Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta sexta-feira

Dados de emprego do IBGE e apoio de Bolsonaro a Guedes movimentam mercado em dia de liquidez reduzida nos EUA

Equipe InfoMoney

Presidente da República, Jair Bolsonaro durante reunião com o Ministro da Economia, Paulo Guedes. (Foto: Isac Nóbrega/PR)

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SÃO PAULO – A agenda econômica brasileira tem destaque na sessão desta sexta-feira (27) após dados positivos do Caged. Nesta sexta de manhã, serão divulgados novos dados de emprego, desta vez pelo IBGE. Ainda no radar dos investidores, Paulo Guedes, ministro da Economia, negou atrito com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Ele ainda teve o apoio reforçado pelo presidente Jair Bolsonaro, que voltou a chamá-lo de “posto Ipiranga´´.

No exterior, na volta do feriado de Ação de Graças, mercados fecham mais cedo nos EUA, enquanto repercutem dado forte na China e bolsas têm leves altas. Confira os destaques  da sessão:

1. Bolsas mundiais

As bolsas europeias e os índices futuros americanos têm em sua maioria leves altas nesta sexta-feira (27); fechadas na quinta-feira devido ao feriado de Ação de Graças, as bolsas americanas voltam a funcionar nesta sexta, mas fecham mais cedo, às 13h.

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Os índices têm leves ganhos apesar das dúvidas quanto aos resultados de fase 3 apresentados no início da semana sobre a vacina desenvolvida em parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford e do aumento do número de mortes diárias por covid e anúncios de restrições de mobilidade para tentar barrar a propagação da doença.

As ações da AstraZeneca caem em meio a questionamentos sobre o método utilizado pela farmacêutica para testar sua vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford. No início da semana, as instituições haviam anunciado que a vacina havia obtido em média 70% de sucesso em imunizar participantes de testes de fase 3 realizados no Brasil e no Reino Unido.

Em um dos tipos de vacinação testados, quando meia dose era administrada aos participantes e depois reforçada com uma dose inteira, a taxa atingira cerca de 90% de eficácia, um patamar similar ao anunciado sobre as concorrentes desenvolvidas por Moderna, pela parceria entre Pfizer e BioNTech e pelo Instituto Gamaleya, ligado ao governo Russo.

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Quando duas doses completas eram aplicadas, a eficácia foi de 62% o que, ainda assim, mantém a vacina dentro do patamar de 50%, exigido pelo governo americano.

A empresa é alvo de questionamentos, no entanto, porque os testes com a meia dose foram realizados acidentalmente, por um erro de dosagem. Após o erro ter sido constatado, os cientistas informaram a autoridades europeias e alteraram o design do teste, o que permitiu que os dados fossem considerados.

Na quarta-feira, o vice-presidente executivo da AstraZeneca, Mene Pangalos, afirmou, respondendo a críticas: “Não vou fingir que não seja um resultado interessante, porque é -mas eu certamente não o compreendo, e não acho que nenhum de nós o compreenda”.

Outras dúvidas foram levantadas por Moncef Slaoui, consultor científico chefe da força-tarefa da Casa Branca para o desenvolvimento de vacinas. Ele revelou que a meia dose foi administrada apenas a voluntários com 55 anos ou menos, enquanto o grupo com a dose completa também incluiu pacientes mais velhos, que são aqueles que sofrem risco maior com o coronavírus.

Agora, a AstraZeneca pretende testar o regime de meia dose em um novo estudo com mais de 30 mil voluntários nos Estados Unidos.

Até o momento, os dados de fase 3 da AstraZeneca e das outras vacinas em desenvolvimento não foram revelados em estudos científicos em revistas científicas independentes, e sim por meio de anúncios à imprensa.

Os mercados também acompanham a adoção de novas medidas de restrição de movimentação para combater o vírus. Na quarta-feira, a chanceler Angela Merkel confirmou que a Alemanha deve prorrogar até ao menos o dia 20 de dezembro o lockdown parcial implementado no país.

O índice S&P 500 Futuro sobe 0,16%; o Nasdaq Futuro sobe 0,31%; o Dow Jones Futuro sobe 0,16%.

A França, que também implementa um lockdown parcial, vem registrando mortes em número similar àquele de abril. Reino Unido também tem alta de casos, que não atingem, no entanto, o mesmo patamar do início da pandemia.

