Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quinta-feira

Apesar da aprovação do pacote de estímulos à economia no valor de US$ 2 tri pelo Senado dos EUA, bolsas caem

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após duas sessões de alívio, a quinta-feira começa com tensão na maior parte dos mercados mundiais em meio ao avanço do coronavírus, que já soma mais de mil mortos nos Estados Unidos, e os impactos na economia, mesmo após a aprovação pelo Senado de um pacote de US$ 2 trilhões. Os investidores aguardam principalmente pelos dados de pedidos de auxílio-desemprego dos EUA, com previsão de um salto devido ao aumento dos casos da Covid-19 no país. Atenção ainda para os dados do PIB do quarto trimestre de 2019 por lá.

A agenda de indicadores no Brasil também é pesada, com destaque para o Relatório Trimestral de Inflação (com o BC zerando a estimativa de crescimento da economia para 2020: veja mais clicando aqui) e para o IBC-Br. Já somando 2.433 casos no Brasil, o coronavírus segue gerando controvérsia, com parte do empresariado defendendo o “isolamento vertical”, abordagem similar à de Jair Bolsonaro para lidar com o coronavírus sem causar tanto dano à economia, enquanto governadores reforçam indicações de maior isolamento da população. Confira no que ficar de olho:

1. Bolsas mundiais

O pacote de US$ 2 trilhões foi aprovado por voto em unanimidade (96 a 0) no Senado dos Estados Unidos no final da noite de ontem (madrugada de hoje no Brasil), mas as bolsas de valores da Ásia fecharam em queda nesta quinta-feira e os futuros de Nova York estão negativos.

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Agora, a medida será votada pela Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, na sexta-feira (27), antes de ser promulgada por Donald Trump, presidente dos EUA.

Os mercados agora temem que os pedidos de seguro-desemprego, que serão divulgados nesta manhã pelo Departamento do Trabalho do governo americano, mostrem uma explosão durante esta semana. As estimativas mais “otimistas” do JP Morgan, colocam o número de pedidos em 1 milhão; Bank of America e Morgan Stanley acreditam que serão 3 milhões de pedidos, enquanto o Citigroup projeta que serão 4 milhões. Na segunda-feira, o Goldman Sachs publicou um relatório alertando que 2,2 milhões de empregos podem ter sido destruídos nos Estados Unidos entre o final da semana passada e o começo desta semana, à medida que a epidemia do coronavírus avança pelo país.

Algumas das regiões mais ricas do país, como a Bay Area de San Francisco (Califórnia) estão em quarentena há uma semana.

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O número de casos do Covid-19 nos EUA subiu para mais de 55 mil na noite de ontem, com 1.041 mortes, informa a Universidade Johns Hopkins. Só a Itália e a China têm mais casos.

Na Europa, as bolsas de valores abriram em queda. Líderes europeus devem ter uma teleconferência nesta quinta-feira para discutir uma resposta à crise. Na Itália o número de mortes atingiu 7.500 pessoas e na Espanha ultrapassou 3.400 na quarta-feira, superando a China (3.291 mortes).

Veja o desempenho dos mercados, às 7h26 (horário de Brasília):

Nova York
*S&P 500 Futuro (EUA), -1,47%
*Nasdaq Futuro (EUA), -1,34%
*Dow Jones Futuro (EUA), -1,04%

Europa
*Dax (Alemanha), -1,71%
*FTSE (Reino Unido), -1,69%
*CAC 40 (França), -1,30%
*FTSE MIB (Itália), -0,42%

Ásia
*Nikkei (Japão), -4,51% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -1,09% (fechado)
*Hang Seng (Hong Kong), -0,74% (fechado)
*Xangai (China), -0,60% (fechado)

*Petróleo WTI, -2,86% a US$ 23,77 o barril
*Petróleo Brent, -1,41%, a US$ 26,71 o barril

**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de +0,68% cotados a 662.000 iuanes, equivalentes a US$ 93,34 (nas últimas 24 horas). USD/CNY= 7,0922 (+0,19%)

*Bitcoin, US$ 6.649,75 -0,19%

2. Agenda

O destaque na agenda de indicadores brasileira fica para o Banco Central, que divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) às 8h em seu website, após IPCA-15 anunciado esta quarta-feira desacelerar mais que o previsto. No RTI, a autoridade monetária zerou a expectativa de crescimento do da economia para 2020. Em dezembro, a expectativa era de alta de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

O diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, comenta o relatório às 11h; em seguida, presidente da instituição, Roberto Campos Neto, fala em entrevista coletiva.

