Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta segunda-feira

Com agenda econômica esvaziada, mercados operam perto da estabilidade, à espera da decisão do Fomc sobre juros nos EUA 

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão de sexta-feira em leve alta de 0,16%, aos 102.819 pontos, puxado por um movimento de correção dos bancos, minimizando o impacto da queda de Petrobras, após redução das projeções de produção. Mesmo assim, o índice acumulou desvalorização na semana, de 0,61% – a terceira consecutiva no terreno negativo.

Já esta semana começa com grandes expectativas, com a super quarta-feira, quando saem as decisões de política monetária nos EUA, com o Federal Open Market Committee (Fomc), e no Brasil, com o Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, pelo lado corporativo, deverá sair o resultado da Vale, ainda trazendo impactos da tragédia de Brumadinho no balanço.

Hoje, o mercado deverá seguir acompanhando os desdobramentos do mundo político, após novos depoimentos do hacker Walter Delgatti Neto, preso pela Polícia Federal semana passada, por suspeita de ter invadido o celular de diversas autoridades – e repassado os dados ao site The Intercept. Em nota, a defesa afirmou que o conjunto das mensagens extraídas foi enviada para o exterior, onde estão guardadas. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Já a agenda econômica traz resultado fiscal e, após o fechamento, o balanço do Itaú. Confira os destaques desta segunda-feira:

1. Bolsas Internacionais

As bolsas de valores da Ásia caíram nesta segunda, com os investidores aguardando a retomada das negociações EUA-China em Pequim nesta semana, em meio a baixas expectativas de um grande avanço. O diretor do Conselho Econômico Nacional, Larry Kudlow, disse à CNBC na sexta-feira que “não esperaria nenhum grande negócio”.

Além disso, na China, o lucro das grandes empresas industrial caiu 3,7% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, após um ganho de 1,1% em maio, aumentando os sinais de demanda lenta por produtos industriais. No primeiro semestre, os lucros recuaram 2,4%. Refinarias de petróleo e siderúrgicas, atingidas pelo aumento dos preços das matérias-primas, registraram declínios nos lucros de 53,6% e 21,8%, respectivamente.

Continua depois da publicidade

“A desaceleração nos lucros se alinha com os baixos preços do produtor observados no início do mês e também sugere que as margens estão sendo impactadas pela guerra comercial EUA-China”, escreveu Tapas Strickland, economista do National Australia Bank, em uma nota, de acordo com a CNBC.

Já Hong Kong recuou com a manutenção das tensões políticas locais, após confrontos entre manifestantes e a polícia.

As bolsas europeias operam de forma mista, no aguardo das negociações comerciais entre EUA e China, assim como pela reunião de política monetária do Federal Reserve dos EUA nesta semana, com a expectativa de que o Fed reduza as taxas de juros em 25 pontos-base.

Invista com segurança: abra uma conta gratuita na XP!

No Reino Unido, o novo primeiro-ministro britânico e líder do Partido Conservador, Boris Johnson, planeja visitar a Escócia hoje, depois que a chefe dos conservadores escoceses disse que se recusaria a apoiar o Reino Unido a deixar a União Europeia sem um acordo.

Entre as commodities, o minério opera em leve alta e os preços do petróleo de forma mista.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h21 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), -0,01%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,02%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,01%
DAX (Alemanha), -0,07%
FTSE (Reino Unido), +1,13%
CAC-40 (França), -0,15%
FTSE MIB (Itália), -0,40%
Hang Seng (Hong Kong), -0,03% (fechado)
Xangai (China), -0,12% (fechado)
Nikkei (Japão), -0,19% (fechado)
Petróleo WTI, +0,09%, a US$ 56,25 o barril
Petróleo Brent, -0,25%, a US$ 63,30 o barril
Bitcoin, US$ 9.491,95, -0,18%
R$ 36.464, -0,10% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian subiam 0,74%, cotados a 750,50 iuanes, equivalentes a US$ 108,88 (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

No Brasil, o destaque é a divulgação do boletim Focus do Banco Central, às 8h25, com novas perspectivas para o PIB, inflação e juros – às vésperas da divulgação da nova taxa Selic, que tende a ser cortada em 0,25 ponto porcentual pelo Copom, embora parte do mercado já aposte em um corte mais ousado, de 0,50 p.p..

