Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta segunda-feira

Trump ameniza tom contra China após receber telefonema de Pequim, levando à melhora dos mercados; enquanto isso crise na Amazônia foi debatida no G-7

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a semana anterior com queda de 2,14%, aos 97.667 pontos, boa parte dela ocasionada pela retração na sexta-feira de 2,34%, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que responderia ao aumento das tarifas da China sobre US$ 75 bilhões em produtos e automóveis norte-americanos.

A promessa foi cumprida após o fechamento dos mercados, com o presidente norte-americano afirmando que elevará de 25% para 30% as tarifas sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses a partir de 1.º de outubro. Além disso, os US$ 300 bilhões restantes em produtos da China, que seriam tarifados em 10% a partir de 1.º de setembro, sofrerão agora tarifa maior, de 15%.

“Nós não precisamos da China e, honestamente, ficaremos melhor sem ela”, disse Trump antes do anúncio pelo Twitter. Ele afirmou ainda ao longo do final de semana que usaria a autoridade de emergência concedida por uma lei federal, para fazer cumprir sua ordem via Twitter para empresas americanas cortarem os laços com a China.

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Em nova resposta, o Banco Popular da China não interviu no mercado de câmbio e o yuan caiu para um novo recorde de baixa, em onze anos, frente ao dólar, negociado a 7,1510 por dólar. No mercado onshore, cotação recuou a 7,1418 por dólar. 

Contudo, o presidente americano amenizou o tom nesta segunda-feira e afirmou que os dois países retomarão negociações comerciais “em breve” e de “forma muito séria”.

Enquanto a semana é movimentada no exterior, no Brasil o governo busca forma de controlar os incêndios que devastam a Amazônia e que são alvo de críticas da comunidade internacional.

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Já países integrantes do G-7, que estiveram reunidos em Biarritz, na França, neste final de semana, deliberaram que vão buscar alternativas para ajudar o Brasil no combate aos inúmeros focos de destruição na floresta e posterior reflorestamento.

Confirma os destaques desta segunda-feira:

1. Bolsas Internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em queda generalizada nesta segunda-feira diante do acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Na Cúpula do G-7, Trump afirmou no final de semana lamentar não poder elevar ainda mais as tarifas sobre as importações chinesas, acrescentando que poderia declarar emergência nacional.

No entanto, nesta manhã, Trump, afirmou que Washington recebeu duas ligações telefônicas da China na noite de ontem e que os dois países retomarão negociações comerciais “em breve” e de “forma muito séria”.

Trump acrescentou ter muito respeito pelo presidente chinês, Xi Jinping, e disse que Pequim quer fechar um acordo comercial com os EUA. “Acho que teremos um acordo”, afirmou.

As últimas declarações levaram as bolsas europeias a reduzirem as perdas da abertura hoje dos pregões, assim como os futuros de Nova York, que inverteram o sinal para o positivo.

A melhora acontece mesmo após Trump dizer hoje esperar não ter necessidade de aplicar tarifas a carros alemães, depois de se reunir com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, às margens da cúpula do G-7.

Trump, que falou em coletiva de imprensa ao lado da chanceler, disse que discutiu com Merkel um possível acordo comercial entre EUA e União Europeia e comentou que o bloco é tão “durão” quanto a China no que diz respeito ao comércio.

Segundo Trump, os EUA “perderam muito dinheiro” por causa da UE ao longo dos anos e foi o governo de seu antecessor, Barack Obama, que permitiu a “injusta vantagem comercial” dos europeus e também dos chineses.

Por outro lado, o presidente dos EUA disse ainda que “tudo é possível”, ao ser perguntado sobre um eventual adiamento das tarifas de Washington previstas contra a China. Ele destacou ainda que os EUA estão numa “posição muito melhor agora” do que antes nas negociações comerciais com a China.

Entre os indicadores, o índice de sentimento das empresas da Alemanha caiu de 95,8 pontos em julho para 94,3 pontos em agosto, atingindo o menor nível desde novembro de 2012, segundo o instituto alemão Ifo.

