Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta segunda-feira

Março começa com alta para os principais índices mundiais apesar de dados da China: confira os destaques desta sessão

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Março começa com alívio para os principais índices mundiais em meio à queda do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA, apesar da aprovação do pacote de US$ 1,9 trilhão pela Câmara dos Deputados do país, que agora seguirá para o Senado. A sessão também foi de alta para as bolsas asiáticas, apesar da desaceleração do indicador PMI na China.

Por aqui, o o foco segue na votação da PEC Emergencial, esperada para esta semana, enquanto os investidores seguem de olho no noticiário sobre estatais após a última semana bastante turbulenta e que terminou com rumores sobre o presidente do Banco do Brasil ter colocado o cargo à disposição, notícia esta negada pela instituição financeira. No noticiário corporativo, atenção ainda para o acordo para a combinação de negócios entre Hapvida e NotreDame Intermédica. Confira os destaques:

1.Bolsas mundiais

Os índices futuros americano sobem nesta segunda-feira (1º), após avançarem nas negociações de overnight, influenciado pela queda nos juros dos títulos do Tesouro americano com vencimentos de entre 10 e 30 anos, que haviam registrado altas nas semanas anteriores.

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Os títulos com vencimento em dez anos chegaram a bater brevemente a marca de juros de 1,6% na semana anterior, quando o índice Dow teve perda de 1,7%, o S&P 500 caiu 2,5% e o Nasdaq caiu 4%. Nesta segunda, os juros dos mesmos títulos baixaram a 1,406%, o que ajuda a impulsionar as bolsas americanas.

Juros mais altos sobre títulos com vencimento em entre dez e 30 anos, em decorrência da retomada da economia e da inflação, podem levar uma parte dos investidores a migrar do mercado de ações para o de títulos, o que influencia na atividade das bolsas. O mercado de títulos é visto como mais seguro por ser garantido pelo governo, que tem poder de elevar impostos para cobrir gastos, caso necessário.

Além disso, a alta dos juros com vencimento mais longínquo pode dificultar a tomada de empréstimos por setores de forte crescimento. E a alta da inflação poderia levar o Fed a alterar sua política, e elevar os juros referenciais de curto prazo.

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Um dos fatores a influenciarem a expectativa de aceleração da inflação e, consequentemente, de alta dos juros, é o pacote de estímulos no valor de US$ 1,9 trilhão defendido pelo governo de Joe Biden. A lei prevendo o pacote foi aprovada no sábado (26) na Câmara, e agora segue para o Senado.

Outro fator é o avanço do ritmo de vacinação nos Estados Unidos, um ponto considerado crucial para a normalização das atividades e a retomada da economia.

No domingo (27), o conselho do CDC (sigla em inglês para Centro para Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos votou por unanimidade para recomendar o uso da vacina de dose única desenvolvida pela Johnson & Johnson para pessoas com 18 anos ou mais. A empresa deve fornecer 4 milhões de doses inicialmente.

Segundo dados oficiais, até o domingo os Estados Unidos haviam vacinado 22% de sua população. No Brasil, 3,11% da população foi vacinada até o domingo.

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As bolsas europeias também têm altas nesta segunda, acompanhando o otimismo registrado nos Estados Unidos com a queda dos juros de títulos do Tesouro com vencimento em dez anos, aliada à vacinação e ao avanço do pacote de estímulos no Congresso.

O índice Eurostoxx, que reúne ações de 400 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, teve alta de 1,7%. Todos os setores e as principais bolsas tiveram ganhos, com destaque para o de recursos básicos, com alta de 2,7%.

Ainda no radar do continente, a atividade industrial da zona do euro acelerou em fevereiro graças à melhora da demanda, mostrou nesta segunda-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), embora o salto tenha levado a uma escassez de matérias-primas e alta dos custos de insumos.

O PMI final de indústria do IHS Markit saltou para a máxima de três anos de 57,9 em fevereiro ante 54,8 em janeiro e preliminar de 57,7. O resultado representa uma das leituras mais altas nos 20 anos de história da pesquisa.

As bolsas asiáticas fecharam em alta na segunda, apesar de o índice PMI de manufatura da China oficial ter registrado 50,6 pontos em fevereiro, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas. O patamar fica abaixo daquele registrado em janeiro, de 51,3 pontos, mas acima da marca de 50 pontos, que separa a expansão da contração da atividade.

Já o PMI de indústria do Caixin/Markit (privado) caiu a 50,9 no mês passado, nível mais baixo desde maio. Analistas consultados pela Reuters esperavam que o índice repetisse a marca de janeiro de 51,5.