Antes, às 8h00, a FGV informa a sondagem industrial de julho. Já às 10h30, o BC publica o resultado fiscal consolidado de junho, primário e nominal, assim como a dívida líquida do setor público. À tarde, saem os dados da balança comercial semanal.

Nos Estados Unidos, o único indicador aguardado é do índice de atividade manufatureira de julho pelo Fed de Dallas. Na área corporativa, não estão previstas as publicações de balanços relevantes no exterior.

No Brasil, o destaque é para a divulgação do balanço do Itaú Unibanco após o fechamento do mercado, sobretudo após os dados do Bradesco, na semana passada, terem decepcionado o mercado. Saem hoje ainda os resultados de Multiplan e Aliansce Shopping.

3. Noticiário Político

Em novos desdobramentos do episódio de vazamentos, Walter Delgatti afirmou que chegou ao jornalista do site The Intercept Glenn Greenwald por intermédio de Manuela D’Ávila, candidata a vice-presidente pela chapa com Fernando Haddad, nas eleições do ano passado. Ela confirmou que o hacker entrou em contato após ter invadido sua conta no Telegram.

Ainda em depoimento, o hacker afirmou que não editou os diálogos de integrantes da Lava Jato antes de repassá-los ao site The Intercept. Segundo a Folha, a Polícia Federal vê contradições no depoimento de Delgatti e vai ouvi-lo novamente. Ele limitou suas ações a pouco mais de dez pessoas públicas, mas há evidências de tentativas de invasão há cerca de mil alvos, diz a publicação.

O envolvimento do ministro Sergio Moro na Operação Spoofing reacendeu a pressão sobre ele vinda de alas do STF e do Congresso, relata a Folha. Para ministros e parlamentares, ele extrapolou os limites ao indicar que teve acesso a dados sigilosos da PF e deveria se afastar do cargo até a conclusão das investigações. Moro chegou a indicar que destruiria o material captado pelo hacker, sendo alvo de críticas.

Após ter chamado Greenwald de “malandro”, por ter se casado com um homem e adotado crianças no Brasil, Bolsonaro afirmou ainda que não cabe a Moro decidir o destino do material apreendido com o hacker. Já o jornalista afirmou que sua eventual prisão não faz sentido. “Ao contrário do que Bolsonaro deseja, não temos uma ditadura, temos uma democracia e, para prender alguém, é preciso mostrar evidência de que a pessoa que você quer prender cometeu algum crise”, disse.

A Folha traz hoje ainda novos trechos de diálogos hackeados, nos quais Moro julgava fraca a delação do ex-ministro Antonio Palocci. Segundo a publicação, o ex-juiz não confiava nas provas que Palocci entregara no acordo de colaboração. Já procuradores escreveram nos diálogos que “não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”. Parte da delação do ex-ministro, principal nome do PT a seguir nesse caminho, foi divulgada poucos dias antes das eleições.

No final de semana, Bolsonaro também falou sobre o dia do casamento do filho, Eduardo Bolsonaro, em maio. No dia, de acordo com o presidente, ele e alguns membros da família foram levados à cerimônia em um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB). O presidente destacou que não cometeu nenhuma irregularidade.

“Eu fui no casamento do meu filho. Minha família da região do Vale do Ribeira estava comigo. Eu vou negar o helicóptero pra ir pra lá? E mandar de carro pra lá? Não gastei nada além do que já ia gastar”, disse o presidente. Ele convidou os jornalistas a conferirem seus gastos com cartão corporativo e a compararem com os de governos anteriores.