O resultado alemão ficou bem abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 95,1 pontos neste mês.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h33 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,59%
Nasdaq Futuro (EUA), +1,04%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,71%
DAX (Alemanha), +0,48%
FTSE (Reino Unido) – (fechado por feriado)
CAC-40 (França), +0,71%
FTSE MIB (Itália), +0,82%
Hang Seng (Hong Kong), -1,91% (fechado)
Xangai (China), -1,17% (fechado)
Nikkei (Japão), -2,17% (fechado)
Petróleo WTI, +0,81%, a US$ 54,57 o barril
Petróleo Brent, +0,35%, a US$ 59,55 o barril
Bitcoin, US$ 10.357, +2,05%
R$ 42.356, +1,66% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 1,74%, cotados a 593,50 iuanes, equivalentes a US$ 83,10 (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

No Brasil, a FGV informa, às 8h00, a Sondagem da Indústria de agosto, enquanto o Banco Central pública o Boletim Focus da semana. Às 10h30, será a vez do BC divulgar os dados de transações correntes e investimento estrangeiro direto. À tarde, saem os dados da balança comercial semanal.

Nos Estados Unidos, às 9h30, o Fed de Chicago informa o índice de atividade nacional e o departamento do comércio publica as encomendas de bens duráveis. Já às 11h30, o Fed de Dallas divulga a produção manufatureira de agosto.

À noite, na China, será conhecido o resultado do lucro industrial.

3. G7 e Amazônia

Os Chefes de Estado e governos dos países que compõem o G7, reunidos durante a 45ª conferência de cúpula, acordaram sobre o envio de ajuda aos países afetados pelos incêndios na Região Amazônica “o mais rápido possível”, declarou o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.

Segundo ele, os líderes do G7 se aproximam de um consenso sobre como ajudar a extinguir o fogo e a reparar os danos resultantes, com mecanismos apropriados, tanto técnicos quanto financeiros, mas que “tudo depende dos países da Amazônia”, sem que haja comprometimento da soberania.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ainda que o reflorestamento será discutido com o Brasil quando os incêndios cessarem. Macron colocara os incêndios amazônicos no topo da agenda da cúpula, após declará-los emergência global.

Numa iniciativa controversa, Macron também ameaçou não ratificar o acordo de livre-comércio assinado entre a União Europeia e o Mercosul devido às “mentiras” do presidente Jair Bolsonaro quanto a seu real comprometimento climático e ambiental.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, criticou essa postura – de obstruir o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul para pressionar o Brasil contra incêndios florestais – um dia depois de o escritório da chanceler alemã Angela Merkel ter feito o mesmo em Berlim.

Johnson afirmou, porém, temer a “irreversibilidade” da destruição florestal e prometeu “apoio aos brasileiros”. Na sexta, 23, um porta-voz de Angela Merkel disse que não concluir o acordo “não é a resposta apropriada para o que está acontecendo no Brasil agora”.

Após o presidente Bolsonaro ver nas falas de Macron uma intervenção indevida – e cogitar até chamar o embaixador francês para cobrar explicações -, o francês virou alvo de críticas do governo brasileiro.

O secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, usou suas redes sociais para rechaçar “pitacos” e dizer que “Macron não consegue controlar o racismo nem o antissemitismo de seu país”. Seu colega de Meio Ambiente, Ricardo Salles, observou nas redes sociais que há mais fogo em Angola e Congo do que na Amazônia e citou possível interesse dos “ineficientes agricultores franceses”.

No Brasil, um despacho do presidente Jair Bolsonaro, publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) neste domingo, autorizou o emprego das Forças Armadas no combate aos incêndios florestais no Acre, Mato Grosso e Amazonas. Com isso, são sete os estados que solicitaram apoio federal nas operações.

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Já o Ministério da Economia informou ontem, em nota ter aprovado o descontingenciamento imediato R$ 38,5 milhões do orçamento da Defesa para custear os trabalhos de combate aos incêndios conduzidos pelas Forças Armadas.