Na Ásia, as bolsas fecharam sem tendência definida. Em destaque, entre janeiro e outubro, o lucro das empresas industriais do país teve alta de 0,7% frente o mesmo período do ano anterior. O lucro industrial teve alta de 28,2% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, uma aceleração frente a alta de 10,1% registrada em setembro.

2. Agenda de indicadores

Às 09h, o IBGE divulga a taxa de desemprego nacional de setembro, com estimativa de alta de 14,8%, ante dado anterior de 14,4%. Ao contrário do Caged, a taxa de desemprego do IBGE – que é elaborada com metodologia diferente – tem mostrado alta contínua.

Vale destacar que, na véspera, indicadores vieram bem melhores que o esperado. O déficit do governo central em outubro foi de R$ 3,6 bilhões contra estimativa de dado negativo de R$ 20 bilhões; já o Caged mostrou criação de 394.989 vagas ante estimativa de 220 mil.

Às 09h30, o BC divulga dados de crédito e de estoque de empréstimos do mês de outubro.

Mais cedo, a FGV revelou o IGP-M, que registrou alta de 3,28% em novembro, ante estimativa mediana em pesquisa Bloomberg de 3,22% e após subir 3,23% na medição anterior.

No exterior, às 6h30, o membro do board do Banco Central Europeu, Fabio Panetta, afirmou, em uma conferência sobre o futuro dos pagamentos realizada pelo Bundesbank, que implementar uma revolução “exige que nos preparemos para reinventar o dinheiro soberano”.

Ele comentou especificamente sobre a criação da criptomoeda Libra, do Facebook, que segundo reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal britânico Financial Times, está pronta para ser lançada já em janeiro. “Usuários de stablecoins [criptomoedas com valor atrelado a referências externas] devem esperar riscos de crédito, mercado e liquidez maior, e as próprias stablecoins são mais vulneráveis a séries de altas ou baixas, com implicações potencialmente sistêmicas”, disse.

Às 7h, foram divulgados dados sobre a confiança de empresas e consumidores na Zona do Euro, que atingiu 87,6 pontos, frente projeção de 86,5 pontos.

3. Guedes e reformas fiscais no Brasil

O ministro da Economia Paulo Guedes negou que haja um atrito entre ele e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Na quarta-feira, Campos Neto, afirmou que o Brasil precisa ganhar credibilidade por meio de reformas e de um plano que mostre que o país está preocupado com a dívida pública. “Chega um ponto em que a situação fiscal está tão fragilizada que pode gerar crescimento a curto prazo, mas a falta de credibilidade pode afetar isso lá na frente e gerar um efeito contrário ao desejado, contracionista”, disse.

Questionado em frente ao Ministério da Economia sobre o comentário, Guedes afirmou: “o presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, pergunte a ele qual o plano dele, qual plano que vai recuperar a credibilidade”. “Quem estiver sentindo falta de um plano quinquenal dá um pulinho ali na Argentina, na Venezuela”.

Guedes afirmou: “Ficou claro para mim que [a imprensa] tentou ligar o pedido de apoio às reformas com uma crítica a mim. E, seguro de que essa ligação não existe, que o Roberto não estava me criticando, disse para perguntar para ele (…) Ele estava pedindo apoio às reformas, justamente para o Brasil ter credibilidade. Se ele pede reformas é porque existe um plano, está lá. Eu tinha certeza que ele estava pedindo apoio às reformas, por isso que falei para perguntarem para ele”.

Com base em conversas com executivos de bancos e investidores institucionais, o Valor afirma, no entanto, que as declarações cruzadas entre Guedes e Campos Neto teriam aumentado o desgaste do ministro da Economia, que já vem sendo desprestigiado devido à falta de avanços em reformas fiscais.
Segundo o jornal, o ministro da Economia deixou de ser o fiel da balança do governo Bolsonaro. Uma eventual saída sua do governo já não representaria uma ruptura para o mercado, afirma reportagem do jornal, desde que o substituto tenha uma agenda de reformas e responsabilidade fiscal.

Por outro lado, durante evento, Jair Bolsonaro disse que o ministro da Economia é o “posto Ipiranga” do governo, chamando-o de “insubstituível”.

4. Pandemia no Brasil

O Brasil continua a enfrentar a aceleração da transmissão do coronavírus, em meio aos questionamentos sobre os dados relativos à vacina de AstraZeneca e Universidade de Oxford, que até o momento é a principal aposta do governo federal para imunizar a população.

