Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quinta-feira

Atraso em acordo comercial e projeto americano sobre Hong Kong deixam mercados em queda; no Brasil, mercado interno dá sinais de recuperação

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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Os mercados operam em queda nesta manhã refletindo as preocupações em relação ao atraso no fechamento da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China, que poderia ficar apenas para 2020, em meio a impasses relacionados a reversão das tarifas que Washington aplicou às importações de bens chineses e que podem ser ampliadas a partir de 15 de dezembro.

O porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, disse hoje que “rumores externos” sobre as negociações comerciais não são precisos. “A China está disposta, com base no respeito igual e mútuo com os EUA, a trabalhar em conjunto para resolver adequadamente áreas de interesse comum e lutar por um acordo comercial de primeira fase”, segundo a CNBC.

Adicionalmente, o Congresso americano aprovou dois projetos de lei destinados a apoiar manifestantes em Hong Kong – levando Pequim a acusar os EUA de interferir nos assuntos internos e trazendo mais preocupações já que a proposta pode atrapalhar as negociações comerciais entre os dois países.

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Segundo a CNBC, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, disse que Pequim “condena e se opõe firmemente” ao primeiro projeto de lei, conhecido como Lei de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong.

No Brasil, indicadores econômicos e resultados corporativos do terceiro trimestre apontam uma recuperação do mercado interno, que poderia retomar em 2020 os níveis de consumo pré-crise, diz o jornal Folha de S.Paulo. Já o Valor Econômico acrescenta que o desempenho interno compensou as frustrações com o mercado externo, que prejudicou as exportações das companhias brasileiras.

Vale ressaltar que, na véspera, quando a B3 ficou fechada por conta do feriado da Consciência Negra, o  principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil fechou em leve queda na Bolsa de Valores Nova York (NYSE), acompanhando o mau humor visto nos índices americanos. O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR fechou com queda de 0,23%, para 22.314 pontos. Já o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped perdeu 0,10%, a US$ 41,96.

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Na agenda, serão divulgados os números do emprego no Brasil, às 15h. Lá fora, os investidores vão acompanhar, às 10h30, os pedidos de seguro-desemprego, atividade industrial e relatório de empregos do Federal Reserve da Filadélfia, enquanto às 12h00 saem os números de vendas de casas usadas nos EUA.

O presidente Jair Bolsonaro participa, na manhã desta quinta, em Brasília, do evento de lançamento do partido Aliança pelo Brasil. A atividade ocorrerá em um hotel da capital, próximo ao Palácio do Alvorada.

Na semana passada, Bolsonaro anunciou a saída do PSL, partido pelo qual foi eleito, e a criação de outra legenda, a Aliança pelo Brasil. Ontem, Bolsonaro assinou sua desfiliação do partido.

Confira os destaques desta quinta-feira:

1. Bolsas Internacionais

A principal autoridade comercial da China convidou os negociadores americanos para participarem de uma nova rodada de negociações presenciais, informou o Wall Street Journal na quinta-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

Vice-primeiro-ministro chinês Liu He teria convidado o representante de comércio dos EUA Robert Lighthizer e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin a sentar-se para mais conversas durante uma ligação no final da semana passada.

Mais cedo, os futuros de Nova York tinham queda nesta manhã refletindo as preocupações quanto ao atraso no fechamento da fase um do acordo comercial entre EUA e China. Segundo a Reuters, a finalização pode ficar para 2020, por conta do impasse na reversão das tarifas impostas por Washington a bens chineses.

No entanto, se os dois lados não chegarem a um acordo, o presidente americano Donald Trump já sinalizou que, em 15 de dezembro, os EUA podem impor novas tarifas, de 15%, a cerca de US$ 160 bilhões em compras da China.

Segundo a Bloomberg, o vice-primeiro-ministro chinês comentou em discurso, durante um jantar, de que ele estaria “cautelosamente otimista” em chegar a um acordo na primeira fase das negociações com os EUA. Segundo He, a reforma das empresas estatais, a abertura do sistema financeiro e os direitos de propriedade intelectual estão no cerne dos debates.

He teria afirmado ainda que estava “confuso” com as demandas americanas, mas confiante que a primeira fase do acordo poderia ser concluída. As declarações amenizaram um pouco as perdas dos índices futuros de Nova York, após a divulgação da notícia, porém os investidores seguem preocupados com a conclusão do acordo, levando os mercados a operarem em queda generalizada.

