Os 5 assuntos que vão agitar os mercados neste feriado

Confira no que ficar de olho nesta quarta-feira (1)

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em um dia sem atividades na B3, em função do feriado do Dia do Trabalho, os investidores brasileiros deverão acompanhar com atenção a movimentação do mercado internacional e dos papéis de empresas nacionais negociados em bolsas estrangeiras.

O desempenho dos ADRs (American Depositary Receipts) nesta quarta-feira (1), em Nova York, pode antecipar a reabertura do mercado brasileiro, principalmente quando se observa a agenda de indicadores do dia.

Além de fatores de importante monitoramento no ambiente político nacional, o mercado deve acompanhar de perto a decisão de política monetária do Federal Reserve nos Estados Unidos, com a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee). O evento, a depender do desfecho, pode mexer com os preços dos principais ativos mundo afora.

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Veja os destaques do mercado neste feriado:

Fomc, a estrela do dia

O principal evento do dia para os mercados será a reunião do Fomc nos Estados Unidos, que determinará o patamar da taxa de juros na maior economia do mundo. O anúncio está marcado para as 15h (horário de Brasília) e pode ditar o rumo dos ADRs neste feriado.

Embora haja expectativa praticamente unânime do mercado de manutenção dos juros na faixa entre 2,25% e 2,50%, as atenções deverão se voltar para a coletiva de imprensa do chairman Jerome Powell após a reunião. Na avaliação dos analistas da XP Investimentos, “qualquer sinalização de espaço para redução da taxa de juros traria alento aos mercados”.

A última reunião do Fed contou com uma alteração relevante na projeção dos diretores em meio a ritmo fraco do crescimento global e o aumento da volatilidade. Dados recentes de PIB mostraram uma economia não tão cambaleante nos EUA, enquanto a inflação tem perdido força, o que tem deixado as projeções mais incertas.

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Bolsas mundiais

Em meio ao feriado de Dia do Trabalho, apenas a Bolsa de Londres opera nesta quarta-feira entre as principais praças europeias, influenciada pela menor liquidez, dados locais e à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve. Às 9h34 (horário de Brasília), o índice FTSE operava praticamente estável, com variação negativa de 0,1%, a 7.417 pontos.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Reino Unido caiu a 53,1 em abril, mas ainda acima da previsão de analistas, que esperavam queda mais acentuada.

“A queda no PMI industrial em abril era esperada após a atividade ser impulsionada pelos preparativos do Brexit diante da data original de saída, em 29 de março, e sugere que a produção da indústria em breve retornará à estagnação após um breve crescimento no primeiro trimestre”, analisa o economista para Reino Unido da Capital Economics, Andrew Wishart.

Além disso, há a expectativa pela decisão de juros no Fed nesta tarde. O banco central americano pode alertar para a divergência entre o crescimento no país e em outros locais do mundo, como na Europa, e economistas destacam que a instituição pode reduzir os juros sobre excesso de reservas (IOER, na sigla em inglês).

As bolsas de Frankfurt, Paris, Milão, Madri e Lisboa não têm negócios hoje.

Com quase a totalidade dos mercados asiáticos fechados devido a feriados, a bolsa da Austrália fechou em alta, influenciada pela baixa liquidez e também pela alta em ações do setor financeiro, diante da temporada de balanços. Os mercados de Japão, China, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan não operaram.

Dados de emprego

O setor privado dos Estados Unidos criou 275 mil empregos em abril, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada hoje pela ADP. O resultado superou as expectativas de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam geração de 177 mil postos de trabalho.

O dado de criação de empregos de março, por sua vez, foi revisado para cima, de 129 mil a 151 mil.

A pesquisa da ADP é considerada uma prévia do relatório de empregos (payroll) americano, que inclui dados do setor público e será divulgado nesta sexta-feira

Previdência e investigações

A Câmara dos Deputados registrou na última terça-feira (30) a primeira das 10 sessões de prazo para a apresentação de emendas à reforma da Previdência na comissão especial. O prazo estabelece também a possibilidade de apresentação do relatório por parte do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

O início da contagem ocorreu após uma tentativa frustrada de deputados favoráveis à reforma previdenciária de abrir uma sessão na segunda-feira (29), o que poderia ajudar na celeridade da tramitação da matéria. O quórum atingido ontem foi de 87 parlamentares, 36 a mais do que o necessário para já garantir a contagem.

Havia um entendimento entre governo e “centrão” para que o prazo das 10 sessões do plenário fosse iniciado apenas na semana que vem, o que teria possibilitado o acordo para a instalação da comissão especial na última quinta-feira (25). Formalmente, porém, essa contagem teve a primeira sessão ontem.

Parlamentares argumentam que, em função do feriado do Dia do Trabalho, haverá poucos deputados no parlamento nesta semana, o que dificultaria na coleta das 171 assinaturas necessárias para o registro de emendas à proposta.

O prazo de 10 sessões para apresentação de emendas, porém, pode ser prorrogado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Na prática, este prazo é tido como a principal exigência para os trabalhos em comissão especial. Caso a articulação política do governo supere as expectativas e construa apoio necessário à sua proposta, há quem observe espaço regimental para que a reforma seja votada sem que sejam esgotadas as 40 sessões plenárias de que trata o regimento da casa legislativa.

Ainda no noticiário nacional, destaque para a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), de arquivar uma das investigações contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) aberta com base na delação da Odebrecht.

O movimento atendeu a pedido feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que alegou falta de provas nas alegações. Fachin, porém, ressaltou que “o arquivamento deferido com fundamento na falta de provas suficientes à denúncia não impede o prosseguimento das investigações caso futuramente surjam novas evidências”.

Protestos

Por fim, também merece atenção a tentativa de grupos opositores de articularem a primeira manifestação significativa contra o governo Jair Bolsonaro. O ato deve aproveitar a celebração do Dia do Trabalho e aglutinar pela primeira vez uma oposição fragmentada desde a eleição. Participam da organização CUT, Força Sindical, CSB e Intersindical, CTB, UGT, CGTB, Nova Central e CSP-Conlutas, além das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.

O palanque do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, deve reunir três dos principais candidatos da esquerda na eleição do ano passado: Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), que depende de condições de saúde para participar, e Guilherme Boulos (PSOL).

Apesar das divergências políticas, as lideranças sindicais envolvidas no ato acreditam que o evento conjunto pode ser um ponto de partida para a aproximação de forças da oposição para novas manifestações contra o governo. Há um planejamento para a realização de uma greve geral nacional no dia 14 de junho, às vésperas da data prevista para votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.

(com Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.