Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quarta-feira

Investidores monitoram novas tensões comerciais entre EUA e China, à espera do Livro Bege; no Brasil, pode ser anunciada a liberação de contas ativas do FGTS

Equipe InfoMoney

(Marcos Corrêa/PR)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a sessão da véspera com queda de 0,03%, aos 103.775 pontos, influenciado pelo compasso de espera da aprovação das reformas e pelas falas do presidente norte-americano, Donald Trump, de que há um “longo caminho a percorrer” antes de fechar um acordo para encerrar a guerra comercial com a China.

Hoje, os mercados internacionais operam predominantemente em baixa, refletindo as declarações de Trump e à espera da divulgação do Livro Bege, às 15h00, quando o Federal Reserve atualizará os investidores quanto às atuais condições econômicas dos distritos do Fed, assim como pelo discurso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, em evento de finanças, na França.

No Brasil, destaque para as medidas de reaquecimento da economia e atualizações sobre as tramitações da reforma da Previdência e tributária. O governo deverá anunciar ainda esta semana o saque de parte dos recursos de contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep. As medidas poderão injetar até R$ 63 bilhões na economia.

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O presidente Jair Bolsonaro participa hoje da Cúpula dos Chefes do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina. À tarde, há previsão de uma coletiva de imprensa, com a presença do presidente argentino, Mauricio Macri. Na comitiva, estão Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, que devem participar de um encontro de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países do Mercosul e de Países Associados.

1. Bolsas Internacionais

As bolsas na Ásia fecharam em queda nesta quarta-feira, refletindo endurecimento da véspera das negociações comerciais entre China e Estados Unidos.

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Além de ressaltar o longo caminho a percorrer para um acordo, Trump acrescentou que os EUA poderiam impor tarifas sobre um valor adicional de 325 bilhões de dólares em produtos chineses, se necessário.

Outra disputa entre chineses e norte-americanos acontece na Organização Mundial do Comércio (OMC), com juízes afirmando que os Estados Unidos não cumpriram integralmente a decisão do órgão e poderão enfrentar sanções chinesas se não removerem certas tarifas que violam as regras.

A disputa centrou-se em 17 investigações realizadas pelo Departamento de Comércio dos EUA entre 2007 e 2012, segundo a CNBC.

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Na Europa, os mercados estão misturados, após novos comentários sobre as disputas comerciais. Entre os indicadores, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho da zona do euro ficou em 1,3%, ante 1,2% do registrado em maio. Há um ano, a taxa havia ficado em 2%, segundo a Eurostat.

Entre as commodities, os preços futuros do minério de ferro operam em queda. Ontem, a BHP reduziu sua projeção de produção de minério de ferro para todo o ano fiscal, de 270 para 265 milhões de toneladas, refletindo impactos do ciclone tropical Veronica. A BHP informou ainda que espera arcar com US$ 260 milhões de dólares para desativar a barragem da Samarco.

Já o petróleo operam em alta, após fortes quedas na sessão anterior, mesmo após dados mostrarem que os estoques de petróleo nos EUA caíram menos do que o esperado.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h25 (horário de Brasília):

S&P 500 Futuro (EUA), +0,18%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,26%
Dow Jones Futuro (EUA), +0,15%
DAX (Alemanha), +0,02%
FTSE (Reino Unido), -0,06%
CAC-40 (França), +0,04%
FTSE MIB (Itália), -0,05%
Hang Seng (Hong Kong), +0,09% (fechado)
Xangai (China), -0,20% (fechado)
Nikkei (Japão), -0,31% (fechado)
Petróleo WTI, +0,61%, a US$ 57,97 o barril
Petróleo Brent, +0,89%, a US$ 64,92 o barril
Bitcoin, US$ 9.434,56, -12,31%
R$ 36.313, -12,53% (nas últimas 24 horas)
Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 1,15%, cotados a 899,50 iuanes, equivalentes a US$ 130,78 (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

No Brasil, a Fipe divulgou o resultado da segunda quadrissemana do IPC de julho, com alta de 0,10%, desacelerando frente à primeira quadrissemana, quando ficou em 0,17%. Entre os indicadores, a Fiesp informa, às 11h00, o nível de emprego de junho e o Banco Central, às 12h30, o fluxo cambial.

Nos Estados Unidos, será divulgado o número de construção de moradias iniciadas e de permissão de novas obras. O DoE informa os estoques de petróleo bruto, de gasolina, de destilados e utilização das refinarias.

Estão previstas as divulgações dos balanços do Bank of America, antes da abertura, e de Alcoa, Netflix e IBM, após o fechamento

À noite, o Japão divulga o resultado da balança comercial de junho.

3. Economia e reformas

O governo deverá liberar R$ 42 bilhões de contas ativas do FGTS para aquecer a economia. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, podem ser liberados o saque de até 35% dos recursos das contas ativas (contrato de trabalho vigente). Outra medida em estudo é a de limitar a retirada total do fundo após demissão sem justa causa.

