Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quinta-feira

Bolsas mundiais caem entre alta de yields de Treasuries e expectativa por falas de Powell; investidores de olho na PEC Emergencial e mais destaques

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Em uma quinta-feira (4) de queda para as bolsas mundiais com a alta do rendimento dos Treasuries e o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no radar, o noticiário doméstico também deve movimentar a Bolsa brasileira após a sessão de volatilidade da véspera.

O destaque no noticiário político-econômico fica para a aprovação, em primeiro turno, pelo Senado do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, formulada para destravar uma nova rodada do auxílio emergencial e acionar medidas de contenção de gastos no futuro. Foram 62 votos favoráveis e 16 contrários. A votação da medida em segundo turno acontecerá nesta quinta-feira. Depois, a proposta vai para a Câmara dos Deputados.

A votação ocorreu após uma articulação de líderes do Senado para retirar as despesas do Bolsa Família do teto de gastos neste ano. A tentativa causou reação negativa da equipe econômica e do mercado financeiro e foi chamada de “balão de ensaio” do Senado nos bastidores. A aprovação da proposta acontece em um momento agudo da pandemia do coronavírus no país, com um número recorde de mortes pela Covid-19.

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Investidores também seguem acompanhando a reunião da Opep+ nesta quinta.

Confira os destaques:

1.Bolsas mundiais

As bolsas mundiais recuam nesta quinta-feira (4), mantendo o mau desempenho na véspera em meio à elevação dos juros de títulos do Tesouro com vencimento em dez anos. Investidores se mantêm atentos para sinais sobre o pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão nos Estados Unidos, e para o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, nesta quinta à tarde, em evento do Wall Street Journal.

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Na quarta (3), o índice S&P 500 recuou 1,3%, enquanto o Dow Jones caiu 0,38%. O Nasdaq teve as maiores perdas, de 2,7%, com destaque para a queda nos papéis de empresas de tecnologia, que vêm sendo preteridas por investidores que enxergam sinais de normalização da economia, à medida que a vacinação avança. Apple, Amazon, Microsoft e Alphabet recuaram mais de 2%.

O mau desempenho foi influenciado pela alta dos juros de títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos, que foram a 1,49% na quarta antes de recuarem a 1,4619%. Na semana passada, os juros chegaram à marca de 1,6%, antes de voltarem a recuar.

A alta dos juros tem levantado a preocupação de investidores porque poderia dificultar a tomada de empréstimos por empresas que precisam de grandes volumes de recursos para crescer rapidamente, como é o caso do setor de tecnologia.

Também pode levar parte dos investidores a migrarem do mercado acionário para o de títulos, considerado mais seguro porque os papéis são garantidos pelo Estado, que tem o poder de aumentar impostos para pagá-los, caso necessário. Além disso, a alta pode sinalizar com um aumento da inflação nos Estados Unidos que poderia levar o Fed a alterar sua taxa de juros referenciais de curto prazo.

Ações dos setores de cruzeiros e aviação tiveram, no entanto, ganhos, após o presidente Joe Biden afirmar que os Estados Unidos terão vacinas contra a Covid suficientes para todos os adultos até o final de maio de 2021, dois meses à frente do prazo inicial, elevando a expectativa sobre a normalização da economia. O ritmo de vacinação é considerado um fator crucial para a retomada de economias pelo mundo.

Até o dia 2 de março, 23,76% da população dos Estados Unidos havia sido vacinada. No Brasil, 4,16% da população havia sido vacinada, de acordo com dados oficiais compilados pelo site Our World in Data.

Nesta quinta, os índices futuros americanos mantêm a tendência de queda.

Investidores também aguardam por um discurso do presidente do Fed Jerome Powell, que deve trazer indicações sobre a direção para crescimento e inflação nos Estados Unidos.

Na quinta, o índice Nikkei, do Japão, e o Hang Seng Index, de Hong Kong, fecharam com quedas de mais de 2%, com destaque para o mau desempenho das bolsas de tecnologia, acompanhando o movimento negativo do setor nos Estados Unidos, que caiu com a alta dos juros de títulos do Tesouro.