Já os dados do IBC-Br de janeiro, considerado uma prévia do PIB do Banco Central, serão divulgados às 9h. Ainda sem os efeitos do coronavírus na economia, a expectativa é de alta de 0,40% na comparação mensal e 1% em janeiro de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019.

Além dos indicadores, Paulo Guedes, ministro da Economia e Roberto Campos Neto participam da reunião do Conselho Monetário Nacional, às 15h.

Na economia dos EUA, atenção para os dados de estoques no atacado de fevereiro às 9h30, além dos dados do PIB anualizado do quarto trimestre, com estimativa de alta de 2,1%. Mas a atenção fica para os números de novos pedidos de seguro-desemprego semanal, com dados até 21 de março. A expectativa é de 1,64 milhão de pedidos, ante 281 mil da semana anterior. Economistas fizeram projeções de que o número virá muito alto, por causa do avanço da pandemia do coronavírus no país.

3. Queda de braço entre autoridades

O presidente Jair Bolsonaro voltou a ir contra as medidas adotadas pela maior parte dos estados para combater o coronavírus, ao propor “isolamento vertical”, só para idosos e doentes. Bolsonaro foi rechaçado por antigos aliados, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), além do de São Paulo, João Doria (PSDB). Além disto, técnicos da Saúde e até o presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, criticaram as ideias do mandatário brasileiro, informam os jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

Vale destacar que, na véspera, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, buscou tom conciliatório com a fala do mandatário e apresentou visão contrária à forma como a quarentena tem sido instituída por governadores.

Em coletiva de imprensa para a exposição dos números e políticas adotadas pela pasta em resposta ao avanço da Covid-19, Mandetta indicou que o movimento pode ter sido precipitado, considerando o atual estágio da doença no país. “Temos que melhorar esse negócio de quarentena, não ficou bom”, disse. Segundo o Estadão, que ouviu aliados de Mandetta, o ministro da Saúde fez um recuo estratégico ao dar essas declarações.

4. Reunião do G20 e novas medidas

O presidente Jair Bolsonaro participará de reunião virtual dos lideres do G20 entre 9h e 11h30. A reunião de emergência foi organizada pela Arábia Saudita, que está na presidência rotativa do grupo. A intenção é discutir ações para atenuar o impacto da recessão global que deve acontecer por conta do impacto do coronavírus na economia.

Documento enviado nesta semana pelo ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) a Paulo Guedes (Economia), e obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, estima que a epidemia do coronavírus pode exigir R$ 410 bilhões a mais dos cofres públicos para que o SUS consiga atender à população infectada. Mandetta descartou ontem deixar o cargo, enquanto Guedes, segundo o empresário Abilio Diniz disse em uma live realizada pela XP Investimentos, prepara medidas para injetar R$ 600 bilhões na economia (veja mais clicando aqui).

5. Noticiário corporativo

A Via Varejo informou na noite de ontem que fraudes contábeis que ocorreram em períodos anteriores na Casas Bahia terão impacto de R$ 1,19 bilhão nos resultados do quarto trimestre de 2019 e no ano passado. A empresa diz que não será necessário, segundo as investigações, reabrir balanços de exercício anteriores. Já a gigante frigorífica JBS (JBSS3) divulgou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 6,1 bilhões no ano passado, “o maior da história da empresa”. Houve crescimento de 241% sobre 2018. Outros resultados do grupo, como Ebitda e receita líquida, também mostraram crescimento de pelo menos dois dígitos. A empresa informou que conseguiu reduzir sua dívida, também considerável, para R$ 42,9 bilhões, e a relação dívida líquida sobre o Ebitda, que caiu de 3,18 vezes (3,18x) para 2,16 vezes (2,16x).

Na BB Seguridade, Erik da Costa Breyer exercerá o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão das participações, completando o mandato 2019/2021. * Erik Breyer atualmente exerce o cargo de diretor de mercado de capitais e infraestrutura do BB. A conclusão do processo de indicação ainda dependerá de trâmites internos antes de ser submetida ao conselho da cia.

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