Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta segunda-feira

Futuros dos EUA têm estabilidade em semana agitada com resultados e indicadores; balanço da Vale por aqui e mais destaques

Equipe InfoMoney

(scyther5/Getty Images)

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SÃO PAULO – A última semana do mês é bastante movimentada, com foco na agenda macroeconômica e no avanço da agenda corporativa, ganhando força no Brasil, Europa e Ásia.

Conforme destaca a Infinity Asset, o mercado local conseguiu manter um ritmo relativamente positivo em seus ativos na última semana. No radar, esteve a proposta democrata de aumento de impostos nos EUA, a qual, ainda que não fosse surpreendente, superou em valor as perspectivas mais arrojadas e pode dificultar o avanço do plano de infraestrutura de Biden. Localmente, o avanço do orçamento, ainda que passível de uma série de críticas, abriu espaço para o “início” do ano legislativo e o pretenso avanço com as pautas estacionadas nas casas legislativas, caso da reforma tributária.

Na agenda da semana, atenção para a divulgação dos resultados aqui e no exterior. Nesta segunda, serão divulgados os resultados de Vale, enquanto a semana contará com os dados de Tesla, Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet nos EUA.

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1.Bolsas mundiais

Os índices futuros americanos têm estabilidade nesta segunda-feira (26), enquanto que as bolsas europeias têm leve tendência de alta. As bolsas asiáticas fecharam com resultados variados entre si.

Na semana passada, os mercados americanos foram impactados após diversos veículos de imprensa reportarem que o governo do democrata Joe Biden buscará elevar o imposto sobre ganhos de capital de americanos mais ricos, visando ajudar a pagar pela segunda parte de seu projeto “Build Back Better” (reconstruir melhor, em uma tradução livre).

A proposta prevê elevar o imposto de 20% a 39,6% para aqueles que ganham US$ 1 milhão ou mais, segundo informações da agência internacional de notícias Bloomberg. Essa notícia contribuiu para derrubar o índice S&P 500 cerca de 1% na quinta-feira passada. O índice fechou a semana com queda de 0,13%, enquanto o Dow caiu 0,5% e o Nasdaq, 0,3%.

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O plano de investimentos na economia americana, no valor de US$ 1,8 trilhão, deve ser delineado na quarta-feira à noite, em uma sessão conjunta no Congresso. Ele inclui gastos com educação de trabalhadores e apoio às famílias.

Nesta semana, as bolsas mundiais podem ser impactadas pela divulgação de dados corporativos nos Estados Unidos. Entre as empresas que divulgarão seus números nesta semana estão Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet. Também será divulgado o PIB dos Estados Unidos na quinta e, na sexta, a inflação.

Além disso, o Fed realizará uma reunião de política monetária entre terça e quarta. Investidores aguardam por sinais sobre como o banco central americano vê a perspectiva de elevação da inflação. Anteriormente, membros da instituição indicaram que veem a alta dos preços como temporária.

Na quarta, o presidente do Fed, Jerome Powell, realizará uma coletiva de imprensa em que discutirá a decisão do Fed.

Afetados pela perspectiva de inflação, o rendimento dos títulos do Tesouro com vencimento em dez anos têm leves altas nesta segunda-feira, a 1,579%. A medição costuma se mover inversamente à inflação.

As bolsas asiáticas mantiveram-se em sua maioria estáveis na segunda. Investidores acompanham com cautela a propagação da Covid pela Índia. No domingo, outros 350 mil novos casos foram registrados.

O governo do presidente democrata Joe Biden afirmou que os Estados Unidos vão disponibilizar imediatamente a matéria-prima necessária para que a Índia produza mais vacinas. No final de semana, Reino Unido, França e Alemanha também se comprometeram a ajudar o país.

O índice Nikkei fechou com alta de 0,36%; o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,99%; o Shanghai composto caiu 0,95%; e o Hang Seng Index, de Hong Kong, perdeu 0,4%.

As bolsas europeias permanecem estáveis nesta segunda, em que investidores aguardam a divulgação de resultados de empresas. O índice Eurostoxx, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, sobe 0,1%. Ações do setor de tecnologia perdem 0,6%, enquanto que o setor de recursos básicos perde 0,8%.

Dados sobre o índice para ambiente de negócios do Ifo Institute indicam que o sentimento para essa atividade econômica cresceu menos do que o esperado em abril na Alemanha. No momento, uma nova onda de infecções de Covid e problemas de oferta pesam sobre as perspectiva de recuperação daquela que é a maior economia europeia.

