Os 5 assuntos que vão movimentar o mercado nesta quarta-feira

Bolsas europeias e índices futuros dos EUA voltam a cair forte com preocupação sobre segunda onda do coronavírus; Copom e resultados após o fechamento

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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Os mercados europeus abriram em queda nesta quarta-feira, com temores sobre a aceleração da propagação do coronavírus no continente, nos Estados Unidos e na China. Além disso, o presidente Donald Trump admitiu na terça que não haverá um novo pacote de estímulos antes da eleição americana, marcada para 3 de novembro.

Na Europa, autoridades vêm instituindo novas restrições nas últimas semanas. A França registrou 52 mil novos casos no domingo, e dois terços da população do país já vivem sob um toque de recolher noturno. De acordo com a imprensa francesa, o presidente Emmanuel Macron deve anunciar novas medidas de contenção do vírus na noite desta quarta-feira, e há especulação sobre a possibilidade de estabelecer um novo lockdown em certos locais do país.

Por aqui, o comunicado do Copom à noite deve ser decisivo para o mercado amanhã. Selic deve permanecer em 2% e analistas não descartam um tom mais cauteloso do BC com a inflação e o risco fiscal. O noticiário corporativo também é movimentado, com Petrobras, Vale e Bradesco divulgando balanços após fechamento. Já nesta sessão, o mercado repercute os números da Vivo, Localiza e Cielo. Confira os destaques:

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1. Bolsas mundiais

Em uma reunião fechada da Comissão Europeia -braço executivo da União Europeia- realizada na segunda-feira, autoridades afirmaram que provavelmente não haverá vacinas para toda a população do continente até 2022. Países do bloco europeu já adquiriram mais de um bilhão de doses de vacinas que estão sendo desenvolvidas contra o vírus. A sua população é de 480 milhões de pessoas, mas nem todas as vacinas devem se mostrar efetivas. No início de outubro, a Comissão Europeia afirmou que espera que as vacinações comecem no início de 2021.

O índice Euro Stoxx tem queda de 1,61%; o Dax, da Alemanha, cai 2,51%; o FTSE 100, do Reino Unido, cai 1,21%; O CAC, da França, cai 2,17%; e o FTSE MIB, da Itália, cai 2,31%.

A queda nos índices na Alemanha ocorre apesar de o Deutsche Bank, o maior banco do país, ter reportado lucro líquido de 182 milhões de euros no terceiro trimestre de 2020. O resultado está acima das expectativas, e indica que a recuperação frente o novo coronavírus pode ser mais rápida do que o estimado anteriormente.

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O número de casos e mortes também continua a crescer nos Estados Unidos. Na última semana, foi registrada uma média de mais de 70 mil novos casos por dia, um recorde. Dos 50 estados, 29 registraram seu recorde de novos casos diários no período.

Além disso, a Pfizer anunciou na terça-feira que os testes com sua vacina desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech provavelmente não ocorrerão antes das eleições americanas, marcadas para o dia 3 de novembro.

E o presidente Donald Trump admitiu que um novo pacote de estímulos também não deve sair antes das eleições, à medida que as negociações entre republicanos e democratas não avançam.

O índice S&P 500 Futuro tem queda de 1,28%; o Nasdaq Futuro cai 0,99%; e o Dow Jones Futuro cai 1,54%.

Na Ásia, as bolsas tiveram um dia misto, com investidores acompanhando a aceleração da propagação do coronavírus em economias importantes, assim como o anúncio, pelo presidente Trump, de que não deve haver um novo pacote de estímulos à economia americana antes das eleições.

Na China, o número de novos casos bateu recorde para os últimos dois meses na quarta-feira.

Pelo lado positivo, no Japão a Sony Corp reportou uma alta de 13,9% no lucro operacional no segundo trimestre, que atingiu cerca de US$ 3 bilhões. Os resultados são impulsionados pelo setor de jogos, que teve alta de vendas durante a pandemia.

O índice Nikkei, do Japão, fechou em queda de 0,29%; o Hang Seng Index, de Hong Kong, em queda de 0,32%; o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,03%; e a bolsa de Shanghai, da China, subiu 0,46%.

Veja abaixo o desempenho dos principais índices às 7h20 (horário de Brasília):

Futuros dos EUA
*S&P 500 Futuro (EUA), -1,26%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,99%
*Dow Jones Futuro (EUA), -1,54%

Europa
*Dax (Alemanha), -2,51%
*FTSE 100 (Reino Unido), -1,21%
*CAC 40 (França), -2,17%
*FTSE MIB (Itália), -2,31%

Ásia
*Nikkei (Japão), -0,29% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong) -0,32% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,03% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,46% (fechado)

Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -3,94%, a US$ 38,01 o barril
*Petróleo Brent, -3,18%, a US$ 39,89 o barril
*Bitcoin, US$ 13.620,79, +3,79%

Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de 2,41%, cotados a 785,4 iuanes, equivalente hoje a US$ 116,95 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,71

2. Agenda

Na agenda americana, às 9h30, serão apresentados os dados preliminares sobre os estoques no atacado e no varejo em setembro. No mesmo horário, apresenta a balança comercial de bens avançados.

