Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quarta-feira

Mercados operam em compasso de espera no aguardo de decisão do Fed e alivio no petróleo; no Brasil, mercado projeta corte de 0,5 p.p. na Selic

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou a sessão da véspera com alta de 0,9%, aos 104.616 pontos, puxado pelo setor financeiro, com as ações de B3, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú liderando as altas. Na outra ponta, a Petrobras recuou, acompanhando a queda nas cotações do petróleo, de quase 6%, diante das notícias de que a Arábia Saudita vai conseguir repor sua produção mais cedo do que se esperava.

Hoje, os mercados internacionais operam de forma mista, com os futuros de Nova York em leve baixa, com os investidores aguardando pela decisão do Federal Reserve sobre os juros norte-americano, às 15h00. Logo em seguida, o presidente do Fed, Jerome Powell, concede entrevista. A expectativa majoritária é de um corte de 0,25 ponto porcentual, no que seria a segunda redução praticada em uma década, após a decisão de julho, que reduziu os Fed Funds a um intervalo de 2,00% a 2,25%.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) também anuncia sua decisão sobre os juros, com uma aposta praticamente unânime do mercado de que a taxa Selic recue 0,5 ponto porcentual, para 5,5% ao ano. Na avaliação de analistas, mesmo com a recente desvalorização do real frente ao dólar, o cenário para a inflação segue bastante confortável, enquanto a ociosidade econômica segue grande.

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Motivo de apreensão desde os ataques sofridos no final de semana, o que levou a disparada recorde nas cotações do petróleo na segunda-feira, a produção na Arábia Saudita deverá retomar aos níveis de produção anteriores até o final de setembro, garantiu ontem o ministro de Energia do país árabe, o príncipe Abdulaziz bin Salman, que também afastou o risco de desabastecimento global do produto.

Confira os destaques desta quarta-feira:

1. Bolsas Internacionais

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Os mercados operam nesta manhã em compasso de espera pelo Fed. Não só a decisão em si, como o próprio discurso de Powell, serão monitorados, em busca de pistas sobre até que ponto a autoridade monetária poderá seguir com as taxas.

De um lado, alguns integrantes do Fed avaliam que o consumo está forte, o desemprego é baixo e a geração de empregos ainda parece boa. Do outro, existem membros vendo com grande preocupação a economia global, com poucas chances de resolução das questões comerciais e outros riscos que podem afetar diretamente os americanos.

E cada visão leva a um cenário de juros diferentes. Enquanto o presidente Donald Trump não cansa de pedir pela zeragem das taxas, o chairman do Fed, Jerome Powell, passa algumas mensagens contraditórias a cada vez que faz algum discurso.

Enquanto isso, o Fed realiza hoje uma segunda operação de recompra títulos para injetar até US$ 75 bilhões nos mercados financeiros, após operações semelhantes, no montante de US$ 53 bilhões ontem, com vários instrumentos de dívida.

Segundo a CNBC, o Fed buscou controlar o nível de referência da taxa de juros, com essa operação, a primeira deste tipo realizada em uma década, desde a crise financeira.

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Na Ásia, os mercados fecharam de forma mista, em meio às expectativas sobre o Fed, mas refletindo a retração nos preços do petróleo, com papéis de companhias deste setor recuando diante da sinalização da Arábia Saudita de que vai manter a oferta.

No Japão, as exportações do Japão registraram queda de 8,2% em agosto ante igual mês do ano passado, de acordo com dados oficiais. Analistas previam recuo menor, de 2,3%. As importações, por sua vez, tiveram recuo anual de 12,0% em agosto. O déficit comercial japonês ficou em 136,3 bilhões de ienes em agosto, ante expectativa de 346,3 bilhões de ienes.

As exportações japonesas para a China recuaram 12,1% em agosto, na comparação anual. As vendas aos Estados Unidos, por sua vez, caíram 4,4%, enquanto aquelas para a Europa tiveram baixa de 1,3%.

Na Europa, os mercados operavam majoritariamente em alta, às 6h00, na espera de dados sobre inflação na zona do euro. É aguardado ainda discurso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no Parlamento Europeu, hoje, sobre o Brexit.

Juncker se reuniu com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson no início desta semana, quando disse a ele que o Reino Unido precisa apresentar soluções para o Brexit.

Entre os indicadores britânicos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,7% em agosto ante igual mês do ano passado, mostrando forte desaceleração ante o ganho anual de 2,1% observado em julho, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).

O resultado de agosto, o menor desde dezembro de 2016, ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam recuo da taxa anual a 1,8%.

Com o arrefecimento dos preços, o CPI britânico voltou a ficar abaixo da meta de inflação de 2% do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que amanhã revisará sua política monetária.