Na China continental, o índice Shanghai também recuou acima da marca de 2%, e o Shenzhen caiu quase 3,5%.

Em Hong Kong, Tencent caiu 3,94%, Meituan recuou 7,73% e Alibaba, 1,55%. Na Coreia do Sul, a Samsung Electronics recuou 1,9% e a fabricante de chips SK Hynix caiu 3,4%.

O índice Eurostoxx, que reúne 600 papéis de empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, recuou 0,3% mais cedo. O setor de recursos básicos liderou as perdas, recuando 2,5%, enquanto o setor de serviços teve alta de 0,9%.

Atenção ainda para importantes indicadores divulgados nesta data na zona do euro.  As vendas no varejo da zona do euro caíram bem mais do que o esperado em janeiro uma vez que as lojas fechadas devido às restrições pelo coronavírus e as fracas vendas de inverno reprimiram os gastos dos consumidores. A agência de estatísticas da UE, Eurostat, informou que as vendas varejistas caíram 5,9% na comparação mensal em janeiro, com queda anual de 6,4%. As expectativas em pesquisa da Refinitiv eram de recuos de 1,1% e 1,2%, respectivamente.

Em dado separado, a Eurostat também informou que a taxa de desemprego sazonalmente ajustada repetiu em janeiro a taxa de 8,1% de dezembro, que foi revisada para baixo ante 8,3% informado inicialmente. No geral, o número de pessoas desempregadas aumentou em 8 mil, para 13,28 milhões.

Enquanto isso, no mercado de commodities, os principais contratos futuros de petróleo têm leve queda após a alta da véspera, de mais de 2%. Ontem, a informação de que alguns importantes integrantes do grupo teriam interesse em manter a produção inalterada em abril, contrariando a percepção entre analistas de que haverá redução de cortes, impulsionou os preços da commodity.

Segundo a Reuters, alguns dos principais integrantes do cartel sugeriram manter a produção em abril, de acordo com três fontes da própria Opep+. O cenário, diferente das expectativas do mercado, levou a um aumento nos preços do barril. Até então, o consenso era de que a produção seria incrementada em 500 mil barris ao dia, aponta o Commerzbank, além da retirada dos cortes voluntários da Arábia Saudita, o que aumentaria a oferta em 1,5 milhão de barris ao dia no total.

Já de acordo com a Bloomberg, reuniões preparativas, em especial entre Rússia e Arábia Saudita, não deram indícios da decisão, mas o mercado espera uma recomposição parcial na oferta conjunta cortada em 7 milhões de barris por dia feita no passado e a volta total ou parcial do corte adicional unilateral de 1 milhão de barris por dia feito pelos sauditas desde o início do ano.

Veja os principais indicadores às 7h50 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA), -0,67%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,8%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,48%
Europa
*Dax (Alemanha), -0,66%
*FTSE 100 (Reino Unido), -1,13%
*CAC 40 (França), -0,45%
*FTSE MIB (Itália), -0,97%
Ásia
*Nikkei (Japão), -2,13% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -2,15% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -1,28% (fechado)
*Shanghai SE (China), -2,05% (fechado)
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -0,75%, a US$ 60,81 o barril
*Petróleo Brent, -0,73%, a US$ 63,63 o barril
*Bitcoin, -4,01%, a US$ 49.254,61
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com alta de 1,95%, cotados a 1174,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 181,54 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,47

2. Agenda

Nesta quinta, a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) divulga dados sobre produção, venda e exportação de veículos em fevereiro no Brasil.

Às 9h30 é divulgado o índice Challenger sobre redução de postos de trabalho em fevereiro nos Estados Unidos. Às 10h30 são divulgados dados sobre produtividade de produtos não agrícolas e custo de mão de obra no quarto trimestre. No mesmo horário, são divulgados novos pedidos de seguro-desemprego, relativos à semana de 27 de fevereiro nos Estados Unidos.

