Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta sexta-feira

Bolsas mundiais têm sessão de cautela com investidores atentos a dados nos EUA após forte queda da véspera; resultados, auxílio emergencial e mais destaques

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Após um forte dia de queda para os principais índices mundiais em meio ao temor dos efeitos de uma maior inflação nos EUA sobre o mercado acionário – e que também impactou o Ibovespa, que fechou em baixa de 2,95% na quinta -, a última sessão de fevereiro promete ser novamente de cautela, com as bolsas europeias em leve queda, enquanto os índices futuros dos EUA oscilam entre leves ganhos e perdas. Os investidores estarão de olho no dado do PCE dos EUA de janeiro às 10h30, que trará mais indicações sobre os preços no país.

Por aqui, o noticiário corporativo e político é movimentado, em meio ao adiamento da leitura do relatório da PEC Emergencial. Na noite da véspera, Jair Bolsonaro ainda afirmou que o novo auxílio se estenderá por quatro meses num valor de R$ 250 e que voltará a partir de março. Na agenda econômica, são divulgados dados sobre a taxa de desemprego no Brasil, relativos a dezembro. A temporada de balanços também é movimentada, com números de Vale, BRF, Localiza, entre outros. Confira no que ficar de olho:

1.Bolsas mundiais

As bolsas mundiais têm quedas nesta sexta (26), com investidores acompanhando a tendência de alta de juros de títulos do Tesouro americano com vencimento em dez e 30 anos. As bolsas asiáticas, em especial, tiveram fortes perdas, acompanhando a queda da véspera na Bolsa de Nova York. O índice Nikkei, do Japão fechou com recuo de 3,99%.

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Nas negociações de overnight na quinta (25), os juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos voltaram a subir, chegando a ultrapassar brevemente a marca de 1,6%, o patamar mais alto em mais de um ano.

A alta se deve à expectativa otimista de maior crescimento da economia, alta do consumo e, consequentemente, inflação, a partir do pacote de estímulo do governo de Joe Biden, no valor de US$ 1,9 trilhão, e do avanço da vacinação, que pode contribuir para a normalização da economia e a efetivação de gastos represados pelos consumidores. Mais cedo na sexta, no entanto, a taxa caiu a 1,498%, reduzindo as perdas do mercado.

O temor de investidores é de que juros mais altos em decorrência da retomada da economia e da inflação poderiam dificultar a tomada de empréstimos por setores de forte crescimento. Também poderiam levar uma parte dos investidores a migrar do mercado de ações para o de títulos. Além disso, a alta da inflação poderia levar o Fed a alterar sua política, e elevar os juros referenciais de curto prazo.

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Desta forma, o PCE, Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal, que traz a métrica dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos consumidores, a ser divulgado durante a manhã, será observado de perto pelos investidores.

Na quarta (24) e na quinta, o presidente do Fed Jerome Powell falou ao Congresso, afirmando que a inflação pode ter volatilidade, mas que não espera que seja excessivamente forte, e que o Banco Central tem as ferramentas para combatê-la.

As falas foram encaradas como uma tentativa de tranquilizar o mercado quanto à possibilidade de mudanças na política do Banco Central americano, reduzindo, ao menos temporariamente, os temores impulsionados pelo aumento dos juros dos títulos do Tesouro com vencimento em dez e 30 anos.

As bolsas europeias também seguem a tendência de queda, com os investidores revendo suas apostas em reação ao aumento dos juros dos títulos do Tesouro americano. O índice Eurostoxx, que reúne 600 ações de 17 países europeus de todos os principais setores, caiu 0,5% mais cedo. O setor de recursos básicos caiu 1,9%, enquanto o de serviços avançou 0,3%.

No radar estão os resultados divulgados nesta sexta por IAG, empresa que controla a British Airways, Basf, Deutsche Telekom, Engie, entre outras. A IAG sofreu prejuízos operacionais de 7,4 bilhões de euros (US$ 9 bilhões), o maior de sua história, em decorrência da suspensão de voos em boa parte do mundo por uma parcela substancial do ano de 2020. As ações tiveram, no entanto, alta de 2,9%, com a leitura de investidores de que as restrições globais para viagens podem vir a ser relaxadas.

Na sexta, as bolsas asiáticas voltaram a ter fortes quedas, também em reação à alta dos juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos.

O índice Nikkei liderou as perdas, com recuo de 3,99%; o Kospi, da Coreia do Sul, caiu 2,8%; o índice Hang Seng Index, de Hong Kong, caiu 3,64%; e o índice Shanghai caiu 2,12%.

Ações dos setores de tecnologia lideraram as perdas. As ações da Tencent caíram 4,19%; as da Xiaomi, 5,77%; as da Alibaba, 4,52%; as da Meituan caíram 8,21%.

