Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quinta-feira

Bolsas asiáticas e europeias avançam após Fed expansionista; Copom deve levar a ajuste nos juros futuros e câmbio e mais destaques

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO  – As bolsas europeias e asiáticas sobem nesta quinta-feira (18), repercutindo a decisão do Federal Reserve, que já havia impulsionado o Ibovespa na véspera após a autoridade monetária americana projetar rápido salto no crescimento econômico dos Estados Unidos este ano, mas repetir a promessa de manter meta de juros próxima de zero nos próximos anos.

Por aqui, atenção para a repercussão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros, Selic, de 2% para 2,75% ao ano, acima do esperado pela maior parte do mercado, além de sinalizar outra alta de 0,75 ponto. Como reação, os contratos mais curtos de juros futuros devem se ajustar ao aumento acima do esperado, enquanto os DIs mais longos devem ceder, reduzindo a inclinação da curva. Já o real tende a se fortalecer por conta da opção do Copom por um ajuste mais rápido na Selic.  No radar corporativo, atenção para os números da EzTec, Yduqs na temporada de resultados do quarto trimestre.

A pandemia segue sendo uma fonte de preocupação por aqui, após a marca de 2 mil mortes diárias na média móvel ter sido ultrapassada pela primeira vez. Confira os destaques:

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1. Bolsas mundiais

Seguindo a decisão do Federal Reserve na véspera, a sessão é de alta para os principais mercados mundiais, com as bolsas asiáticas, os índices europeus registrando ganhos nesta quinta-feira (18), enquanto os índices futuros americanos têm movimento misto, com queda do S&P500 e Nasdaq futuros e leve alta do Dow Jones futuro.

Na quarta-feira (17), o Federal Reserve concluiu sua reunião de dois dias, depois da qual destacou que não espera altas nas taxas de juros referenciais até 2023, de acordo com a expectativa do mercado. Atualmente, a meta para a taxa de juros está em entre 0% e 0,25%

O presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou que o banco central quer ver a inflação consistentemente acima da meta de 2%, e sinais de melhora no mercado de trabalho dos Estados Unidos, antes de considerar mudanças nas taxas ou em sua política de compra mensal de títulos, atualmente em US$ 120 bilhões por mês.

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O Fed disse que espera que o PIB cresça 6,5% em 2021, antes de desacelerar nos próximos anos. E que a inflação suba 2,2% este ano, medida pelos gastos com consumo pessoal. O Fed também disse esperar que o desemprego nos Estados Unidos caia dos 6,2% atuais para 4,5%. Em dezembro, a instituição havia previsto queda a 5%.

As bolsas asiáticas fecharam em sua maioria em alta na quinta, após os anúncios do Fed. O índice Nikkei 225, do Japão, subiu 1,01%; o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,61%; o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,21%; o composto Shanghai, da China, subiu 0,51%.

Na Europa, o Banco da Inglaterra realizará um encontro nesta quinta, mas não há expectativa de grandes mudanças.

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A maior parte das bolsas europeias opera com leves altas. O índice Eurostoxx, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 economias europeias, sobe 0,19%.

Além disso, os mercados europeus aguardam pela conclusão da Agência Europeia de Medicamentos sobre a segurança da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford.

O comitê de segurança da instituição deve se reunir nesta quinta, após alguns países, entre eles Alemanha, Espanha, França, Itália e Suécia, suspenderem a aplicação do imunizante devido à preocupação de que ele poderia estar causando coágulos sanguíneos.

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O temor acontece apesar de a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde já terem deixado claro que os dados disponíveis indicam que a vacina é segura, e que os benefícios para a saúde são mais fortes do que os potenciais riscos.
Em uma declaração, a Agência Médica Europeia já ressaltou que “muitas milhares de pessoas desenvolvem coágulos sanguíneos todo ano na União Europeia, por diversos motivos”, e que o número de incidentes entre aqueles vacinados “não parece ser mais alto do que o observado na população em geral”.

As ações da Volkswagen subiram mais 6% pela manhã, dando continuidade à sequência de altas da última semana, após o banco JPMorgan elevar seu preço-alvo para as ações. Os papéis da Porsche e da fabricante de peças Varta também tiveram altas de mais de 5%.