O volume de internados com covid em UTIs do estado de São Paulo cresceu 22% na comparação entre quarta-feira e duas semanas atrás. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, na capital, o Hospital da Bela Vista (região central) tem ocupação de 78% nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva); o Hospital Dr. José Soares Hungria (zona norte), 63%; e o Tide Setúbal (zona leste), 60%. Os dados podem ser usados para justificar novas restrições de mobilidade no estado.

Na segunda-feira o governador João Doria (PSDB), deve anunciar a reclassificação das regiões do estado de São Paulo de acordo com a gravidade da covid-19, após o fim do segundo turno das eleições municipais.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o Centro Estadual de Contingência Covid-19 estuda retomar restrições ao lazer em algumas regiões, devido à alta de casos de covid-19, faltando menos de um mês para o início das festas de fim de ano. Segundo a Folha, parte dos técnicos defende que todas as regiões voltem ao estágio amarelo, que limita o horário de funcionamento do comércio.

Pesquisa Datafolha indica que, na capital do estado, o candidato apoiado por Doria, Bruno Covas (PSDB), tem 54% das intenções de votos válidos, e o opositor Guilherme Boulos tem 46%.

Em sabatina realizada com candidatos à prefeitura de São Paulo pelo UOL e pela Folha de São Paulo na quinta-feira, o atual ocupante do cargo, Bruno Covas, afirmou: “Não vamos fazer discurso alarmista em véspera eleitoral, superestimando esses dados [sobre casos de coronavírus]. Também não vamos fazer discurso de que a pandemia acabou”.

Já em transmissão pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que não vai tomar uma futura vacina contra Covid-19 e afirmou acreditar que o Congresso Nacional não vá criar problemas para as pessoas que não quiserem se vacinar.

5. Radar corporativo

A Oi informou que vendeu na quinta-feira torres de telefonia móvel e data centers em leilão que atraiu poucos interessados e que arrecadou cerca de R$ 1,4 bilhão.

A Highline do Brasil, do grupo norte-americano de private equity Digital Colony, comprou a unidade de torres por R$ 1,067 bilhão. A empresa apresentou a única oferta do leilão deste ativo.

A Gol comunicou que realizou na quinta seu primeiro voo técnico com o Boeing 737 MAX 8, acrescentando que o retorno da aeronave para a operação da companhia ocorrerá de modo progressivo nas próximas semanas.

O 737 MAX foi suspenso globalmente após dois acidentes na Indonésia e na Etiópia matarem 346 pessoas em cinco meses em 2018 e 2019. Na semana passada, a Agência Federal de Aviação (FAA) dos EUA aprovou o retorno dos voos com o jato, movimento que foi seguido pela brasileira Anac na quarta-feira.

A Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão na quinta como parte de uma investigação de corrupção no mercado global de combustíveis marítimos, após três executivos ligados à Cockett Marine, de Dubai, admitirem o pagamento de propinas a um funcionário da Petrobras, mostraram documentos judiciais, no mais recente desenrolar da operação Lava Jato.

Três executivos ligados à Cockett Marine Oil –cuja propriedade está dividida em 50% entre a Vitol, maior trading de commodities do mundo, e a companhia de logísticas Grindrod – disseram a procuradores que pagaram US$ 2,2 milhões em dinheiro a um funcionário da Petrobras entre 2009 e 2015 para que fossem favorecidos em centenas de contratos de bunkers e diesel marítimo com a empresa brasileira, de acordo com registros judiciais.

A SLC Agrícola assinou um memorando de entendimento que estabelece premissas, termos e condições para que a empresa assuma as operações da Terra Santa Agro por meio de incorporação de ações, informou a companhia em fato relevante nesta quinta-feira.

Em preparação para a combinação de negócios pretendida, a Terra Santa pretende realizar uma reorganização societária, disse a SLC, acrescentando que após o processo o valor atribuído às operações da Terra Santa Agro seria de 550 milhões de reais.

O leilão de três trechos de rodovias estaduais realizado nesta quinta-feira na B3 terminou com três consórcios vencedores, em um certame pouco disputado, que foi considerado pelos organizadores como o segundo maior do país envolvendo estradas neste ano.

Os consórcios Via Norte Sul, Via Brasil MT e Primavera MT, formados por grupos nacionais de construção e engenharia, foram declarados vencedores. Apenas um dos lotes foi para critério de desempate, recebendo oferta de outorga de 1 milhão de reais. Um dos lotes teve apenas um grupo apresentando oferta.

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