O índice Hang Seng Index, de Hong Kong, subiu 1,63%. Mas as ações da petroleira CNOOC caíram 1,08%, após a Bolsa de Nova York anunciar na sexta (26) que deixará de listar suas ações, atendendo a uma ordem executiva assinada em novembro de 2020 pelo ex-presidente Donald Trump.

O índice Kospi, da Coreia do Sul, não operou devido ao feriado do Dia da Independência.

2. Agenda de indicadores

Na zona do euro, às 12h, é realizada uma conferência entre o presidente do Banco Central Europeu, François Villeroy de Galhau, o vice-presidente Luis de Guindos e o conselheiro Gabriel Makhlouf.

Às 8h a FGV divulga o índice de inflação IPC-S, relativo a 28 de fevereiro. Às 10h é divulgado o índice PMI Markit de manufatura, relativo a fevereiro no Brasil. Às 15h são divulgados dados da balança comercial mensal, do total de exportações e do total de importações em fevereiro no Brasil.

Às 11h, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, fala em uma conferência. Às 11h45 é divulgado o índice PMI Markit de manufatura, relativo a fevereiro nos Estados Unidos. Às 12h são divulgados dados sobre gastos com construção em janeiro. No mesmo horário, é divulgado o índice ISM, com preços do setor manufatureiro, de novos pedidos, preços pagos e emprego nos Estados Unidos, relativos a fevereiro.

Às 16h, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester e o presidente do Fed de Minneapolis Neel Kashkari discutem racismo e economia.

3. Recorde da média de mortes, isolamento em baixa e variante mais contagiosa

A média móvel de mortes em 7 dias no Brasil atingiu, no domingo, a marca de 1.208. É o segundo recorde registrado em dois dias consecutivos nessa métrica, que teve alta de 11% em relação ao patamar de 14 dias antes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de domingo (28), o avanço da pandemia em 24 h no país.

A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 54.547, alta de 21% frente ao período encerrado 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 40.495 casos. A forte alta ocorre apesar de não estarem incluídos os dados de Roraima, que não foram atualizados entre sexta e a noite de domingo.

Ao menos 17 estados e o Distrito Federal já têm mais de 80% de lotação das Unidades de Terapia Intensiva da rede pública, e há risco de colapso sanitário no Brasil.

Até o domingo, 6.576.109 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 3,11% da população. A segunda dose foi aplicada em 1.933.404 pessoas, ou 0,91% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Uma análise com 500 amostras coletadas pelo teste RT-PCR para verificar variantes do coronavírus indica que a linhagem P1, descoberta no Amazonas, tem pelo menos o dobro da carga viral encontrada nas demais linhagens.

A análise é de pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na Amazônia, a partir de exames realizados entre dezembro de 2020 e o final de janeiro de 2021. Os dados foram apresentados na sexta-feira, mas ainda não foram publicados em uma revista científica após avaliação pelos pares, ou seja, outros cientistas.

Em entrevista publicada na CNN, o pesquisador Felipe Naveca, responsável pelo estudo, afirmou que essa é uma possível explicação para que a variante seja mais contagiosa do que as demais variações. Esse fator pode ter contribuído para o colapso do sistema de saúde no Amazonas, e pode estar influenciando o rápido avanço da pandemia nas últimas semanas.

Um outro fator que pode estar contribuindo para a aceleração de contaminações e mortes no Brasil é a queda acentuada do isolamento social. No sábado, o índice de isolamento social medido pela Inloco a partir de dados de celulares atingiu a marca de 31,1%, o menor patamar desde 13 de março de 2020, antes da implantação das primeiras medidas de restrições de atividades no Brasil.

No sábado, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminares em ações ajuizadas pelos estados de São Paulo, Maranhão e Bahia contra o governo federal, e determinou a retomada do custeio de leitos de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) destinadas a pacientes com Covid. A decisão deve ser cumprida imediatamente, sob pena de multa de R$ 1 milhão por dia.

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu no Palácio da Alvorada um grupo de autoridades para discutir a crise. Estiveram presentes o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro da Casa Civil, general Walter Braga Neto, e o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Pacheco afirmou que o pagamento por UTIs será retomado. “Falamos a respeito da questão dos leitos de UTI, desta questão dos estados que o Ministério da Saúde precisa pagar os estados. Só estava faltando a medida provisória para liberar o recurso, então, o ministro Pazuello disse que este problema também será resolvido”, afirmou Pacheco à Folha. No encontro, o general Pazuello também apresentou um cronograma da entrega de vacinas.

4. Alta do preço de commodities e PEC emergencial

O jornal O Estado de S. Paulo publica como reportagem de capa a informação de que as cotações em dólar das 19 principais commodities agrícolas, metálicas e de energia subiram, em média, 40% desde abril de 2020. De acordo com o jornal, a alta abre boas perspectivas para o Brasil, que é um dos principais fornecedores desse tipo de produtos. Os preços refletem a recuperação da economia mundial após o período mais agudo da pandemia, mas ainda ficam 16,1% abaixo do pico registrado em 2011.