Veja o desempenho dos principais indicadores às 7h30 (horário de Brasília):
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,42%
*Nasdaq Futuro (EUA), -1,14%
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,13%
Europa
*Dax (Alemanha), +1,03%
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,13%
*CAC 40 (França), +0,24%
*FTSE MIB (Itália), +0,43%
Ásia
*Nikkei (Japão), +1,01% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +1,28% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,61% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,51% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -0,5%, a US$ 64,28 o barril
*Petróleo Brent, -0,33%, a US$ 67,68 o barril
*Bitcoin, +5,21%, a US$ 58.608,56
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com alta de 2,45%, cotados a 1089 iuanes, equivalente hoje a US$ 167,5 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,50

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2. Agenda

Às 8h é divulgada a segunda prévia da inflação medida pelo IGP-M, relativa a março no Brasil.

Às 9h30 são divulgados dados sobre seguro-desemprego nos Estados Unidos. No mesmo horário, o Fed da Filadélfia divulga sua avaliação sobre o panorama dos negócios em março. Às 11h, é divulgado o índice de indicadores antecedentes, relativo a fevereiro nos Estados Unidos.

3. Repercussão do Copom

Na véspera, o Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual para 2,75% e apontou que deve promover um novo aperto de igual magnitude em sua próxima reunião em maio, ressaltando uma piora nas projeções para a inflação, em meio às incertezas geradas pela pandemia.

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Em live realizada pelo InfoMoney (veja no player abaixo), Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, disse que esperava uma alta de 0,5 p.p. por conta do cenário de maior incerteza sobre o cenário. Por outro lado, ela destacou que o tom do Banco Central em seu comunicado foi mais duro em relação à inflação, o que condiz com a decisão tomada.

“O BC também trouxe um alerta que, com a evolução do cenário externo, ele já deixa de ser tão amigável para os emergentes, em especial para o Brasil, algo que a gente já imaginava que pudesse ser apontado”, afirma Zara.

Já Patrícia Pereira, estrategista-chefe da MAG Investimentos, ressaltou na live que o Brasil está na contramão dos outros países. “O mundo está deixando a Covid pra trás, com uma expectativa de crescimento forte, enquanto a gente está no pior momento da pandemia, com uma atividade fraca”, diz.

As expectativas de inflação do Banco Central passaram a se situar acima da meta no horizonte relevante e houve elevação das projeções de inflação para níveis próximos ao limite superior da meta em 2021, a 5% no cenário básico.

Em reação, os contratos mais curtos de juros futuros devem se ajustar ao aumento acima do esperado, enquanto os DIs mais longos devem ceder, reduzindo a inclinação da curva. Já o real tende a se fortalecer por conta da opção do Copom por um ajuste mais rápido na Selic, após o Fed “dovish” (mantendo condições estimulativas para a economia) enfraquecer a moeda americana nesta quarta-feira.

Sacha Tihanyi, chefe de estratégia de mercado emergente da TD Securities, destacou à Bloomberg que a decisão do BC deve apoiar o real, “particularmente dada a orientação de que podemos esperar outros 0,75 ponto na próxima reunião”.  “Estão tentando se antecipar ao aumento rápido dos riscos de inflação e da ameaça de aumento do prêmio de risco fiscal”, apontou.

Confira a análise do Copom clicando aqui. 

4. Média de mortes por Covid bate 2.000 e pesquisa Datafolha

Pelo 19º dia seguido, o Brasil bateu na quarta (17) seu recorde na média móvel de mortes por Covid em 7 dias, com a marca de 2031, alta de 49% em comparação com a média de 14 dias antes. A marca de 2.000 mortes na média foi ultrapassada pela primeira vez. O patamar de 1.500 mortes na média de 7 dias havia sido ultrapassado pela primeira vez na semana retrasada.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quarta, o avanço da pandemia em 24 h no país. Em um único dia foram registradas 2.736 mortes.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 70.637, alta de 23% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia houve 90.830 diagnósticos, um recorde pelo segundo dia consecutivo.

Até a quarta, 10.731.615 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 5,06% da população. A segunda dose foi aplicada em 3.916.493 pessoas, ou 1,85% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Na terça, a Fiocruz havia classificado a pandemia como “o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil” devido a superlotação de leitos de UTI e alta sem controle de casos. A avaliação estampa a capa do jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta.

Todos os estados da Região Sul do Brasil têm colapsos em seus sistemas de saúde, e bateram em março recordes de mortes por Covid em um único mês, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa. Na região Norte, Rondônia também bateu seu recorde.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde chama atenção para a escassez de insumos para realizar entubação de pacientes, como remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. O conselho calcula que as reservas atuais só devem durar 20 dias.

O novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, foi informado da situação. De acordo com fontes ouvidas pelo Jornal Nacional, representantes de laboratórios informaram ao governo que não têm capacidade para atender a demanda em curto prazo. Eles sugeriram que o ministério importe esses insumos, ou requeira os medicamentos que, de outra forma, seriam exportados.