Veja o desempenho dos principais indicadores às 7h40 (horário de Brasília):
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,09%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,27%
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,04%
Europa
*Dax (Alemanha), -0,17%
*FTSE 100 (Reino Unido), -0,05%
*CAC 40 (França), +0,03%
*FTSE MIB (Itália), +0,25%
Ásia
*Nikkei (Japão), +0,36% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,43% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,99% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,95% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -1,64%, a US$ 61,12 o barril
*Petróleo Brent, -1,69%, a US$ 64,99 o barril
*Bitcoin, +7,86%, a US$ 53.188,78
**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com alta de 4,33%, cotados a 1144,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 176,46 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,49

2. Agenda de indicadores

Às 8h25 o Banco Central divulga o seu Boletim Focus, com a previsão de analistas sobre indicadores importantes, como inflação, câmbio, variação do PIB e juros no Brasil. Às 9h30 são divulgados dados sobre transações correntes e investimento estrangeiro direto, relativos a março no Brasil. Às 11h é divulgado o índice de evolução geral do emprego no Brasil, medido pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Às 9h, Fabio Panetta, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu, realiza um pronunciamento. Às 10h, Philip Lane, membro do Comitê Executivo da mesma instituição, fará um pronunciamento.

Às 11h30 o Fed de Dallas divulga o seu índice de atividade das empresas, relativo a abril nos Estados Unidos.

Às 22h30 são divulgados dados sobre lucro industrial, relativos a março na China.

Às 22h45 o Banco Central do Japão divulga sua decisão sobre a taxa de juros.

3. Mais mortes por Covid até abril do que em 2020 inteiro

No domingo (26), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.498, queda de 20% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Assim, foram confirmadas 67.723 mortes em abril, o maior patamar de toda a pandemia.

Nos primeiros quatro meses de 2021 morreram 195.949 pessoas, mais do que as 194.976 registradas em todo o ano de 2020. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 56.783, queda de 20% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 32.000 casos. 29.031.874 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 13,71% da população. A segunda dose foi aplicada em 12.579.100 pessoas, ou 5,94% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

O novo cronograma de entrega de vacinas contra Covid-19 divulgado pelo Ministério da Saúde no sábado reduziu em quase 30% a quantidade de doses de vacinas contra Covid-19 que seriam entregues ao país até abril, se comparado com previsão feita pela própria pasta no mês anterior —ainda sob o comando do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Anteriormente, a expectativa era de que o país recebesse de janeiro até abril 102,7 milhões de doses de vacina. Na atualização do cronograma, contudo, o país vai receber no período 72,7 milhões de doses.
Somente em abril a previsão era de receber 47,3 milhões de doses. O governo, entretanto, vai receber 26,6 milhões de doses.

A gestão do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vem evitando apresentar dados detalhados sobre o cronograma de recebimento de vacinas contratadas. Mas, na última terça, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de cinco dias para o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestar. O STF responde a uma ação movida pela Rede Sustentabilidade.
Em entrevista coletiva no sábado, o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Otávio da Cruz, atribuiu a diferença à falta de insumos, e também por parte de laboratórios não terem recebido o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Em abril “a gente não teve a Covaxin entregue e tivemos alguns ajustes aí”, disse o dirigente, citando que a vacina russa Sputnik V não foi liberada para uso. Nesta segunda, a Anvisa vai avaliar um pedido de importação feito por estados e municípios desse imunizante.

Além disso, na terça, a expectativa é que se elejam os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente, presidente e relator da CPI da Covid no Senado. Autor do requerimento de criação da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) deve ser escolhido vice-presidente do colegiado.
O governo Jair Bolsonaro tem minoria entre os 11 integrantes da CPI, que poderá ser usada para aumentar o desgaste do governo.

Segundo reportagem de O Globo, a Casa Civil enviou na quarta-feira um documento a 13 ministérios em que lista 23 possíveis acusações que serão feitas na CPI.

O texto trata de assuntos como a negligência na aquisição de vacinas, a promoção do tratamento precoce com medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada, a falta de incentivo a medidas restritivas, a demora em enfrentar a crise no Amazonas e a militarização do Ministério da Saúde. Um dos temas é a acusação de que Bolsonaro teria pressionado que os ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich aprovassem o uso da hidroxicloroquina para tratar a Covid, apesar de sua eficácia não ter sido cientificamente comprovada.

No documento, a Casa Civil pede subsídios para fazer frente aos questionamentos esperados.

Além disso, o senador Randolfe Rodrigues pretende protocolar na terça um requerimento para convocar o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, a esclarecer essas declarações que fez em entrevista publicada pela revista VEJA. Ele falaria na condição de testemunha, isto é, não pode mentir em depoimento sob pena de cometer crime.

Na justificativa do requerimento, o senador citou o fato de o ex-secretário ter dito que o Ministério da Saúde “seria responsável pelo atraso das vacinas, e que participou ativamente dos esforços para viabilizar a compra da vacina da Pfizer“. Randolfe acrescenta que Wajngarten disse possuir “e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato, dentre outras provas para confirmar sua afirmação”.