Por outro lado, no domingo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a alta dos preços das commodities é uma “grande preocupação” para a pasta. Ela destacou a alta de produtos consumidos pela população, como carne bovina e arroz, e disse acreditar que os índices estavam defasados, e que haverá acomodação nos preços a partir do segundo semestre de 2021. “O preço mudou de patamar porque se não mudasse iríamos ter mais dificuldade no abastecimento, mais gente ia sair do setor”, afirmou.

“Nosso caminho hoje é incentivar cada vez mais a produção para que produtores se capitalizem agora com esses preços bons. Eles vão poder receber pelos seus produtos e aumentar a área e a oferta de produtos”, afirmou em entrevista a uma rádio de Tocantins.

Além disso, a votação da PEC (proposta de emenda constitucional) emergencial está marcada para esta semana no Senado, e é alvo de descontentamento entre funcionários da elite do funcionalismo público.

Entre outros pontos, a proposta manteve artigos do texto original que reduzem a margem de manobra orçamentária de Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Tribunal de Contas e Legislativo para além do congelamento de salários previsto para todo o funcionalismo. Com a nova PEC, as sobras orçamentárias não gastas pelos órgãos, que geralmente custeiam despesas extras, passarão a ser devolvidas pelo Tesouro.

Segundo reportagem do Valor, a determinação está prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal, mas nunca foi cumprida. Além disso, a PEC prevê contingenciamento daqueles órgãos equivalente ao aplicado sobre despesas do Executivo. De acordo com o jornal, a Associação dos Magistrados do Brasil, tem negociado com senadores para reverter as mudanças.

5. Radar corporativo

Em destaque, a Hapvida e a Notre Dame Intermédica anunciaram na noite de sábado que chegaram a um acordo para a combinação de negócios. A operação prevê a incorporação das ações de Notre Dame pela Hapvida que criará uma das maiores provedoras de soluções de saúde verticalizadas no mundo. Cada acionista da Notre Dame receberá 5,2490 ações ordinárias da Hapvida por papel da empresa, além do valor de R$ 6,45, o que resultará na empresa combinada em que acionistas da Hapvida passariam a deter 53,6% do capital social enquanto os da Intermédica vão ter 46,4%.

A XP Investimentos iniciou a cobertura para as ações das duas empresas ambas com recomendação de compra e preços-alvos de R$ 21 para HAPV3 e de R$ 117 para GNDI3. “Acreditamos que, separadamente, as empresas estão bem posicionadas para capturar uma oportunidade de crescimento orgânico, consolidando ainda mais os mercados em que já estão presentes. Entretanto, juntas elas criam uma rede complementar única de abrangência nacional com espaço adicional para uma consolidação inorgânica e sinergias relevantes – estimamos impacto de até R$ 1,1 bilhão”, avaliam.

Já a Hypera informou na sexta-feira que seu lucro líquido de outubro a dezembro de 2020 somou R$ 314,9 milhões, alta de 31,9% ante mesma etapa de 2019.

A startup de logística Loggi, uma das maiores empresas do setor do país, captou R$ 1,15 bilhão em sua sétima rodada de investimentos, liderada pelo fundo especializado em tecnologia CapSur Capital. Os recursos devem ser usados para ampliar estrutura física e capacidade tecnológica, segundo informações do jornal Valor.

A BR Distribuidora afirmou na sexta que sua unidade em Betim (MG) está operando sob escolta policial em meio a uma greve de caminhoneiros que atuam no transporte de combustíveis em Minas Gerais. Segundo a empresa, autoridades de segurança foram acionadas para garantir o desbloqueio do acesso à base de Betim, que opera de forma restrita.

Os investidores seguem monitorando o noticiário sobre estatais. Na sexta, as ações do Banco do Brasil caíram quase 5% após a notícia do jornal O Globo de que André Brandão, presidente da estatal, teria colocado seu cargo à disposição.

A agência internacional de notícias Reuters também publicou reportagem segundo a qual Brandão manifestou a interlocutores desconforto em permanecer no cargo, segundo uma fonte cujo nome não foi identificado. Em fato relevante publicado depois do fechamento, também na sexta, o Banco do Brasil afirmou que “não houve pedido de renúncia por parte de seu presidente”. As especulações sobre a saída de Brandão vêm aumentando desde que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demiti-lo após o anúncio de planos de fechamento de 361 agências e 5.000 demissões como forma de economizar R$ 2,7 bilhões até 2015. As especulações se acirraram após Bolsonaro demitir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general da reserva, Joaquim Silva e Luna.

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