Às 12h, são divulgados dados sobre pedidos de fábrica e frete de produtos em janeiro nos Estados Unidos.

Também no radar do mercado americano, Jerome Powell, participa do Wall Street Journal Jobs Summit às 14h05, na que deve ser a sua última aparição antes da reunião de política monetária do Fed em 16 e 17 de março. Os investidores esperam para ver se Powell vai falar sobre os temores com um rápido aumento nos custos de empréstimo de longo prazo.

3. PEC Emergencial

Também no radar dos mercados, a partir das 11h, o Senado vota a Medida Provisória da PEC Emergencial em segundo turno.

O Senado aprovou na quarta, em primeiro turno, a PEC, com 62 votos favoráveis. Caso seja aprovada também em segundo turno, seguirá para votação na Câmara dos Deputados, onde também deverá ser votada em dois turnos.

Apresentada em 2019 pelo governo Bolsonaro, a proposta tinha o objetivo inicial de criar mecanismos para restrição de gastos para União, estados e municípios em caso de emergência fiscal.

Alterada, a proposta estabelece medidas de controle dos gastos públicos, como travas dificultando que União, estados e municípios criem despesas obrigatórias ou benefícios tributários, realizem concursos públicos ou deem reajustes a servidores em caso de desequilíbrio fiscal em níveis considerados preocupantes.

Com relatoria de Marcio Bittar (MDB-AC), a proposta do governo foi parcialmente esvaziada, deixando de fora o ponto que acabava com a obrigação do Estado de destinar gastos mínimos para saúde e educação. A nova versão do texto também revogou o repasse de 28% de receitas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), principal fonte de receita da instituição.

A PEC é prioridade do governo Bolsonaro, que condicionou a sua aprovação para liberar uma nova rodada do auxílio emergencial.

O texto prevê que o governo poderá gastar até R$ 44 bilhões com o pagamento do auxílio, sem que os valores sejam contabilizados no teto de gastos, mas mantendo o Bolsa Família no teto.

4. Recorde de mortes e restrições de atividades no Brasil

O Brasil registrou 1.840 mortes em 24h encerradas às 20h de quarta (3), batendo novamente um recorde na pandemia.
Pelo quinto dia seguido, o país bateu seu recorde também na média móvel de mortes em 7 dias, com a marca de 1.332, alta de 29% em comparação com a média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quarta, o avanço da pandemia em 24 h no país.

O Ministério da Saúde contabiliza 1.910 mortes. De acordo com relatos e vídeos publicados nas redes, houve panelaço em Porto Alegre, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no mesmo dia em que o recorde foi registrado.

Segundo o consórcio de veículos de imprensa, a média móvel de novos casos em sete dias foi de 56.602, alta de 27% em relação ao patamar de 14 dias antes, o que também indica tendência de alta. Apenas em um dia houve 74.376 diagnósticos.
Até a terça, 7.351.265 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 3,47% da população. A segunda dose foi aplicada em 2.303.850 pessoas, ou 1,09% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

O governo de São Paulo determinou na quarta que todo o estado voltará, a partir da meia-noite do próximo sábado (6) à fase vermelha, aquela com os maiores níveis de restrição de atividades. Shoppings, academias, bares, restaurantes e comércios deixarão de funcionar. Escolas e atividades religiosas foram incluídas na lista de serviços essenciais, e permanecerão abertas. A medida será mantida até ao menos 19 de março.

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) determinou na quarta o fechamento do comércio considerado não essencial, além de toque de recolher entre 20h e 5h e restrição de circulação de pessoas em duas regiões do estado que correm risco de colapso devido à alta de internações por Covid.

O governador do Ceará, Camilo Santanta (PT), também anunciou medidas mais restritivas e o fechamento de atividades consideradas não essenciais em Fortaleza por 14 dias contados a partir de sexta-feira (5). Ele recomendou que outras cidades do estado com casos elevados de Covid adotem medidas similares.