O Brasil recebeu oferta da Pfizer para firmar contrato para aquisição de doses do imunizante ainda no ano passado, mas só formalizou a contratação recentemente —o primeiro lote, com 1 milhão de doses— será entregue na quinta-feira pelo laboratório norte-americano.

4. Programa de redução de jornada e reforma tributária

O governo deve publicar nesta semana a medida provisória que permite redução de jornada e salário durante a pandemia, visando manter o nível de emprego. Assim, a medida deverá começar a vigorar já nesta semana.

A proposta deve permitir a suspensão do contrato de trabalho ou a redução da jornada e do salário por até 120 dias, prorrogáveis por decreto do governo.

Uma outra medida provisória tratará de mudanças temporárias nas regras trabalhistas por conta da pandemia. Salários e jornadas poderão ser reduzidos em 25%, 50% e 70% por meio de acordos individuais ou coletivos. Em compensação, o governo pagará um valor proporcional à redução salarial, calculada sobre o valor do seguro-desemprego a que o funcionário teria direito se fosse demitido, entre R$ 1.100 e R$ 1.911,84.

Em caso de suspensão total do contrato, o governo pagaria 100% do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito.

Além disso, no sábado o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), prometeu apresentar em 3 de maio uma versão inicial do texto da reforma tributária, tentada há décadas por diferentes governos.

A equipe econômica tem receio de que o relatório da reforma, do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), promova um aumento na carga de impostos e contribuições sobre a economia brasileira.
A proposta do governo é que haja inicialmente mudanças apenas sobre PIS/Cofins, criando a CBC (Contribuição sobre Bens e Serviços), um tributo federal que poderia ser acoplado ao ICMS e ao ISS.

5. Radar corporativo

A temporada de resultados, que começou com os números da Usiminas, teve a divulgação na sexta à noite dos números da Hypera Pharma. A companhia registrou lucro líquido de R$ 305,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 28,1% ante o mesmo período do ano passado. A companhia somou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas de R$ 362 milhões, aumento de 45,6% na comparação anual.

Nesta segunda, serão divulgados os dados da Vale após o fechamento do mercado. A expectativa do Bradesco BBI é de que a Vale registre resultados sólidos, com Ebitda ajustado de US$ 8,1 bilhões (queda de 9% ante o quarto trimestre de 2020, mas alta de 181% na comparação anual).

A sessão também marca a estreia do Grupo GPS (GGPS3) na B3. As ações da empresa de serviços de limpeza e segurança foram precificadas a R$ 12.

No radar de recomendações, o Credit Suisse elevou a recomendação para as ações da Petrobras de underperform para neutra, além de elevar o preço-alvo do ADR de US$ 8 para US$ 10. Os analistas destacam que o case de investimento da Petrobras tem sido controverso nos últimos meses e apontam que o valuation permanece extremamente descontado, assumindo preços de combustível inalterados, enquanto algumas das incertezas se dissiparam. Isso inclui a venda da RLAM, a nomeação de um conselho executivo técnico e o primeiro discurso do novo CEO, general Joaquim Silva e Luna. Também do lado otimista, a expectativa é por resultados muito fortes no primeiro trimestre de 2021.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o novo presidente da EDP Brasil, João Marques da Cruz, afirmou que a empresa colocou à venda três das seis hidrelétricas que opera no país, visando levantar recursos para acelerar investimentos em geração fotovoltaica e reduzir a exposição à geração de energia hidrelétrica. Serão vendidas duas usinas no Amapá e uma no Espírito Santo, que somam 800 megawatts de capacidade.

Em uma live do Valor Econômico, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) afirmou que pretende apresentar nesta semana o relatório da MP 1.031/21, que define o modelo que viabiliza a capitalização da Eletrobras, com diluição do controle detido pela União. Ele se compromete a entregar um parecer alinhado à proposta que o governo enviou em fevereiro ao Congresso, com ajustes pontuais negociados com o Ministério de Minas e Energia.

A estatal paranaense de energia Copel informou na sexta que seu conselho de administração aprovou conversões de ações e a formação de Units da companhia, que passarão a ser negociadas em bolsa a partir desta segunda-feira, sob o código CPLE11.

A companhia disse que, no âmbito de seu 1° Programa de Units, acionistas não controladores pediram conversões de ações que levaram à formação de cerca de 248,1 milhões de Units, enquanto o governo do Paraná solicitou conversões que geraram 28,9 milhões de Units. “Consequentemente, após as conversões, o Estado mantém sua participação de 31,1% no capital total da companhia, sendo 5,3% em ´Units´”, disse a empresa.

Confira os destaques corporativos na semana:

(com Reuters, Estadão Conteúdo e Bloomberg)

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