Veja o desempenho dos principais índices às 7h30 (horário de Brasília):
Estados Unidos
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,16%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,02%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,05%
Europa
*Dax (Alemanha), -0,19%
*FTSE 100 (Reino Unido), -0,37%
*CAC 40 (França), -0,34%
*FTSE MIB (Itália), -0,38%
Ásia
*Nikkei (Japão), -3,99% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -3,64% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -2,8% (fechado)
*Shanghai SE (China), -2,12% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -1,16%, a US$ 62,79 o barril
*Petróleo Brent, -1,11%, a US$ 66,14 o barril
*Bitcoin, -5,02%, a US$ 46.715,45
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com alta de 1,72%, cotados a 1151 iuanes, equivalente hoje a US$ 178,16 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,46

2. Agenda do dia

Às 9h são divulgados dados sobre a taxa de desemprego no Brasil, relativos a dezembro. De acordo com o professor da Fipecafi, Marcelo Neves, a taxa de desocupação deve se manter próxima dos 14%, o que representa aproximadamente 14,5 milhões de pessoas. O especialista avalia que, ainda que o mês de dezembro represente tradicionalmente uma melhora na geração de vagas, por conta da pandemia não se pode esperar por grande mudança no cenário.

“Historicamente, a taxa de desocupação possui uma sazonalidade quando a redução ocorre a partir de março, porém, devido a pandemia e influenciado pelo auxílio emergencial do governo, o nível de desocupação foi crescente até setembro. Adicionalmente, desde 2012, dezembro é o mês em que o nível de desocupação chega ao mais baixo durante o ano. Acreditamos que a tendência de redução da taxa de desocupação deve permanecer no trimestre findo em dezembro de 2020, porém deverá se manter próximo aos 14%, o que representa uma população desocupada de aproximadamente 14,5 milhões de pessoas”, ressaltou.

Às 9h30 são divulgados os resultados primários e nominais consolidados do setor público no Brasil, além da relação entre dívida e PIB, relativos a janeiro.

Às 10h30, é divulgada a balança comercial de bens avançados nos Estados Unidos, relativa a janeiro. Às 10h30, são divulgados dados de estoques no atacado, no varejo, renda pessoal, gastos pessoais, e o PCE relativos a janeiro nos Estados Unidos. O PCE é o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal, que traz a métrica dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos consumidores para fins de consumo, excluindo alimentos e energia, sendo acompanhado de perto pelo mercado em meio aos temores de maior inflação.

Às 11h45 é divulgado o índice de gerente de compras de Chicago, relativo a fevereiro. Às 12h a universidade de Michigan divulga dados sobre as condições atuais, expectativas e inflação, relativos a fevereiro.

3. Recorde de mortes no Brasil

O Brasil registrou 1.582 mortes por Covid na quinta, o recorde de toda a pandemia, que já dura um ano. Assim, o país atingiu a marca de 251.661 mortes. A informação é do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quinta (25), o avanço da pandemia em 24 h no país.

A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.150, também um recorde. É o segundo consecutivo registrado nessa métrica, que marca 36 dias acima da marca de mil mortes, e alta de 8% em relação ao patamar registrado 14 dias antes. A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 52.177, alta de 15% frente ao período encerrado 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 67.878 casos.

Até o momento, 6.338.137 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 2,99% da população. A segunda dose foi aplicada em 1.750.781 pessoas, ou 0,83% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Na quinta, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, realizou um pronunciamento ao lado de representantes de conselhos de secretários de Saúde. Em uma reunião mais cedo, foi fechado um acordo entre as secretarias estaduais e o Ministério da Saúde, sobre o pagamento pela utilização de leitos de UTI. O ministério deve realizar aportes de R$ 500 milhões para fortalecer unidades de saúde e equipes de saúde da família.

Ele falou também sobre a lotação de UTIs nos estados, e afirmou que “Uma das estratégias com relação a leitos é a utilização de leitos de forma remota. São remoções”. Pazuello não deu, no entanto, detalhes sobre como a possível transferência interestadual de pacientes se daria, e não respondeu a perguntas de jornalistas.

Apesar do recorde de mortes em um único dia e da alta da média móvel de mortes, que também bateu um recorde na quinta, Pazuello disse avaliar que o governo observa uma situação de “estabilidade” no número de casos em outubro e novembro. Ele disse esperar que a vacinação ajude a baixar as taxas de Covid no Brasil.

O general afirmou que a nova cepa identificada em Manaus, tem contaminado três vezes mais rápido, se espalha pelos estados e “já é parte do cotidiano”. “Observa-se que começou a aumentar o oeste do Pará, Belém, capitais como Fortaleza, João Pessoa. (…) Você vê Goiás impactado, Chapecó, varias cidades do país focais subindo”, afirmou o ministro da Saúde.

A fala de Pazuello foi seguida por outra de Carlos Lua, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), que reúne secretários estaduais. Lua afirmou que os estados estão no limite, com alta ocupação hospitalar em Bahia, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Sul, Paraíba, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe.

“A gente termina a contabilidade tendo feito o transporte de mais de 600 pacientes do Amazonas para outros estados. E mais de 60 de Rondônia. Hoje a gente já teria dificuldade bem maior de fazer esse transporte porque todo mundo está no seu limite. Quase todo o Brasil recebeu pacientes do Amazonas”, afirmou.