A ideia em estudo é limitar os saques das contas ativas, de até R$ 5 mil, em 35% do saldo; de até R$ 10 mil, em 30% do saldo; e acima de R$ 10 mil, em 10% do saldo. Ainda se estuda uma faixa intermediária, entre R$ 10 mil e R$ 50 mil. O calendário da liberação do dinheiro seria feito com base na data de aniversário.

O Valor Econômico destaca que, além das contas do FGTS, o governo pretende liberar R$ 21 bilhões do PIS/Pasep, “mas só R$ 2 bilhões devem ser efetivamente retirados pelo trabalhadores”, disse Paulo Guedes, ao jornal. Segundo o ministro, as medidas de estímulo estão prontas para serem anunciadas nos próximos dez dias, sendo que na quinta-feira serão divulgadas as regras para o FGTS e PIS/Pasep.

A equipe econômica se prepara para anunciar nas próximas semanas ainda os detalhes de seu ambicioso programa de privatização, mas ainda estuda a melhor estratégia para divulgar o projeto e “desconstruir” a narrativa de que a venda de estatais vai contra os interesses e a soberania do País. O programa poderá render até R$ 450 bilhões para os cofres do governo, de acordo com um levantamento do Estadão.

Sobre a reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que todos os governadores colaborem para a proposta de emenda constitucional (PEC) paralela que deve ser apresentada no Senado como saída para reincluir Estados e municípios na reforma da Previdência.

A ideia da PEC paralela tem ganhado força e, por meio dela, o Senado colocaria Estados e municípios na reforma, remetendo depois essa proposta de forma fatiada para a Câmara para apreciação, sem comprometer a PEC da reforma da Previdência. Maia ressaltou que o déficit previdenciário dos Estados tem atrapalhado a capacidade de investimento dos entes federativos.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), reafirmou ontem que a Casa deve levar cerca de 45 dias para analisar e votar a reforma da Previdência, nos dois turnos, a partir do dia em que o texto for enviado pela Câmara o que, segundo ele, deve acontecer entre 7 e 8 de agosto. Ele disse acreditar que, no plenário, a reforma poderá ter entre 54 e 60 votos favoráveis, dos 81 possíveis, pela sua aprovação.

Já em relação à reforma tributária, o Valor informa que já está praticamente formatada a proposta de redução a zero da contribuição patronal para a Previdência pelo prazo de dois anos, segundo o secretário especial da Receita, Marcos Cintra. A expectativa é de que, uma vez aprovada a reforma, já haverá alguma desoneração sobre a folha de pagamentos.

4. Governo e política

Na política o destaque é a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de suspender todos os processos judiciais nos quais dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle, como o Coaf, sem prévia autorização do Judiciário. A medida foi tomada por pedido do senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ). O tema irá a julgamento pelo plenário do STF em novembro.

Segundo o jornal O Globo, o procurador da República Eduardo El Hage, coordenador da operação Lava Jato no Rio, disse que a decisão irá paralisar todas as investigações sobre lavagem de dinheiro em curso no País. O presidente Bolsonaro disse que Flávio “tem problemas potencializados” pelo fato de ser seu filho. A investigação é por suposto desvio de dinheiro em seu antigo gabinete na Assembleia do Rio.

A provável indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington divide votos e opiniões na Comissão de Relações Exteriores do Senado, com uma disputa pela relatoria. Já o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros afirmou que o Itamaraty já preparou a minuta com o pedido “agrément” a ser enviado ao governo de Donald Trump.

Sobre a Lava Jato, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu ontem integrantes da força tarefa, entre eles Daltan Dallagnol, reafirmando o seu apoio ao grupo de trabalho. Na tentativa de ser reconduzida ao cargo, ela vinha sofrendo questionamentos e cobranças dos procuradores, em meio à divulgação de diálogos pelo site The Intercept.

O caso de Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o então candidato, Jair Bolsonaro, em setembro do ano passado, foi arquivado. Dessa forma, não cabem mais recursos à sentença proferida em 14 de junho que considerou Adélio inimputável, ou seja, incapaz de responder por seus atos.

5. Noticiário Corporativo

A Petrobras anunciou ontem que serão tomadas as medidas administrativas necessárias para o encerramento das concessões da Conecta e da Distribuidora de Gas de Montevideo, no Uruguai, até o dia 30 de setembro. “Ambas as partes adotarão as providências necessárias para pôr fim aos litígios pendentes, sem pleitos adicionais de qualquer espécie”, informou a empresa, acrescentando que o Estado Uruguaio assumirá as operações de ambas as concessões por meio de instrumentos legais cabíveis, dando continuidade aos serviços.

O Valor Econômico destaca que a Vale tornou-se alvo de um processo arbitragem por parte de investidores institucionais por causa das perdas sofridas com a tragédia de Brumadinho. Segundo a publicação, o requerimento foi levado à Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM) da B3, no dia 5 deste mês, por um grupo de ao menos 25 gestoras independentes de recursos e alguns fundos de pensão.

(Agência Estado)