Já Gao Feng acrescentou que a China se esforçará para chegar a um acordo comercial inicial com os Estados Unidos, já que os dois lados mantêm os canais de comunicação abertos, numa tentativa de acalmar os mercados receosos com o atraso nas negociações.

Segundo ele, a China está disposta a trabalhar com os Estados Unidos para resolver as principais preocupações entre si, com base na igualdade e no respeito mútuo, e tentará arduamente chegar a um acordo na “primeira fase”. “Isso está de acordo com os interesses da China e dos Estados Unidos e do mundo”, disse Gao.

As preocupações comerciais impactam negativamente as bolsas europeias e provocaram o fechamento generalizado em queda nos mercados asiáticos – que se guiam ainda pelas preocupações relacionadas a Hong Kong.

Confira o desempenho dos mercados, segundo cotação das 07h20 (horário de Brasília)
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,15%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,20%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,12%

*DAX (Alemanha), -0,35%
*FTSE (Reino Unido), -0,69%
*CAC-40 (França), -0,35%
*FTSE MIB (Itália), -0,18%

*Hang Seng (Hong Kong), -1,57% (fechado)
*Xangai (China), -0,25 (fechado)
*Nikkei (Japão), -0,48% (fechado)

*Petróleo WTI, -0,26%, a US$ 56,86 o barril
*Petróleo Brent, -0,27%, a US$ 62,24 o barril

**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam com alta de 0,71%, cotados a 641,50 iuanes, equivalentes a US$ 91,16 (nas últimas 24 horas). USD/CNY= 7,0366 (+0,04%)

*Bitcoin, US$ 7.986,62, -1,40%

2. Economia

O consumo das famílias, responsável por quase dois terços do PIB, é tido como principal motor da aceleração econômica no segundo semestre e, mantido este ritmo, poderá ser o primeiro componente da demanda a voltar aos patamares verificados antes da recessão de meados desta década, destaca a Folha de S.Paulo.

Segundo a publicação, após a desaceleração do primeiro semestre, a atividade apresentou sinais de retomada, o que levou o mercado a projetar uma série de revisões nas expectativas. Setores mais dependentes do crédito já estão se beneficiando da queda dos juros em algumas linhas de financiamento e a liberação de recursos do FGTS dá fôlego extra às vendas do Natal.

Uma recuperação mais rápida, porém, esbarra na incerteza regulatória e política, acrescenta a Folha. Outros dois fatores, o consumo do governo e o setor externo, porém, devem contribuir negativamente para o crescimento.

O movimento macro atingiu também os balanços das companhias no terceiro trimestre, sobretudo dos setores de consumo, varejo, energia, saneamento e construção civil, diz o Valor Econômico. O desempenho interno compensou as frustrações com as expectativas do mercado externo, que prejudicou as exportações das companhias brasileiras.

A publicação destaca que o setor da construção teve o primeiro trimestre desde o fim de 2017 em que o resultado líquido consolidado ficou no azul, puxado pelo desempenho das vendas destinadas à média e alta renda. Já as fabricantes de bens industriais tiveram aumento da receita no mercado interno.

Em termos de resultado líquido, entretanto, as companhias acabaram sendo prejudicadas por conta da alta do dólar, com o aumento das dívidas na marcação a mercado no encerramento do período.

Ainda na economia, a equipe econômica estuda alterar as alíquotas de Imposto de Renda de pessoas com ganhos acima de R$ 39 mil para 35%. Hoje, o porcentual é de 27,5%, a pessoas com rendimentos mensais superiores a R$ 4.664,68.

A expectativa é de que a mudança atinja a elite do funcionalismo público, já que no privado pode ocorrer a “pejotização” dos contratos.

3. Dólar e juros

Qualquer decisão sobre a taxa Selic depois deste ano deverá ser tomada com cautela, afirmou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, acrescentando que a autoridade monetária será mais prudente em 2020.

“O Copom cortou a Selic para 5%. Deixamos indicado que entendemos que é possível fazer mais um movimento de igual magnitude e entendemos que qualquer movimento adicional tem que ser feito com cautela”, declarou Campos Neto.