Enquanto isso, o governo de Israel enviará um avião para auxiliar as Forças Armadas brasileiras no combate aos incêndios na Floresta Amazônica. Por meio do Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que o envio foi acertado após um telefonema entre o presidente brasileiro e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O ministro da Justiça Sergio Moro, pelo Twitter, afirmou que a Polícia Federal (PF) vai investigar integrantes de um grupo que teria planejado atear fogo em áreas de floresta entre os municípios de Altamira e Novo Progresso, no Pará, no último dia 10 de agosto, em data que chegou a ser batizada, por produtores rurais da região, como “dia do fogo”. O caso foi denunciado pela revista Globo Rural.

Segundo a revista, mais de 70 pessoas, entre sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros combinaram, por meio de um grupo de WhatsApp, incendiar as margens da BR-63, rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao estado de Mato Grosso.

O Estadão destaca ainda que o deputado estadual do Rio Chicão Bulhões pediu a suspensão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do quadro de filiados do partido Novo. O parlamentar questiona a “postura inadequada” e os “constrangimentos” causados pelo “desdém” a dados científicos e políticas públicas sem debate prévio.

4. Previdência e Economia

À margem do acordo para aprovar o texto da reforma da Previdência que teve o aval da Câmara sem modificações, senadores tentam abrandar a proposta que modifica as regras para se aposentar no Brasil. Quase 130 emendas foram protocoladas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e cabe ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) decidir se acata ou não as sugestões.

Segundo o Estadão, pelo menos 28 emendas buscam alterar regras de transição e o cálculo para aposentadoria de servidores públicos ou de trabalhadores da iniciativa privada. Outras 17 emendas querem eliminar ou flexibilizar as regras para pensão por morte. Já seis pedem alterações nas alíquotas previdenciárias maiores que os servidores públicos vão ter que pagar caso o texto seja aprovado.

Jereissati defende que eventuais mudanças devem ser discutidas em uma PEC paralela, reunindo emendas que os senadores fizerem à proposta durante a análise da reforma no Senado. Tanto o relator quanto o governo resistem a mudanças que desidratem a proposta. O único consenso para a PEC paralela, no momento, é a inclusão de Estados e municípios nas novas regras.

Enquanto isso, governadores do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo reiteraram apoio às “reformas estruturais” do governo federal e às medidas econômicas “essenciais ao equilíbrio fiscal da União, dos Estados e dos Municípios”. Em carta aberta, defenderam a reinclusão Estados e municípios no texto da reforma da Previdência.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Senado prepara uma moratória no pagamento de precatórios com potencial para prejudicar mais de um milhão de credores. A publicação destaca que isso é uma contrapartida negociada pelo governo no chamado pacto federativo para a aprovação da reforma da Previdência.

Na economia, apesar do avanço da agenda de reformas e da queda na taxa básica de juros (Selic), a atividade continua patinando e não há sinais de uma recuperação acelerada no médio prazo. Há quem projete crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem ainda abaixo dos 2% – após o 0,8% esperado para 2019.

A destruição provocada pela recessão, com empresas indo à falência e milhões de trabalhadores saindo do mercado, a perda de produtividade, as incertezas políticas que travam o investimento e o freio na economia internacional formam o cenário adverso para o Brasil.

5. Noticiário Corporativo

Um grupo liderado pela brasileira Itaúsa Investimentos ofereceu cerca de R$ 3,5 bilhões (US$ 850 milhões) à distribuidora de gás de botijão da Petrobras, segundo a Bloomberg.

A Petrobras, em comunicado, havia informado apenas que a Itaúsa, holding das famílias Setubal e Villela, em consórcio com a Copagaz Distribuidora de Gás e a Nacional Gás Butano, ofereceu a maior oferta pela Liquigás Distribuidora.

Outros concorrentes da Itaúsa incluíram um grupo liderado pela Mubadala Investment e outro capitaneado pela distribuidora holandesa de gás SHV Holdings. A Petrobras esperava que os lances chegassem a R$ 2,8 bilhões, disseram fontes anteriormente.

Já o jornal Valor Econômico destaca que as empresa de capital aberto obtiveram no segundo trimestre alta das receitas acima da inflação, puxando o desempenho operacional, enquanto pelo lado financeiro fatores como câmbio, queda de juros e créditos tributários impulsionaram os resultados.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)