No Paraná, há bloqueadores neuromusculares para apenas dois dias. No Pará, os 12 hospitais da rede estadual têm estoques para 15 dias.

Na quarta, o Congresso derrubou o veto total do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a um projeto que viabiliza indenização de profissionais de saúde que se tornarem permanentemente incapacitados por conta de sua atuação na pandemia de Covid.

Também na quarta, o presidente afirmou pelas redes sociais que ficou feliz pelos protestos que ocorreram no fim de semana contra medidas de restrição à locomoção de pessoas e eventuais toques de recolher. “Logicamente eu fiquei feliz, o Brasil todo gostou, mostra que o povo está vivo… os sentimentos democráticos estão aí valendo, queremos a nossa liberdade, queremos que todo mundo respeite a Constituição”, disse Bolsonaro.

A fala ocorreu horas após o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ter defendido medidas de distanciamento para conter o avanço do coronavírus. De acordo com cientistas ouvidos pelo jornal O Globo, sem o apoio do governo federal seria um desafio implementar um lockdown no Brasil.

Além disso, representantes da vacina contra Covid-19 Sputnik V, o Fundo Russo de Desenvolvimento e o laboratório União Química reuniram-se na quarta com autoridades da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para discutir detalhes da documentação necessária para pedir o uso emergencial do imunizante, informou o órgão regulador.

No encontro, não foi apresentado o pedido de uso emergencial da vacina, segundo a assessoria da Anvisa. Houve apresentações de informações sobre qualidade, eficácia e segurança da vacina, sem entretanto o envio de um relatório oficial. O imunizante vem sendo adquirido por diversos estados brasileiros.

Governadores do Consórcio do Nordeste anunciaram a assinatura de compra de 37 milhões de doses da vacina russa e a expectativa era que fosse fechado ainda na quarta um acordo para a disponibilização dessas doses para integrar o Plano Nacional de Imunização.

Eduardo Pazuello, de saída do ministério da Saúde, anunciou na semana passada um acordo para comprar 10 milhões de doses do imunizante.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta pelo jornal Folha de S. Paulo, 50% dos brasileiros rejeitam um eventual processo de impeachment do presidente, enquanto 46% se disseram a favor da medida. Na pesquisa anterior, feita nos dias 20 e 21 de janeiro, 53% não queriam o impeachment e 42% eram favoráveis. As oscilações ocorreram dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Ainda no radar, o Congresso Nacional derrubou na quarta o veto do presidente Jair Bolsonaro e concedeu uma anistia bilionária a dívidas de igrejas. A medida teve o aval do próprio chefe do Executivo, contrariando a orientação da equipe econômica. Segundo documento da liderança do governo repercutido pelo jornal O Estado de S. Paulo, a renúncia tributária deve chegar a R$ 1,4 bilhão nos próximos quatro anos. Devem ser revistos R$ 222 milhões em autuações de anos anteriores.

5. Radar corporativo

Em destaque na temporada de resultados, a construtora Eztec teve lucro líquido de R$ 139,7 milhões no quarto trimestre, montante 30% maior do que em igual etapa de 2019, uma vez que o resultado financeiro conseguiu compensar o desempenho operacional mais fraco. A forte alta do IGP-DI, na esteira da valorização do dólar ante o real, teve resultado positivo na carteira de recebíveis da companhia, que financia diretamente as vendas para parte de seus clientes. Assim, o resultado financeiro respondeu sozinho por 55% do lucro do período.

Já o grupo de educação Yduqs teve prejuízo de R$ 102,6 milhões no quarto trimestre, ante lucro de R$ 58,1 milhões  em igual etapa de 2019, refletindo efeitos da crise criada pela pandemia e a gradual descontinuidade do Fies. A  sua receita líquida no período cresceu 14,4%, a R$ 963 milhões. Mas esse crescimento refletiu sobretudo os efeitos de aquisições, como as do grupos Adtalem e Athenas.

A SLC Agrícola registrou lucro líquido de R$ 194,2 milhões no quarto trimestre de 2020, alta de 119% ante igual período do ano anterior, apoiada por um “avanço notável no resultado bruto das culturas”, disse a empresa, produtora de grãos, em um cenário de firme demanda externa e preços atrativos para a soja, milho e algodão.

Ainda no radar, a Engie Brasil Energia está retomando o processo de venda da totalidade de suas ações na termelétrica Pampa Sul, anunciou a companhia,  em meio a um movimento mais amplo para se desfazer de ativos de carvão.

Já o Magazine Luiza anunciou a aquisição da plataforma de conteúdo digital de moda, beleza e decoração Steal the Look (STL), por valor não revelado.

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