Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta sexta-feira

Investidores aguardam por relatório de emprego nos EUA; riscos fiscais e rusgas entre STF e Executivo no Brasil e mais destaques desta sessão

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Enquanto as bolsas mundiais operam praticamente estáveis nesta sexta-feira (6) com os investidores à espera do relatório de emprego nos EUA, o noticiário político e também o corporativo no Brasil segue bastante movimentado.

Os riscos fiscais aumentam, com novo temor após o Senado aprovar a reabertura do Refis, o programa de parcelamento de débitos tributários, com perdão de até 90% de multas e 12 anos para pagar. Além disso, atenção para o conflito entre os Poderes Executivo e Judiciário, após o  o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, cancelar na véspera a reunião dos chefes dos Três Poderes.

Esses fatores contribuem para a aversão ao risco para o Brasil, com impacto na Bolsa e no câmbio, após uma sessão em que o Ibovespa fechou com leve perdas depois de chegar a subir mais de 1% no intraday. Cabe destacar que o Ibovespa Futuro acelerou perdas depois do fechamento do pregão regular e recuou 0,75% a 121.100 pontos depois da notícia. Mais cedo, o índice à vista havia fechado em leve baixa de 0,14% a 121.632 pontos.

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No noticiário corporativo, a temporada de balanços conta com a repercussão dos números da Cia. Hering, BK Brasil, Tenda, Eneva, JHSF, entre outras companhias.

1.Bolsas mundiais

Os índices futuros americanos operam quase estáveis nesta sexta (6), enquanto investidores aguardam a divulgação do relatório sobre emprego nos Estados Unidos.

Na quinta, os índices futuros americanos encerraram a sessão com resultado positivo. O S&P 500 avançou 0,6%; o Dow subiu 0,78%; e o Nasdaq Composto subiu 0,78%.

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Até o momento na semana, o Dow sobe 0,4%; o S&P, 0,77%; e o Nasdaq, 1,5%.

Na quinta, foi divulgado o número de novos pedidos de seguro-desemprego na semana, de 385 mil, em linha com a expectativa do mercado.

Para esta sexta, a expectativa de economistas ouvidos pela Dow Jones é de que o relatório de emprego, que será divulgado às 9h30, deverá indicar adição de 845 mil empregos à economia americana em julho. Mas as previsões vão de 350 mil novos empregos a 1,2 milhão de empregos adicionados, um indício de que há incerteza em relação ao indicador. Já o consenso Refinitiv aponta para 870 mil vagas criadas e taxa de desemprego a 5,7%.

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No segundo trimestre, a média foi de adição de entre 500 mil e 600 mil empregos por mês. Um patamar próximo a isto poderá ser encarado como sinal de continuidade da recuperação da economia dos Estados Unidos com vacinação, redução de mortes e novos casos de contaminação por coronavírus, e relaxamento de medidas restritivas no país.

Os números do relatório de emprego têm o potencial de pautar a política futura do Federal Reserve, e são acompanhados também na Ásia. Outro assunto que vêm influenciado os mercados na região é a aceleração de novos casos de Covid.

Na China continental, o Shanghai composto caiu 0,24%; em Hong Kong, o índice Hang Seng teve alta de 0,1%; no Japão, o Nikkei avançou 0,33%; na Coreia do Sul, o Kospi caiu 0,18%.

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Na Europa, os principais índices têm leves quedas nesta sexta, com destaque positivo para papéis do setor de seguros, e negativo para o de viagem e lazer.

Na quinta, o Banco da Inglaterra manteve sua política monetária inalterada, mas alertou para inflação mais forte no curto prazo.

Além disso, dados divulgados na sexta pelo Escritório de Estatísticas Federal indicam queda inesperada de 1,3% na produção industrial em junho na Alemanha, o segundo recuo consecutivo.

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Nesta sexta, a transportadora de contêineres Maersk informou lucro Ebitda de US$ 5,1 bilhão, alta de 200% em relação ao mesmo período do ano anterior. A seguradora Allianz informou receita líquida de US$2,225 bilhões, acima da expectativa.

A Allianz também elevou a sua previsão para o ano, e anunciou um programa de recompra de títulos no valor de 750 milhões de euros.

Veja os principais indicadores às 7h40 (horário de Brasília):
Estados Unidos
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,1%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,06%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,14%
Europa
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,12%
*Dax (Alemanha), +0,2%
*CAC 40 (França), +0,16%
*FTSE MIB (Itália), +0,63%
Ásia
*Nikkei (Japão), +0,33% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,24% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,1% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -0,18% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, +1,216%, a US$ 69,95 o barril
*Petróleo Brent, +1,18%, a US$ 72,14 o barril
*Bitcoin, +6,93%, a US$ 40.692,77
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com queda de 1,27%, cotados a 895 iuanes, equivalente hoje a US$ 138,38 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,47

2. Agenda

No Brasil, a Anfavea divulga os dados de produção de veículos de julho às 10h.