“O crescimento de casos tem ocorrido numa velocidade muito grande, acima do processo de abertura de novos leitos, tanto da rede pública quanto na rede privada. Nossas equipes continuam empenhadas em abrir mais leitos, além dos mais de 3.000 já abertos, e lutando pela aquisição de mais vacinas para acelerar o processo de imunização da nossa população”, disse Santana.

A medida foi anunciada após um estudo de pesquisadores da Uece (Universidade Estadual do Ceará) prever um novo pico de casos e mortes por Covid no estado entre 12 e 22 de março.

Em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, no entanto, que é contrário a restrições de atividades.
“No que depender de mim nunca teremos lockdown. Nunca, uma política que não deu certo em lugar nenhum do mundo. Nos Estados Unidos vários estados anunciaram que não têm mais [lockdown]. Não quero polemizar esse assunto aí (…) Não aguenta mais. O cara quando fecha uma empresa, 10, 12 pessoas mandadas embora, dificilmente arranja emprego novamente”, disse.

Na noite de quarta, o governo oficializou a intenção de compra de 138 milhões de doses das vacinas produzidas de Janssen, da Johnson e Johnson, e pela parceria entre Pfizer e BioNTech.

Na terça, a Câmara dos Deputados havia aprovado um projeto apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), autorizando União, estados e municípios a assumirem responsabilidade por possíveis eventos adversos decorrentes da vacinação.

Segundo o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, a aprovação foi importante para a compra. O governo vinha mostrando insatisfação com exigências contratuais das empresas para se eximir de efeitos adversos.

5. Radar corporativo

A temporada de resultados segue no radar dos investidores. A Cia Hering registrou baixa de 12% no lucro líquido do quarto trimestre ante mesmo período de 2019, para R$ 55,6 milhões, com receita líquida quase estável. Já a Lojas Quero-Quero teve lucro líquido de R$ 34,9 milhões no quarto trimestre de 2020, 118,8% maior frente igual período de 2019.

A Iochpe-Maxion, por sua vez, teve prejuízo líquido de R$ 129,7 milhões no quarto trimestre de 2020, revertendo lucro líquido de R$ 39,1 milhões em igual período de 2019.  A Taesa teve lucro de R$ 829 milhões no quarto trimestre de 2020, 194,7% maior na comparação com o mesmo período de 2019.

Antes da abertura, Azul divulgou seus números, com prejuízo líquido de R$ 317,4 milhões. Já depois do fechamento, Iguatemi, Arezzo, B2W, Lojas Americanas, Arezzo, MRV, Natura estão entre as empresas que divulgarão seus números do quarto trimestre.

Os investidores seguem monitorando também o noticiário sobre as estatais. Na véspera, O Globo informou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, chegaram num consenso para a presidência do Banco do Brasil. Os três indicaram o atual presidente da Caixa Seguridade, Eduardo Dacache, para presidir o BB, uma vez que André Brandão teria colocado o cargo à disposição (informação esta que foi negada em comunicado pelo banco estatal na semana passada).

A Petrobras também segue no radar: segundo O Estadão, as operações atípicas com ações da Petrobras já haviam chamado a atenção dentro da B3, a bolsa paulista, nos dias que se seguiram à sinalização dada pelo presidente Jair Bolsonaro de que pretendia trocar o comando da estatal. A BSM Supervisão de Mercados, braço autorregulador do mercado de capitais ligado à B3, identificou que algumas operações não se encaixavam no padrão regular, e já vinha investigando. O jornal O Globo revelou que transações com papéis da empresa que têm toda a aparência de uso de informação privilegiada (insider trading) deram a um investidor um lucro na casa dos R$ 18 milhões.

Na véspera, mais um conselheiro decidiu rejeitar indicação do governo federal para ser reconduzido ao cargo, somando um total de pelo menos cinco membros do colegiado que pediram para ser substituídos.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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