a brasileira Consigaz Distribuidora de Gás Ltda, que poderiam ter tentado superar a Itaúsa em uma segunda rodada de ofertas, planejam abandonar a disputa junto com seus sócios. A desistência foi por considerarem o preço ofertado pelo Itaúsa alto demais, disseram as pessoas.

Ainda sobre a Petrobras, PetroChina, Sinopec e Saudi Aramco estão entre as empresas que devem ingressar na disputa pelas oito refinarias que a Petrobras pretende licitar.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)