Às 9h30 é divulgado o relatório de emprego (“payroll” em inglês) relativo a julho nos Estados Unidos. O consenso Refinitiv aponta para 870 mil vagas criadas e taxa de desemprego a 5,7%. Às 11h são divulgados dados sobre vendas e estoques do atacado em junho no país.

3. Covid e CPI

Na quinta (5), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 882, queda de 22% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 1.086 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 32.462, o que representa queda de 30% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 39.644 casos.

Chegou a 105.061.908 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 49,61% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 44.275.685 pessoas, ou 20,91% da população.

O governo do Estado de São Paulo anunciou na quinta que recorrerá à Justiça contra a decisão do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde de reduzir a quantidade de vacinas da Pfizer contra a Covid-19 destinada ao Estado.

Na quarta, autoridades paulistas disseram que o Estado recebeu um lote 50% menor de vacinas da Pfizer do que o previsto e afirmaram que a redução, que o governador João Doria (PSDB) chamou de “arbitrária”, pode impactar na vacinação de adolescentes no Estado, prevista para começar dia 18. As vacinas da Pfizer são as únicas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em adolescentes.

Em entrevista coletiva também na quarta, o Ministério da Saúde rebateu as afirmações de São Paulo e disse que o Estado retirou uma quantidade maior de doses da CoronaVac, vacina que está sendo envasada pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo paulista, e que por isso houve uma compensação.

O ministério disse ainda que busca equalizar a campanha de vacinação entre os Estados e que o governo paulista sabia da quantidade de doses que receberia. Em resposta, o governo de São Paulo negou que tenha retirado uma quantidade maior de doses da CoronaVac.

Na quinta, a CPI da Covid no Senado ouviu o empresário Airton Soligo, conhecido como Airton Cascavel e apontado como “número dois informal” do general Eduardo Pazuello durante ao menos dois meses de sua gestão do Ministério da Saúde. Sua atuação é investigada pela Procuradoria da República no Distrito Federal.

Soligo afirmou que Pazuello não terceirizou competências a ele e minimizou sua atuação informal no Ministério da Saúde, mas disse que atuou em “pacificação” na pasta para a compra da CoronaVac. Ele negou que obteve vantagem pessoal.

A CPI voltará na próxima terça-feira (10), quando deve ouvir o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, do Instituto Força Brasil, apontado como responsável por levar vendedores da vacina da Davati ao Ministério da Saúde.

4. Rusgas entre poderes e risco fiscal

As rusgas institucionais e os riscos fiscais seguem no radar dos investidores. Na véspera, o Ibovespa Futuro acelerou perdas depois do fechamento do pregão regular e recuou 0,75% a 121.100 pontos depois da notícia de que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, cancelou a reunião dos chefes dos Três Poderes. Mais cedo, o índice à vista havia fechado em leve baixa de 0,14% a 121.632 pontos.

“O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Além disso, sua excelência mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário, bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro”, justificou Fux.

Além disso, ainda sem passar pelo crivo do Ministério da Economia, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, diz que os líderes da Casa estudam retirar as despesas com precatórios do teto de gastos. A ideia seria mudar a interpretação sobre sua natureza e configurá-la como despesa de financiamento, que não está sujeita à regra fiscal. Bezerra diz que a medida liberaria R$ 19 bilhões no teto de 2022, elevando-o para algo em torno de R$ 50 bilhões.

O Senado aprovou ontem um novo Refis com abatimentos de até 90% em juros e multas, além de 100% em encargos. O pagamento poderá ser parcelado em até 12 anos pelas empresas. O programa, que desagrada o ministério de Paulo Guedes, ainda terá que passar pela Câmara antes da sanção presidencial.

Ainda ontem, a Câmara aprovou o texto do projeto de lei que permite a privatização dos Correios. A proposta agora caminha para discussão no Senado.

5. Radar corporativo

Na quinta, o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou em nota que verificou risco ao pleno abastecimento de todos os mercados regionais de combustíveis, tendo em vista os desinvestimentos da Petrobras. O órgão federal disse que as vendas de ativos da petroleira estatal também colocam em risco desenvolvimento e a reorganização do mercado de refino de petróleo no Brasil. As conclusões ocorreram após auditoria de natureza operacional para verificar como o governo federal tem atuado para reorganizar o mercado nacional de refino, tendo em vista o plano de venda de ativos da empresa.