Ao reduzir a Selic para 5% ao ano, no menor nível da história, o próprio Copom tinha indicado que os juros básicos sofrerão mais uma redução para 4,5% ao ano na próxima reunião do órgão, em dezembro.

Sobre a alta do dólar nas últimas semanas, Campos Neto disse que o Banco Central não mudará a política cambial e só tomará alguma providência caso a desvalorização do real afete a inflação, refletindo-se nos preços. Ele reiterou que o principal instrumento para segurar os preços continua a ser a taxa Selic, não intervenções no câmbio.

“O importante para gente é como o câmbio alimenta o canal de inflação. Eu disse que o importante é ver se esse movimento de câmbio está fazendo que a expectativa de inflação, na frente, seja elevada, porque isso acaba contaminando a curva de expectativa da inflação e, se isso estiver acontecendo, obviamente temos que agir, e me referi aos juros e não ao câmbio”, disse.

Campos Neto acrescentou que a inflação está em níveis baixos e estável no curto, médio e longo prazo.

Já o presidente Jair Bolsonaro opinou sobre o movimento do câmbio. “Eu gostaria do dólar abaixo de R$ 4,” disse a repórteres. “Mas não é apenas questões internas. O mundo está todo conectado e qualquer problema lá fora tem reflexo no mundo todo, não é só aqui, não”.

Os comentários são os primeiros do presidente sobre as variações do câmbio. O dólar vem se valorizando no último mês depois da decepção com o leilão do pré-sal, que frustrou expectativas de uma entrada pesada de dólares no País.

4. Congresso e STF

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou por 50 votos favoráveis e 12 contrários, o relatório da proposta de emenda à Constituição (PEC 199/19) que permite a prisão após condenação em segunda instância. Agora a PEC segue para comissão especial da Casa.

Outras duas propostas em análise na comissão, a PEC 410/18 e a PEC 411/18, que alteravam o Artigo 5º da Constituição foram consideradas inadmissíveis pela relatora deputada Caroline de Toni (PSL-SC). Havia uma discussão entre os parlamentares se era constitucional ou não mexer nesse artigo, que trata dos direitos e garantias fundamentais, por alguns entenderem que só poderia ser alterado por uma nova Assembleia Constituinte.

A prisão em segunda instância ganhou força no Congresso Nacional após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do dia 7 de novembro. Na ocasião, o STF derrubou a validade da prisão após a segunda instância, o que permitiu a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro.

Já o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, votou a favor da limitação do compartilhamento de dados financeiros da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), do Banco Central, antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), e da Receita Federal com o Ministério Público.

Na sessão desta quarta-feira, somente o presidente, que é relator do caso, proferiu seu voto. O julgamento será retomado hoje para a manifestação de mais dez ministros.

O STF começou a julgar se dados financeiros da UIF e da Receita Federal, órgãos de controle contra fraudes, podem ser enviados ao Ministério Público sem autorização judicial. As informações financeiras são usadas pelo MP e pela polícia para investigar casos de corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e movimentações financeiras de organizações criminosas.

Em seu voto o ministro disse que o MP só pode ter acesso a dados globais de supostos ilícitos, sem documentos que possam quebrar o sigilo das informações.

5. Noticiário Corporativo

No corporativo, o Valor traz que, em cinco anos, a Petrobras poderá reduzir em R$ 24,1 bilhões sua dívida trabalhista caso a MP 905, considerada a nova reforma trabalhista seja aprovada. Na última terça-feira, a companhia assinou a venda da Liquigás por R$ 3,7 bilhões.

Também em destaque, a Vale resgatou US$ 908 milhões em bônus com vencimento em 2022; já a Samarco pode reiniciar a sua produção de minério em setembro de 2020. A Multiplan exerceu preferência por fatia de 12% no ParkShopping.

Por fim, os investidores ainda vão acompanhar os desdobramentos da notícia de que um ex-presidente da Braskem foi preso nesta quarta-feira em Nova York por acusações federais de corrupção, de acordo com uma autoridade norte-americana, informou a agência de notícias Reuters. José Carlos Grubisich foi acusado de conspiração por violar uma lei de corrupção estrangeira dos EUA e por conspiração para lavagem de dinheiro.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Câmara, Agência Senado e Bloomberg)

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