4. Noticiário Econômico

O Estadão destacou que o Brasil ainda não conseguiu recuperar o patamar da economia que registrou no pico de atividade antes do início da crise, há cinco anos. Ao redor do País, porém, o desempenho econômico não foi uniforme. O Centro-Oeste e o Sul, segundo o índice Itaú para a atividade econômica – que reúne empregos formais, comércio, indústria e agricultura -, foram as duas regiões que atingiram ou superaram o movimento que exibiam em março de 2014.

“As commodities, que abastecem o mercado externo, beneficiaram o Sul e o Centro-Oeste, pois a demanda internacional foi mais alta do que a das atividades que dependem do mercado interno”, explica Paula Yamaguti, economista do Itaú Unibanco. Nas demais regiões, Norte e Nordeste tiveram desempenho semelhante à média nacional, enquanto o Sudeste ficou na lanterninha.

Para tentar retomar a atividade industrial, o governo vai facilitar a importação de bens de capital e de informática com impostos reduzidos. Enquanto a abertura comercial do setor prometida pelo presidente Jair Bolsonaro não sai, a equipe econômica tenta agilizar a retirada de tributos para a compra de bens que não tenham similar produzido no Brasil – como máquinas pesadas, equipamentos industriais e partes de computadores.

Além de simplificar processos, o governo quer definir critérios mais claros para decidir se um bem tem ou não equivalente nacional. Esse movimento, no entanto, tem gerado preocupação na indústria local e entre representantes da Zona Franca de Manaus, que temem uma abertura “velada” do mercado nacional a bens do exterior sem melhorias do ambiente de negócios para os empresários brasileiros.

O Estadão publica ainda que, mesmo com a economia patinando, a carga tributária do País bateu recorde histórico – medido desde 1947 – e atingiu 35,07% do PIB em 2018, o equivalente a R$ 2,39 trilhões. O pico anterior havia sido em 2008. Ano passado, cada brasileiro recolheu em média R$ 11.494 em impostos e precisou trabalhar 128 dias só para quitar compromissos com o fisco.

Ainda na economia, o Banco Central estuda a possibilidade de permitir que os bancos utilizem índices de inflação, como o IPCA, para o reajuste das parcelas da compra de imóveis pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), como um substituto da Taxa Referencial (TR), hoje usada como indexador em todas as operações do SFH. A expectativa do setor é de que a mudança possa abrir espaço para juros menores nos novos contratos.

5. Noticiário Corporativo

A mineradora Vale informou que decidiu suspender as obras de alteamento que estavam sendo realizadas na barragem Itabiruçu, em Itabira (MG). De acordo com a empresa, a medida foi uma ação preventiva após o projetista do empreendimento identificar alterações no assentamento do terreno. O alerta preventivo também foi enviado no sábado às autoridades locais.

Segundo a Vale, não houve alteração na estabilidade e na segurança da barragem, que, segundo a mineradora, foi construída pelo método a jusante – é a parte de baixo do rio, por onde escoa a água através das comportas ou dos canais extravasores – “considerado o mais seguro”. Pela decisão, as atividades despertam “preocupação”, sendo recomendável que “qualquer atividade de construção ou vibração nesses locais sejam evitados”.

Segundo o Valor, o BNDES e suas empresas de participação devem vender até o final do ano o equivalente a R$ 35 bilhões em ações e participações em empresas estatais e privadas. Segundo a publicação, os bancos estão interessados em mandatos para a venda de ações da Petrobras e JBS, além de outras fatia menores, em Copel e Cemig, além de participações em fundos de “private equity” e companhias de capital fechado.

O Globo destaca que o governo pretende leiloar blocos de petróleo e gás natural além dos limites de 370 km da plataforma continental do Brasil. Enquanto espera decisão da ONU para ampliar o limite para 650 km, o país usará precedente aberto no Canadá para oferecer nos próximos dois anos a exploração à iniciativa privada.

O maior interesse é na região próxima à bacia de Santos, chamada de “espelho do pré-sal”, que poderia ampliar as reservas brasileiras em 50%, acrescenta a reportagem do Globo.

(Agência Estado e Agência Brasil)