Também na quinta, o presidente da Petrobras, general da reserva Joaquim Silva e Luna, afirmou que a estatal pretende continuar o processo de desalavancagem. Ele afirmou que os resultados apresentados na quarta pela empresa “são frutos da decisão da companhia de continuar seguindo os mais altos padrões éticos de governança e de fidelidade ao seu plano estratégico. Seguiremos a trajetória de sustentabilidade financeira, geração de valor e desalavancagem.”

Silva e Luna também comentou o anúncio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a estatal teria uma reserva de R$ 3 bilhões para custear o pagamento de um vale-gás para a população de baixa renda. “Nós participamos dessa discussão junto com o governo, mas esse tema está sendo conduzido pelo Ministério das Minas e Energia… A nada somos indiferentes, temos atividade e responsabilidade social dentro da empresa, mas não somos o ator principal dessa condução desse processo”, disse o general da reserva.

O presidente da Petrobras foi questionado sobre como funcionaria o benefício e se dividendos da empresa recebidos pela União poderiam ser utilizados. “Eu não sei. Esse (recurso) aí faz parte de dividendos, é um compromisso da empresa de entregar dividendos. Está repassando. Agora, como o acionista majoritário é o governo, ele recebe (a fatia) maior. Mas seria o governo quem define como fazer”, disse. Em nota publicada mais tarde na quinta-feira, a Petrobras reiterou que não há definição quanto à implementação e o montante de participação em eventuais programas, reafirmando que a companhia “não conduz tal processo, mas contribui para as discussões”.

Também na quinta, executivos da Petrobras disseram em teleconferência com investidores que tinham contratado assessores para vender sua fatia na Braskem, sem dar mais detalhes. Segundo informações obtidas pela agência internacional de notícias Reuters com três fontes a par do assunto, a estatal contratou o JPMorgan como assessor para vender sua participação na Braskem.

Na quinta, o presidente da Braskem, Roberto Simões, afirmou que a empresa avalia neste segundo semestre uma retomada no pagamento de dividendos, apoiada em um quadro de baixa alavancagem e resultados fortes.

A Eneva aumentou em 38% o seu lucro líquido no segundo trimestre, para R$ 118,1 milhões, com impulso de uma antecipação de despachos de suas térmicas, que foram chamadas a produzir antes devido à seca que afeta a geração hidrelétrica do país. A geração de caixa medida pelo lucro Ebitda ajustado da Eneva cresceu 35% na comparação com o segundo trimestre de 2020, para R$ 377,5 milhões, enquanto a receita operacional líquida saltou 85,6%, para R$ 962,5 milhões.

A gestora de shoppings e empreendimentos imobiliários de alto padrão JHSF informou na quinta que seu lucro de abril a junho somou R$ 321,4 milhões, um aumento de 26,4% ante mesma etapa do ano passado. O resultado operacional do período medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 422,4 milhões, alta ano a ano de 22%. A margem Ebitda ficou em 75,5%.

A elétrica Engie Brasil Energia reportou na quinta-feira lucro líquido de R$ 319 milhões no segundo trimestre de 2021, queda de 58,4% em relação a igual período do ano passado, em resultado impacto por um impairment de R$ 163 milhões pelo ajuste do valor contábil do complexo termelétrico Jorge Lacerda. O lucro Ebitda ajustado atingiu R$ 1,53 bilhão no trimestre até junho, alta de 19,7% na comparação com mesma etapa de 2020.

A Cia Hering anunciou na quinta-feira que sua receita líquida de abril a junho somou R$ 353,2 milhões, um salto de 197,2% ante mesma etapa do ano passado, quando governos baixaram fortes restrições sociais para conter a pandemia da Covid-19, inclusive o fechamento de lojas por meses. Porém, o lucro líquido do trimestre, de R$ 7,1 milhões, foi bastante inferior ao de um ano antes, quando tinha atingido R$ 126,9 milhões, beneficiado pelo reconhecimento de um crédito judicial ligado a um processo fiscal.

O banco ABC Brasil divulgou nesta manhã lucro líquido de R$ 136,3 milhões no segundo trimestre de 2021, crescimento de 11,4% em relação ao trimestre anterior e de 121,3% em relação ao mesmo período de 2020. No semestre, houve crescimento de 81,4% em relação ao mesmo período de 2020. Depois do fechamento, serão divulgados os dados da M.Dias Branco.

Já a JBS entrou no mercado de peixes com a aquisição da produtora australiana de salmão Huon Aquaculture por 425 milhões de dólares australianos (US$ 314 milhões).

(com Reuters, Bloomberg e Estadão Conteúdo)

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