Além disso, o Ministério da Saúde informou ter assinado um acordo para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, vacina contra a covid desenvolvida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech. O investimento será de R$ 1,614 bilhão. Até o momento, não foram divulgados resultados com a eficácia geral do imunizante, que ainda passa por testes de fase 3, mas já vem sendo utilizado sobre a população indiana.

4. Auxílio emergencial e PEC

Em sua live semanal na quinta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o auxílio emergencial deve retornar, com valor de R$ 250, a partir de março e com vigência de quatro meses. Ele afirmou, no entanto, que as negociações da proposta envolvem os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ambos defendem volta do benefício interrompido no final do ano passado.

“Estive hoje com [o ministro da Economia] Paulo Guedes e, a princípio, o que deve ser feito: a partir de março por 4 meses R$ 250 de auxílio emergencial”, disse Bolsonaro.

“É isso que está sendo disponibilizado, está sendo conversado ainda, em especial, com os presidentes da Câmara e o Senado porque a gente tem que ter certeza de que nós acertamos vai ser em conjunto, não só eu e a equipe econômica, vai ser junto com o Legislativo também na ponta da linha aquilo seja honrado por todos nós”, disse.

Bolsonaro repetiu que a capacidade de endividamento do país está “no limite” e que o auxílio será pago por quatro meses para ver se a economia “pega de vez, pega para valer”.

O Congresso pressiona o governo pela retomada logo do auxílio, embora tenha adiado nesta quinta a leitura da PEC Emergencial. A proposta é tida pela equipe econômica como vital para dar sustentação a novas despesas com o pagamento emergencial e a busca de um equilíbrio fiscal do país, já que permitirá ao governo gastar acima do teto. A votação da PEC está prevista para a próxima quarta-feira.

O presidente disse que espera, após o período de vigência temporária do auxílio, que a partir de julho haja uma nova proposta de reformulação do Bolsa Família.

Sem dar maiores detalhes, Bolsonaro disse na transmissão que o governo federal vai publicar uma norma que permite um refinanciamento de dívidas de bares e restaurantes, setor afetado pela pandemia.

Mais cedo, o presidente havia afirmado, durante cerimônia de lançamento da revitalização do sistema de Corrente Contínua de Alta Tensão de Furnas, em Foz do Iguaçu (PR) que a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna como presidente da Petrobras visa uma “nova dinâmica”. Castello Branco foi demitido na sexta (19).

Bolsonaro afirmou ainda que “uma estatal, seja qual for, tem que ter sua visão de social (…) Não podemos admitir uma estatal, um presidente que não tenha essa visão”. A fala ocorre em meio a temores de que o presidente esteja planejando maior poder de intervenção sobre a empresa e sobre os preços praticados sobre o combustível. Mas o presidente afirmou que seus nomeados também teriam liberdade de atuação.

Sob Castello Branco, a Petrobras anunciou na quarta o maior lucro trimestral da história das companhias abertas brasileiras. Em videoconferência com analistas na quinta na qual vestiu uma camiseta com o slogan do metrô de Londres, “mind the gap” (cuidado com o vão, em uma tradução literal), Castello Branco afirmou que os preços não são altos nem caros, e que seguem o mercado.

Além disso, também na quinta o presidente Bolsonaro decidiu entregar a Secom (Secretaria de Comunicação) do governo para mais um militar, o almirante Flávio Rocha, atual secretário Especial de Assuntos Estratégicos. Ele substituirá Fabio Wajngarten, que sai depois de uma sequência de atritos com diferentes membros do governo, com a imprensa, com quem deveria fazer a interlocução, e, recentemente, com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a quem é subordinado.

5. Radar corporativo

A temporada de resultados é o grande destaque do noticiário corporativo. A atenção maior fica para a Vale, que teve um lucro de US$ 739 milhões no quarto trimestre de 2020; a companhia ainda aprovou a distribuição de R$ 4,26 por ação na remuneração aos acionistas por conta do desempenho no segundo semestre do ano passado.

Já a  BRF teve lucro líquido de R$ 902 milhões no quarto trimestre, acima da média das expectativas dos analistas de R$ 572 milhões, com impulso da forte demanda da China e no Brasil. A alta foi de 30,8% em relação aos R$ 690 milhões em igual período de 2019.

O lucro da Localiza disparou 76% no 4º trimestre, com aumento de preços dos veículos, enquanto a Fleury teve alta de quase 150% no lucro no 4º trimestre, com impulso de testes de Covid-19. Já o lucro da Minerva disparou para R$ 697 milhões em 2020 e a companhia propôs dividendo adicional. Ainda no radar, a Localiza também informou na quinta que seu conselho de administração decidiu que Bruno Lasansky será o próximo presidente-executivo, a partir de 27 de abril.

Fora do radar de balanços, a CCR assinou nesta quinta-feira aditivo do contrato de concessão da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A concessão da NovaDutra se encerraria no próximo domingo, 28, e foi prorrogada por um ano, até 28 de fevereiro de 2022. Segundo informa a CCR em Fato Relevante, o aditivo foi acertado porque a ANTT não teria tempo hábil para realizar um novo leilão para licitação da concessão.

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