Entre 11h30 e 11h40, o Banco Central do brasil ofertará contratos de swap para rolagem da dívida.

Já no Brasil, o Copom deve manter Selic no piso histórico de 2%, segundo previsão majoritária dos economistas pesquisados pela Bloomberg para decisão que sai após o fechamento dos mercados.

Para Samuel Durso, professor da Fipecafi, isso acontece porque os dados econômicos divulgados recentemente mostram que o país ainda sente os efeitos negativos da Covid-19. “Com a manutenção dos juros em patamares tão baixos como o verificado atualmente, estimulamos o consumo no mercado e, consequentemente, combatemos os efeitos negativos da crise. Além disso, os dados para o IPCA sinalizam que a inflação, principal problema do incentivo ao consumo, ainda está dentro dos limites definidos pelo governo para 2020”, explicou.

Economistas consideram um ajuste da linguagem do BC devido à alta da inflação e aos riscos fiscais, embora a maioria ainda preveja a manutenção do forward guidance de taxas estáveis.

O Brasil apresenta resultados primários do governo central, e a criação de empregos no país, ambos os dados relativos a setembro.

3. Inflação e dívida pública

Em meio ao aumento dos preços dos alimentos, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu na véspera com executivos de tradings exportadoras e afirmou que estava preocupado com a alta do preço da soja. Ele afirmou a um apoiador no evento: “está ficando tudo no Brasil ou exportando tudo? Tem que ficar, porque senão bagunça o preço por aqui”. A fala acendeu um alerta sobre a possibilidade de que o governo interviesse sobre o comércio da commodity.

Depois, Bolsonaro garantiu aos principais exportadores e processadores de soja no Brasil de que não interferiria no mercado, mesmo com a preocupação com as cotações recordes.

Ainda no radar dos mercados, a dívida pública federal subiu 2,59%, nominalmente, entre agosto e setembro, e atingiu R$ 4,526 trilhões, segundo dados divulgados na terça-feira (27) pelo Tesouro Nacional. O número se mantém abaixo da meta do plano anual de financiamento, que determina oscilação entre R$ 4,6 trilhões e R$ 4,9 trilhões em 2020.

4. Perda de leitos e privatizações no SUS

Na terça-feira, um decreto do governo federal incluiu as unidades básicas de saúde no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), um programa de concessões e privatizações do governo federal. O documento é assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O documento determina que sejam feitos estudos “de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de unidades básicas de saúde”. O governo pretende estruturar projetos-piloto para esse tipo de parcerias, e afirmou à Folha que analisa possíveis “modelos de negócios”.

A medida deve sofrer resistência, pois há temor de que afete políticas de saúde básica. Em vídeo divulgado na terça-feira, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, disse enxergar a privatização dos postos de saúde. Ele afirmou que o conselho estuda possíveis medidas legais.

Além disso, a Folha de S. Paulo estampa como reportagem de capa o fechamento de leitos de UTI após a queda do número de casos de covid no Brasil. Até janeiro, o setor privado tinha 22.586 leitos de UTI, e o SUS tinha 22.841, segundo dados do Conselho Federal de Medicina.

A partir de abril, o governo abriu outros 14.843 leitos de UTI para adultos e 249 pediátricos. Quase dois terços foram fechados, e restam 5.233 deste excedente.

Agora, secretários estaduais de Saúde dialogam com o governo para que mantenha pelo menos 5.000 dos novos leitos em regiões que sempre tiveram falta. Os leitos extras podem se mostrar necessários caso o Brasil apresente a aceleração de novos casos de coronavírus, como vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Europa, onde há temor de um novo colapso de hospitais devido a internações.

5. Radar corporativo

Depois do fechamento, serão divulgados os números da Petrobras (PETR3PETR4), Vale (VALE3) e Bradesco (BBDC3BBDC4).

Para a mineradora, a expectativa é de um terceiro trimestre positivo, impulsionado por maiores preços e vendas de minério de ferro. A Petrobras, por sua vez, deve ter resultados sequencialmente melhores com a alta de 6,6% da produção de petróleo e o avanço de 30% do barril do Brent no período. O Bradesco deve ter lucros maiores do que os registrados nos dois primeiros trimestres e uma queda no custo de risco.

Na terça-feira, a Smiles anunciou lucro líquido de R$ 50,2 milhões no terceiro trimestre de 2020.
A Localiza anunciou lucro líquido acima das expectativas, de R$ 325 milhões, levando o Credit Suisse a reforçar a avaliação de outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado).

E a Cielo anunciou lucro líquido de R$ 100 milhões. O Credit Suisse manteve recomendação neutra para a companhia (expectativa de valorização dentro da média do mercado).

As vendas brutas do Carrefour no terceiro trimestre atingiram R$ 19,3 bilhões, um resultado classificado como “excepcional” pelo Credit Suisse.

A Notre Dame acertou a compra do Hospital Santa Brígida, em Curitiba, por R$ 48,5 milhões.

A Localiza anunciou que elevou o plano de recompra de debêntures para $ 1,3 bilhão.

E o BNDES afirmou que votará em assembleia a favor de processo contra os irmãos Batista, donos da JBS.

E a Petrobras anunciou a compra da plataforma P-71, no Espírito Santo, por US$ 353 milhões.

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