Já na zona do euro, o CPI subiu 1% na comparação anual de agosto, permanecendo no nível de julho, segundo a Eurostat. O resultado de agosto confirmou leitura prévia e veio em linha com a projeção de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

A leitura final mantém a inflação na zona do euro bem distante da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%. Em relação a julho, o CPI da região subiu 0,1% em agosto, abaixo da projeção do mercado, de alta de 0,2%.

Apenas o núcleo do CPI do bloco, que exclui os preços de energia e de alimentos, avançou 0,2% em agosto ante o mês anterior e registrou acréscimo anual de 0,9%.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h27 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), -0,14%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,18%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,11%

DAX (Alemanha), +0,10%
FTSE (Reino Unido), +0,21%
CAC-40 (França), +0,14%
FTSE MIB (Itália), +0,67%

Hang Seng (Hong Kong), -0,13% (fechado)
Xangai (China), 0,25% (fechado)
*Nikkei (Japão), -0,18% (fechado)

Petróleo WTI, -0,71%, a US$ 58,92 o barril
Petróleo Brent, -0,46%, a US$ 64,25 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 0,64%, cotados a 661,00 iuanes, equivalentes a US$ 93,27 (nas últimas 24 horas).

*Bitcoin, US$ 10.230, +0,14%
R$ 42.148, -0,11% (nas últimas 24 horas)

2. Agenda Econômica

No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,13% na segunda quadrissemana de setembro, desacelerando em relação ao aumento de 0,29% observado na primeira quadrissemana deste mês, segundo dados publicados hoje pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Já a FGV informa, às 8h00, a segunda prévia do Índice Geral de Preços (IGP-M). Às 12h30, está prevista a divulgação do fluxo cambial pelo Banco Central. Por volta das 18h00, sairá o resultado da decisão do Copom sobre os juros.

Nos Estados Unidos, às 9h30, são aguardados os dados sobre o número de construções de moradias iniciadas e de novas permissões. Às 11h30, o Departamento de Energia publica os dados de estoques de petróleo, gasolina, destilados, produção e uso das refinarias.

Às 15h00, o Fed anuncia a decisão sobre a taxa de juros, que será acompanhada de uma entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell.

Por fim, à noite, o Japão inicia sua reunião de dois dias para definir as suas taxas de juros.

3. Congresso

O Senado aprovou ontem à noite o dispositivo legal que regulamenta o uso do fundo eleitoral para financiamento de campanha dos candidatos a prefeito e vereador nas eleições municipais de 2020. O texto aprovado estabelece que os valores do fundo serão definidos pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), composta por deputados e senadores. Os parlamentares defendem o valor da eleição passada, de R$ 1,7 bilhão.

O projeto original, aprovado na Câmara, trazia uma série de alterações polêmicas na utilização dos recursos do fundo, mas essas mudanças foram vetadas pelo relator Weverton Rocha (PDT-MA) após ouvir críticas e manifestações contrárias ao texto vindas de senadores de diversos partidos e da sociedade civil.

Agora, a proposta volta à Câmara dos Deputados, já que a versão aprovada no Senado é diferente da que veio da Câmara. Os deputados poderão acatar, rejeitar ou resgatar o texto original. O jornal Folha de S.Paulo destaca que os deputados são os responsáveis pela palavra final, antes do texto – que precisa ser votado até 4 de outubro para valer nas próximas eleições – vá para deliberação do presidente Jair Bolsonaro.

Entre as polêmicas do projeto estava o afrouxamento da aplicação de multas por desaprovação das contas de campanha, o que poderia facilitar o caixa dois, e a anistia a multas aplicadas em processos na Justiça Eleitoral. Segundo o jornal O Globo, os partidos do centrão da Câmara, porém, já se articulam para tentar o retorno do texto original, que poderia facilitar a corrupção, segundo analistas.

Ainda na política, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que “nada está descartado” quando perguntado sobre o destino da desoneração da folha de salários na reforma tributária. Ele reforçou, no entanto, que a criação de um imposto nos moldes da CPMF está descartada.

Nesta terça-feira (17) o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniu com senadores para falar sobre a reforma tributária. O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) deve apresentar seu parecer sobre a proposta na quarta-feira, 18, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Lorenzoni afirmou ainda que o governo vai liberar R$ 8,3 bilhões em recursos do Orçamento que estavam bloqueados, valor menor do que o previsto inicialmente. De acordo com ele, os decretos com a distribuição do descontingenciamento serão publicados pelo governo até semana que vem.

Em meio à disputa entre o Senado e Câmara sobre a proposta a ser encampada da reforma tributária, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que um imposto que unifique PIS, Cofins e IPI – chamado de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal – deve ser enviado por meio da proposta que já tramita na Câmara.

“Vamos mandar nosso IVA dual e esperar que Estados e municípios se acoplem”, disse Guedes ontem à noite, durante evento em Brasília. Já na proposta que tramita no Senado a ideia é trabalhar os impostos seletivos. Guedes chegou a citar a formação de um “comitê conjunto” para a reforma tributária, mas não deu detalhes.

O ministro destacou ainda que a equipe econômica segue determinada a reduzir os encargos sobre a folha de pagamento. Segundo ele, o governo tem um “enigma pela frente” porque precisa encontrar uma fonte de recursos para bancar essa desoneração, mas garantiu que o alívio às empresas (desejado para impulsionar a geração de empregos) segue nos planos.

“Precisamos de uma base tributária diferente, e queremos reduzir encargo trabalhista”, afirmou Guedes. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro está ciente dessa orientação da equipe econômica e “sabe que não podemos crescer elevando a alíquota do que está aí” para compensar a desoneração.

Guedes destacou que o governo ainda não desistiu que propor um regime de capitalização para a Previdência no Brasil. “Não desistimos de ir na direção da capitalização”, disse. “É uma ideia boa, importante. Valeu a luta, mesmo que não tenha avançado”, afirmou, reforçando que a atual reforma garante um tempo de cerca de 20 anos até que uma nova modificação precise ser feita.

Por fim, o jornal Valor Econômico destaca que a intenção de Guedes de desindexar permanentemente o salário mínimo, o reajustando de acordo com a inflação, encontra resistência no Congresso. “É totalmente inviável”, disse à publicação o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES), relator da PEC 438/2018, que propõe um redesenho das regras fiscais do país. A ideia inicial seria incluir a desindexação nesta PEC. 

4. Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro será reavaliado pela equipe do médico Antonio Macedo, na próxima sexta-feira (20), antes de confirmar sua viagem para Nova York, onde participará da abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Macedo foi o responsável pelas últimas três cirurgias do presidente após a facada sofrida em setembro do ano passado, durante ato da campanha eleitoral.

“A viagem do presidente está praticamente definida, mas ainda sob análise, em particular no quesito avaliação médica”, disse o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros. Segundo ele, a recuperação “é muito positiva” e tudo indica que o médico confirmará a viagem. Os procedimentos ocorrerão em Brasília.

Segundo o porta-voz, o presidente tem apresentado “melhora clínica progressiva” e tem seguido todas as recomendações médicas, como dieta, realização de fisioterapia e redução da intensidade da agenda. Ao longo dessa semana, o presidente só deve mesmo despachar do Palácio do Alvorada, residência oficial, e não do Palácio do Planalto, que é a sede do Executivo federal.

Confirmada a viagem, a comitiva presidencial vai embarcar da Base Aérea de Brasília no dia 23 de setembro, às 8h, com chegada prevista nos Estados Unidos às 16h. No dia 24, Bolsonaro deve se reunir com o secretário-geral da ONU, António Gutérrez. Não estão previstos encontros bilaterais com outros chefes de Estado. Nesse mesmo dia, o presidente fará o discurso de abertura da Assembleia Anual, que é tradicionalmente reservado ao líder brasileiro.

Segundo O Globo, apesar de Bolsonaro ter afirmado que iria à assembleia “nem que fosse de cadeira de rodas”, integrantes do Planalto já admitem que ele poderá não comparecer ao evento da ONU. A publicação que a alegação será a questão das restrições médicas, entretanto alguns assessores avaliam, reservadamente, que há riscos políticos ao presidente, que poderia ser alvo de protestos por conta das queimadas na Amazônia.

Entre auxiliares e familiares, existe uma divergência sobre a sua ida ou não à ONU, completa o Globo. A equipe médica não teria recomendado, assim como a própria primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estaria o tentando convencer a não ir.

5. Noticiário Corporativo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou ontem que quem resolve questões relacionadas ao preço do petróleo é a Petrobras. “Petróleo quem resolve é a Petrobras. Preço de petróleo é com a Petrobras”, disse Guedes, após reunião Bolsonaro. De acordo com a Petrobras, por enquanto, não há previsão de reajuste de preços nos produtos negociados pela estatal, como os combustíveis e derivados de petróleo.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) inscreveu 17 empresas para participar da 16ª Rodada de Licitações, que vai acontecer no dia 10 de outubro. Entre as inscritas, 15 são estrangeiras. As exceções são a Petrobras e a Enauta. Serão oferecidos 36 blocos de pós-sal, nas bacias marítimas de Pernambuco-Paraíba, Jacuípe, Camamu-Almada, Campos e Santos, que somam 29,3 mil km2 de área.

A polícia do Brasil deve anunciar as primeiras acusações contra funcionários da gigante mineradora Vale e a companhia de inspeção alemã TÜV SÜD já nesta semana por causa do colapso da barragem ocorrido em janeiro em Brumadinho, de acordo com uma pessoa ligada à investigação. A polícia deve acusar formalmente entre oito e 12 pessoas das duas companhias pelo crime de falsa representação na primeira de uma série de acusações, alegando que os certificados produzidos pela companhia alemã para atestar a estabilidade da barragem foram emitidos de maneira fraudulenta.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)